A intenção de atribuir à obra musical de Zeca Afonso o estatuto de “conjunto de bens móveis de interesse nacional” sofreu um revés inesperado. A Associação José Afonso (AJA) revelou esta terça-feira, 22, que o processo foi arquivado devido à caducidade da obra fonográfica do histórico músico português, informação confirmada pelo anúncio oficial publicado em Diário da República a 8 de julho.

A notícia caiu como um balde de água fria para milhares de admiradores e especialistas, já que estava em curso um movimento de valorização e reconhecimento do legado de Zeca Afonso — figura incontornável na história da música e da resistência em Portugal. Segundo a AJA, a decisão do Governo é injustificada e desrespeita a vontade popular, demonstrada por uma petição com mais de 11 mil assinaturas que exigia o avanço da classificação.

A associação lamenta que, apesar da mobilização pública e do peso simbólico da obra de Zeca Afonso, o Ministério da Cultura opte por fechar um dossier crucial para a identidade e memória coletiva do país. “Vamos contestar este arquivamento e pedir esclarecimentos à ministra da Cultura, Juventude e Desporto, Margarida Balseiro Lopes”, garante a direção da AJA, assegurando que a luta pelo reconhecimento da herança de Zeca Afonso está longe de terminar.

Para muitos, a classificação da obra de Zeca Afonso representa não apenas a defesa do património musical nacional, mas também a preservação de um dos maiores símbolos da liberdade em Portugal. Com este arquivamento, o debate sobre a salvaguarda da cultura portuguesa regressa ao centro da agenda pública, com exigências de transparência e responsabilidade por parte das autoridades.

O processo de classificação, que agora foi travado, previa reconhecer formalmente toda a produção musical de Zeca Afonso como património de interesse nacional, protegendo assim um acervo fundamental da cultura contemporânea portuguesa. A Associação José Afonso promete não baixar os braços e já prepara novos passos para garantir o futuro da obra do cantor e compositor.