O Alentejo tornou-se a primeira região de Portugal a lançar uma Estratégia Regional de Adaptação às Alterações Climáticas, abrangendo 50 medidas distribuídas em 10 setores distintos. O objetivo é preparar a população e o território para enfrentar os impactos das mudanças climáticas, que se tornarão cada vez mais notórios na região nas próximas décadas.

A vice-presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Alentejo, Carmen Carvalheira, expressou a sua satisfação ao anunciar a implementação desta estratégia pioneira. A apresentação oficial da Estratégia Regional de Adaptação às Alterações Climáticas do Alentejo (ERAACA) ocorreu nas instalações da CCDR, em Évora, e teve grande destaque.

Carmen Carvalheira destacou que o trabalho realizado para a elaboração da ERAACA foi árduo, envolvendo um conjunto de especialistas que responderam a diversos desafios. Agora, a prioridade é criar um plano de ação que articule a estratégia com os instrumentos regionais já existentes, tais como os instrumentos de gestão territorial, o Plano de Ordenamento do Território, a Estratégia de Especialização Inteligente e a Agenda Digital.

A vice-presidente alertou para as alterações climáticas previstas para o futuro do Alentejo, que incluem fenômenos de calor extremo mais frequentes, aumento progressivo das temperaturas e períodos de precipitação reduzidos. Para enfrentar esses desafios, é essencial que a população e os agentes do território estejam preparados para aproveitar as águas residuais e pluviais de forma adequada, além de adotar práticas agrícolas menos dependentes de água.

A ERAACA abrange um total de 50 medidas que se estendem por diversas áreas, tais como biodiversidade, gestão de recursos hídricos, serviços de ecossistemas, energia, zonas costeiras e mar, desenho urbano, infraestruturas e equipamentos, transportes e comunicações, saúde e sistemas alimentares. Algumas das ações previstas incluem um programa de restauro ecológico, técnicas para aumentar a retenção de água no solo, reutilização de água, medidas para rega eficiente e o reforço da vigilância e alertas para temperaturas adversas.

Além disso, a estratégia visa monitorizar as zonas costeiras, reabilitar dunas, promover energias renováveis e novas práticas agrícolas, aumentar a resiliência de infraestruturas e equipamentos e investir em arquitetura bioclimática.

Durante a sessão de apresentação, foram divulgadas projeções do clima para as próximas décadas na região, com três níveis de agravamento. No pior cenário previsto para o período entre 2071 e 2100, a temperatura máxima do ar pode aumentar em média até 5,5 graus Celsius, enquanto a precipitação pode diminuir em até 60%.

A Estratégia Regional de Adaptação às Alterações Climáticas do Alentejo foi financiada pelo Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (POSEUR) e desenvolvida por um consórcio de especialistas selecionado em concurso público lançado pela CCDR Alentejo.