
O Cardeal D. Américo Aguiar, bispo de Setúbal, marcou esta quinta-feira presença de destaque em Roma ao presidir à celebração do Dia de Santo António na sua igreja titular, a Basílica de Santo António na Via Merulana, e ao participar no primeiro Consistório público do novo Papa Leão XIV, dedicado às futuras canonizações dos beatos Pier Giorgio Frassati e Carlo Acutis, ambos patronos da Jornada Mundial da Juventude de Lisboa 2023.
No final da cerimónia, que decorreu no Palácio Apostólico, o cardeal português deixou uma mensagem emocionada: “Estou muito feliz e emocionado por tomar parte agora tão especial de decisão com o Papa Leão XIV para as canonizações dos beatos Frassati e Acutis […] Com o Papa Francisco nas orações e Leão XIV no coração, levantemo-nos e partamos apressadamente”, declarou.
“Rezar, ir e testemunhar”: três verbos que orientaram a homilia
Durante a solene eucaristia na Basílica, o Cardeal Américo Aguiar dirigiu-se à comunidade franciscana e fiéis presentes com uma homilia intensa, centrada em três verbos essenciais da missão cristã: rezar, ir e testemunhar.
Na sua reflexão, o prelado destacou a importância da oração como “modo de participar na vida de Deus”, citando o próprio Santo António: “A alma que reza é como um peixe na água: encontra o seu ambiente natural”. A oração, disse, conduz à prudência e sabedoria, dons do Espírito Santo fundamentais para o discernimento cristão.
Sobre o segundo verbo — ir — o cardeal invocou o exemplo missionário do próprio Santo António: “Ir é obedecer ao comando de Jesus: é tomar a iniciativa de levar o Evangelho”. Numa alusão direta ao apelo missionário do novo Papa Leão XIV, Américo Aguiar desafiou os presentes a renovar o compromisso evangelizador no seu quotidiano, mesmo fora dos espaços tradicionalmente religiosos.
Por fim, sublinhou o poder do testemunho como expressão da fé concreta, recordando palavras atribuídas ao santo lisboeta: “Quem está cheio do Espírito Santo fala diversas línguas […] humildade, pobreza, paciência, obediência…”. Para o cardeal, Santo António é modelo daquele que fala a língua de Deus e age em coerência com a fé que proclama.
Uma cerimónia com simbolismo profundo para Portugal
Esta celebração em Roma tem forte carga simbólica para a Igreja em Portugal, não só por ser presidida pelo bispo de Setúbal, recém-nomeado cardeal pelo Papa Francisco, mas também pelo facto de Santo António — Padroeiro de Lisboa e Doutor da Igreja — ter origem na capital portuguesa. A cerimónia decorreu na igreja titular de D. Américo Aguiar, atribuída aquando da sua criação cardinalícia.
A participação no primeiro Consistório do Papa Leão XIV marca ainda um momento relevante no percurso do prelado português no Vaticano, integrando decisões que poderão culminar na canonização de dois jovens exemplos da fé contemporânea — Frassati, modelo de juventude ativa na caridade, e Acutis, símbolo da evangelização digital.
Ao celebrar a memória de Santo António e participar num evento de tal relevância, o bispo de Setúbal reforça a ligação de Portugal ao coração da Igreja Universal, elevando também o nome da diocese sadina em tempos de renovação e desafio pastoral.