
Álvaro Oliveira, antigo presidente do PSD, regressou à Assembleia Municipal com um discurso de apelo à união, mas também com alguns alertas sobre o futuro. «Não fazer da data divisão dos portugueses, mas de união e aceitação das divergências de opinião e da liberdade de expressão e pensamento», frisou, sendo que considera o 25 de Novembro uma continuação do 25 de Abril, que levou à «implantação da democracia representativa e moderna». O histórico social-democrata defende que a data tem «uma lição» que não deve ser esquecida para que os jovens possam entender a mensagem.
O antigo deputado, na sessão solene evocativa do 25 de Novembro, recorda que estamos a viver num mundo em convulsão e numa Europa ferida por uma «guerra ilícita», o que serve para lembrar, disse, que é preciso defender as instituições e um conjunto de princípios humanistas.
«Os populismos de direita radical e de extrema esquerda vivem e florescem em situações de crise social, e tal como há 49 anos atras é necessário que a moderação se imponha perante fundamentalismos exacerbados» e «populismos radicais» que se alimentam da «postura daqueles que se julgando moral e intelectualmente superiores se acantonam em nichos ideológicos que só a eles servem e só dividem o nosso país», disse, apelando à população, e em especial aos governantes, que se mantenham atentos e apresentem a mesma postura e coragem daqueles que fizeram o 25 de Novembro.
Da parte do PS discursou Elisa Costa. A deputada falou dos fatos históricos, dos protagonistas e dos desafios do futuro. Sobre o passado disse que o 25 de Novembro é um «momento crucial no período da pós Revolução dos Cravos que pós fim a um modelo político e social inspirado nos países por detrás do Muro de Berlim»; mas também admite que os acontecimentos dessa época «prestam-se, ainda, a pouco claras leituras históricas».
Sobre os protagonistas, recordou os préstimos de vários militares e políticos, dando especial destaque ao fundador do PS, Mário Soares, que, aliás, foi referido por todos os partidos.
Já sobre o futuro, Elisa Costa advertiu que muitas vezes «julgamos que a democracia está implantada porque os partidos do centro a seguram», mas admite que há perigos instalados. «Ou porque a população está adormecida ou por outras razões, a coragem demonstrada pelos heróis do 25 de Novembro não pode desaparecer às mãos do populismo, do aproveitamento dos receios e das questões sem resposta que cada um dos cidadãos cala, no seu individualismo», observa. Sem mencionar o Chega, lembrou que em março um milhão e setecentas mil pessoas votaram neste partido. «O radicalismo, a intransigência e a intolerância são para repelir», conclui.
O regresso do histórico Durval Ferreira
A sessão solene do 25 de Novembro trouxe um histórico do CDS-PP de volta à Assembleia Municipal. Durval Ferreira discursou em nome do CDS-PP, recordando os fatos, as datas e os protagonistas daquele “verão quente”, também sentido em Famalicão. «A Revolução de 1974 queria uma sociedade livre e com preocupações sociais, mas para isso era preciso a lei e foi criada a Assembleia Constituinte. Mas que interessava ao país ter derrubado uma ditadura, haver uma Assembleia Constituinte e o direito dos cidadãos se na prática estavam todos a ser lesados», interroga, em forma de análise. «Quem tornou realidade o 25 de Abril, os valores que o povo quis, foi o 25 de Novembro, de Ramalho Eanes e Jaime Neves», afirma.
Do CDS-PP discursou, também, Joana Fernandes. A jovem deputada teve um registo essencialmente apontado ao futuro. «Vivemos tempos de incerteza e de populismos crescentes», declarou, apelando a que todos se mantenham atentos e que os jovens não se afastem de uma participação ativa. «Portugal não será apenas moldado pelas circunstâncias, mas pela nossa capacidade coletiva de procurar soluções para os desafios que enfrentamos», disse. Entre os desafios que mais preocupam a jovem centrista estão a diminuição da natalidade, o acolhimento dos imigrantes, além das alterações climáticas onde prevê alterações na agricultura e na indústria.
Chega quer a Escola livre da «vanguarda marxista»
Pelo partido Chega discursou primeiro Pedro Alves. O presidente da concelhia considera fundamental recordar o 25 de Novembro por entender que Portugal «enfrenta novas ameaças de forças pseudo progressistas» e que os tempos que vivemos «são difíceis e turbulentos». Pedro Alves apontou o dedo «à extrema esquerda infiltrada nas organizações profissionais, nos sindicatos e em grande parte da comunicação social e que tentam diariamente ludibriar os portugueses».
O deputado João Pedro Castro também discursou pelo Chega. Começou por falar da ausência do PCP como reflexo da «azia política», para enfatizar que o «25 de Novembro não é uma data menor» nem «diminui o 25 de Abril de 1974».
João Pedro Castro disse que é «mais do que tempo de explicar aos mais jovens como tudo se passou e deixar definitivamente esta vanguarda marxista que ainda subsiste no ensino e que impede um verdadeiro conhecimento da história recente. No que respeita ao ensino Portugal ainda não saiu do PREC. Um favor aos radicais de esquerda que não se entende», acusou.