
As lanchas do narcotráfico, que tinha Samora Correia como uma das bases que foi desmantelada na passada semana pela GNR, antes de chegarem ao Tejo, onde os potentes motores em ligados e seguiam depois rumo ao Oceano Atlântico, tinha que percorrer um percurso de cerca de 9, quilómetros no rio Sorraia, que era realizado “a nado”.
Os traficantes tinham que esperar que a maré ficasse alta, para que o caudal do rio permitisse a flutuação dos potentes barcos, avaliados cada um em cerca de 400 mil euros, e depois com pagaias ou outros utensílios “arrastavam-nos” até ao rio Tejo.
Esta ação tinha como objetivo passar o mais despercebido possível, não ligando os motores, facto que estes considerariam que poderia alertar os vizinhos para a presença de um barco e chamar as autoridades, que afinal estavam por dentro de todo o esquema, e conseguiram mesmo desmantelá-lo.
Sabe-se agora que os barcos eram preparados no Norte de Portugal, e depois eram trazidos para Samora Correia, em camiões, onde o proprietário da herdade, junto à Estrada Nacional 118, à saída de Samora Correia, “fechava os olhos” a troco de uma avultada quantia mensal, e disponibilizava um armazém para ali os colocar.
Os barcos faziam depois um pequeno trajeto numa estrada de terra batida num trator equipado com um reboque, que os largava na água.
Quando as lanchas chegavam à Ponta d’Erva, em plena Reserva Natural do Estuário do Tejo, nos limites dos distritos de Lisboa e Santarém, eram ligados passavam por baixo das Pontes Vasco da Gama e 25 de Abril, entrando depois no Oceano Atlântico, onde recolhiam os fardos de droga.
Este era o percurso que era mais utilizado pelos traficantes, no entanto, e com o objetivo de despistar as autoridades, existiam outras duas localizações que serviam de “rampa” para os meliantes colocarem as lanchas na água. Um deles em Valada do Ribatejo, no concelho do Cartaxo e outro em Azambuja.
De acordo com a GNR, só na Lezíria do Tejo foram detidas 17 pessoas, do total das 64 detidas em Portugal e Espanha.
No armazém de Samora Correia foram apreendidas 5 lanchas preparadas a entrara na água e 8 motores, bem como armas e dinheiro.