
O Festival de Cinema em Locais Inusitados e Temporários (CLIT) é um evento cultural que promete trazer uma programação diversificada e impactante para a cidade de Setúbal e arredores. Realizado entre os dias 25 e 31 de julho, o festival destaca-se pela sua proposta inovadora de exibir filmes em locais não convencionais, proporcionando uma experiência única tanto para os cineastas como para o público.
Abertura do Festival
O festival terá início no dia 25 de julho, às 21h30, no Convento de Jesus, um espaço histórico que se transforma no cenário perfeito para a exibição de obras cinematográficas. A cerimónia de abertura contará com a apresentação da curta-metragem “Meu pequeno sentinela”, de Lucas Marques, que será representada pela atriz principal, Marina Azze, e pelo produtor Lucas Maciel Belo. Este momento inaugural promete atrair a atenção de amantes do cinema e curiosos.
Após a exibição da curta, o público poderá assistir ao documentário “Incompatível com a vida”, dirigido por Eliza Capai. Este filme aborda a delicada temática da perda gestacional e da morte neonatal, contando a história pessoal da realizadora e as experiências de outras mulheres brasileiras. A obra foi pré-qualificada para os Óscares em 2023, destacando-se no cenário internacional.
Estreia do Documentário “Deus por Testemunha”
Um dos destaques do festival será a estreia nacional do documentário “Deus por testemunha”, da cineasta americana Lindsay Quinn Pitre. A exibição ocorrerá no dia 27 de julho, às 16h00, nos claustros da Casa Episcopal de Setúbal, ao lado da Igreja de São Sebastião. Este documentário aborda os abusos de menores por padres católicos em Nova Orleães, nos Estados Unidos, e já teve a sua estreia mundial no festival Raindance, em Londres. A organização teve autorização do atual bispo de Setúbal, o cardeal Américo Aguiar, para o apresentar na Casa Episcopal.
Após a projeção, haverá uma conversa enriquecedora com a presença da realizadora e do produtor executivo Mike Brandner, vítima indirecta dos abusos, pois foi ele quem encontrou o irmão morto em casa, por suicídio, só então descobrindo a verdade que este carregava silenciosa e solitariamente: em criança, tinha sido vítima de abusos sexuais por parte de um padre que frequentava a casa da família.
Viveu atormentado por isso até decidir procurar na morte alguma paz. Sendo anestesista, anestesiou-se a si mesmo com uma dose letal. Tinha 29 anos. A sua história é francamente dolorosa, tal como as de muitas outras pessoas que deram o seu testemunho para este documentário. A coordenadora do Grupo Vita, Rute Agulhas, também participará, trazendo à tona discussões sobre casos semelhantes que ocorreram em Portugal.
Documentários em Montemor-o-Novo
No dia 27, o festival desloca-se para Montemor-o-Novo, onde o espaço AmorVil receberá o documentário “Agroecologia em movimento”. Este filme oferece uma visão íntima sobre o movimento agroecológico que está a transformar a agricultura em Portugal, promovendo uma relação mais próxima entre produtores e consumidores. A sessão contará com a presença do realizador João Garrinhas, que compartilhará as suas experiências e insights sobre o projeto.
A agroecologia é um tema de crescente relevância, especialmente num mundo que procura alternativas sustentáveis para a produção de alimentos. O documentário promete inspirar discussões sobre a importância de práticas agrícolas que respeitam o meio ambiente e promovem a saúde das comunidades.
Workshop “Documenting Lives”
O festival também oferecerá um workshop intitulado “Documenting Lives”, que será ministrado em inglês por John Alexander e JC Guest, vencedores de um Emmy de Melhor Documentário Histórico em 2023. Com um número limitado de 15 participantes, o workshop ocorrerá em Palmela, e as inscrições podem ser feitas através do e-mail Ldm@montedeletras.pt. Esta é uma oportunidade única para aprenderem com profissionais renomados.
Os participantes poderão explorar técnicas de documentário, desde a pesquisa à edição, além de discutir a importância de contar histórias reais e impactantes. O workshop é uma excelente adição à programação do festival, promovendo a formação e o desenvolvimento de novos talentos no cinema.
Exibições em Espaços Políticos
Entre os dias 28 e 30 de julho, as exibições do festival ocorrerão em locais indicados por partidos políticos que concorrem às eleições autárquicas no concelho. Serão apresentados filmes de edições anteriores do festival que se relacionam com as prioridades anunciadas pelas diferentes candidaturas. Após cada exibição, haverá debates com representantes das candidaturas e realizadores, promovendo um diálogo sobre as questões abordadas nos filmes.
Esta iniciativa visa entreter, mas também fomentar a reflexão crítica sobre as questões sociais e políticas que afetam a comunidade. O cinema, como forma de arte, tem o poder de provocar discussões e inspirar mudanças.
Encerramento do Festival
O festival culminará no dia 31 de julho, a partir das 19h30, com um sunset no rooftop da delegação de Setúbal da Fundação INATEL, que patrocina o evento. A programação de encerramento incluirá a exibição da curta-metragem “La chambre”, de Latifa Saïd, e do documentário premiado “Little Satchmo”, de John Alexander, que explora a vida da filha secreta de Louis Armstrong.
A presença dos produtores e do realizador durante a exibição final promete enriquecer a experiência do público, que terá a oportunidade de interagir e fazer perguntas sobre as obras apresentadas. O encerramento do festival será um momento de celebração da cultura cinematográfica e das conexões que cria entre as pessoas.
O Festival de Cinema em Locais Inusitados e Temporários é uma celebração da arte cinematográfica que entretém, mas também educa e provoca reflexões importantes sobre temas sociais e culturais. Com uma programação diversificada e a participação de cineastas renomados, o evento promete ser um marco na agenda cultural de Setúbal e arredores. A participação do público é fundamental para o sucesso do festival, e todos são convidados a envolverem-se e aproveitarem esta rica experiência cinematográfica.