
© Reprodução Facebook/Bentinho Rato
São várias razões que atraem milhares de pessoas, figuras, personalidades a Serpa, uma cidade alentejana caiada de branco, calçadas pisadas por artistas, uma terra onde ecoa o cante, a tradição, a gastronomia, o património edificado e natural, mas também a sua hospitalidade, como dizia um sábio “Serpa, serpense, terra de boa gente”.
E certamente, foi um destes motivos, nomeadamente o património, as suas ermidas, igrejas, capelas, que levaram o peregrino mais famoso de Espanha, quiçá o mais famoso do mundo a caminhar até Serpa na companhia do Espírito Santo. O seu burro de estimação e fiel amigo que o acompanha sem destino de encontro à fé, à bondade e benevolência de todos aqueles que lhe vão dando um pouco de água, comida e até vontade para continuar a sua viagem sem data de término. Para Enrique, como para muitos peregrinos, talvez o que importa seja o caminho, não o destino.
Enrique, tem 57 anos e é natural de Córdoba, é apelidado por muitos como “o peregrino mais famoso do mundo”, mas muitos desconhecem a história. Antes, a sua vida estava ligada ao setor automóvel como piloto da Lamborghini. No entanto, um grave acidente de automóvel deixou-o paraplégico. Nesse ponto crucial da vida, Enrique fez a si mesmo uma promessa: se voltasse a andar, seria um peregrino para sempre.
Por enquanto sabemos que o próximo destino é Roma e que decerto algures em breve, dependendo do tempo da jornada, iremos avistar fotografias suas também no Vaticano, junto à Capela Sistina.
Enrique já é um fenômeno nas redes sociais, um homem sem destino, quem sabe, sem casa própria, mas com muitas histórias para contar e é esta simplicidade e liberdade e o facto de já ser conhecido antes de chegar à próxima aldeia, vila ou cidade, que faz com que seja bem recebido e acarinhado por muitos. Este peregrino dorme sobre um manto de estrelas e é guiado pela fé, mas é da bondade, da caridade de desconhecidos que vive e caminha sem destino.