
Assinala-se hoje, 12 de maio, o Dia Internacional do Enfermeiro, sob o lema lançado pelo Conselho Internacional de Enfermeiros (ICN): “Os nossos Enfermeiros. O nosso Futuro. Cuidar dos enfermeiros fortalece os sistemas de saúde e as economias”.
Em Portugal, a data é marcada por um forte apelo da Ordem dos Enfermeiros à ação política e institucional.
Em comunicado divulgado no domingo, o bastonário Luís Filipe Barreira alertou para a urgência de valorizar e proteger os profissionais de enfermagem no país. “Cuidar dos enfermeiros é essencial para cuidar da saúde da população, para sustentar o sistema de saúde e para desenvolver o país”, afirmou.
Ainda sublinhando “Não se trata de uma reivindicação profissional, é uma exigência social, económica e ética.”
Portugal enfrenta atualmente uma carência superior a 14 mil enfermeiros no Serviço Nacional de Saúde (SNS), situação que, segundo Barreira, tem levado a uma sobrecarga insustentável dos profissionais, apenas em 2024, foram realizadas 5,6 milhões de horas extraordinárias, um número que, de acordo com o bastonário, não resolve os problemas estruturais do setor, mas agrava a exaustão e a rotatividade dos profissionais.
O líder da Ordem denunciou ainda o que designa como “ferida moral” — o sofrimento ético causado pela impossibilidade de prestar cuidados adequados devido à escassez de condições. “Esta realidade tem um custo altíssimo na saúde dos profissionais, na qualidade dos cuidados e na confiança da sociedade.”
Apesar do cenário desafiante, o bastonário destacou algumas conquistas recentes, como a criação do Internato de Especialidade e a atualização da grelha salarial no SNS.
No entanto, chamou a atenção para a persistência de más condições no setor privado e social, onde os baixos salários e a ausência de incentivos dificultam a retenção de profissionais.
Barreira defende que o investimento na profissão tem retorno garantido. “Está demonstrado que equipas com mais enfermeiros produzem melhores resultados em saúde, reduzem complicações, diminuem custos e aumentam a satisfação dos utentes.”
O bastonário concluiu com um apelo claro ao poder político: “O que falta agora é compromisso. Um plano de ação com metas claras e uma visão integrada. Queremos mudanças que nos permitam continuar a cuidar com humanidade, ciência e dignidade.”
Neste 12 de maio, os enfermeiros portugueses não pedem apenas celebrações simbólicas. Pedem reformas concretas, valorização e um futuro que lhes permita continuar a exercer uma profissão essencial para o país.