Beja despede-se do Mestre Isaclino Palma

Beja perdeu uma das suas figuras mais emblemáticas. Isaclino Francisco da Palma, mestre oleiro e referência incontornável da cultura local, faleceu aos 97 anos, deixando um legado inestimável para a cidade e para a arte popular portuguesa. O Município de Beja manifestou profundo pesar pela sua partida, recordando-o como o artista que, com mestria genial, [...]

Beja perdeu uma das suas figuras mais emblemáticas. Isaclino Francisco da Palma, mestre oleiro e referência incontornável da cultura local, faleceu aos 97 anos, deixando um legado inestimável para a cidade e para a arte popular portuguesa.

O Município de Beja manifestou profundo pesar pela sua partida, recordando-o como o artista que, com mestria genial, moldou no barro momentos históricos da vida coletiva bejense. São exemplo disso os seus trabalhos sobre a Batalha de Beja entre Gonçalo Mendes da Maia e o Rei Mouro, a Lenda do Touro e da Cobra, ou a intensa paixão da freira Mariana Alcoforado por um militar francês.

Este ofício eleito, apesar das suas deambulações pelo desenho, pelo talhar de figuras em madeira e outros enumerados, permitiram-lhe contactar com personalidades como a professora Maria Isabel Covas Lima, os professores Abel Viana e Janeiro Acabado, os Presidentes da República Mário Soares e Jorge Sampaio, os cantores Carlos do Carmo, Simone de Oliveira e Paulo de Carvalho, o escritor Manuel da Fonseca e os poetas António Aleixo, António Gonçalves Correia e João Honrado, sem esquecer João António dos Santos ou o Max, figura por quem nutria grande carinho.

A Câmara Municipal de Beja haveria de reconhecer-lhe o mérito e a criatividade ímpar quando, em 2021, o agraciou com a Medalha de Mérito Artístico e Cultural.

Isaclino Francisco da Palma acompanhou a vida de Beja durante quase um século. Era por todos conhecida a sua paixão pelo futebol, modalidade desportiva onde foi jogador, treinador amador e árbitro. Sempre se mostrou orgulhoso do seu serviço militar como dragão de Olivença, em Estremoz.

A cidade não esquece o seu sorriso e o bom acolhimento nos anos que dirigiu o antigo café Isaac.

“As mãos que trabalham o barro” é a designação da exposição permanente de Isaclino Palma no Clube Unesco para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial, na cidade de Beja.

A Câmara Municipal de Beja informa que o corpo de Isaclino Francisco da Palma estará em câmara ardente na capela mortuária de Beja, realizando-se o funeral amanhã, dia 13 de março, pelas 10 horas.