
E se houvesse uma maneira de detetar se tem Alzheimer antes mesmo do aparecimento dos sintomas? É isso que alguns especialistas em saúde nos EUA estão a tentar descobrir.
Desde 2012, investigadores de dezenas de universidades em todo o país trabalham no Estudo sobre Saúde e Envelhecimento do Cérebro - Disparidades em Saúde (HABS-HD), o maior e mais abrangente estudo sobre os fatores biológicos, médicos, ambientais e sociais do Alzheimer.
"Atualmente, adultos negros são desproporcionalmente afetados pela doença e, até 2060, espera-se que os hispânicos apresentem o maior aumento", escreve Faye Brennan ao BestLife.
Mas agora, uma nova tomografia cerebral descoberta durante a investigação HABS-HD pode ajudar os médicos a detetar o Alzheimer precocemente em muitos pacientes, antes que ele prejudique a sua memória e habilidades cognitivas.
De que forma esta tomografia pode revolucionar o futuro
No novo estudo, publicado no jornal Imaging Neuroscience, investigadores da Escola de Medicina Keck da USC, descobriram que a acumulação de proteína tau (proteína que se encontra em alta concentração nos neurónios do sistema nervoso central) - um fator chave no declínio cognitivo em pacientes com Alzheimer - pode ser visto numa tomografia cerebral 'Tau PET', indicando a probabilidade de um paciente desenvolver a doença.
O exame utiliza uma pequena quantidade de traçador radioativo para iluminar áreas do cérebro com tau, que têm sido intimamente ligadas à perda de memória e outros sintomas de declínio cognitivo. Cores quentes como amarelo, laranja e vermelho sinalizam mais tau, enquanto cores frias, como verde e azul, mostram menos tau.
No estudo, quando a acumulação de tau ultrapassou um determinado limite, os investigadores consideraram que o paciente apresentava maior risco de desenvolver Alzheimer. E esse "ponto de corte" provou ser um método eficaz.
"O nosso ponto de corte de tau foi capaz de distinguir se os participantes do estudo tinham comprometimento cognitivo, mas apenas quando outra proteína anormal, a amiloide, também estava presente", explicou Meredith N. Braskie, autora do estudo e professora assistente de neurologia na USC.
Ainda assim, as descobertas são significativas e "um passo fundamental para definir a positividade do tau tanto para estudos como para aplicações clínicas", disse a autora principal, Victoria R. Tennant.
Embora a capacidade do exame cerebral de detetar sinais precoces de Alzheimer seja muito promissora, os investigadores descobriram um problema importante: o exame só funcionou em participantes hispânicos e brancos não hispânicos.
Para participantes negros não hispânicos, a acumulação de tau que ultrapassou o limite não sinalizou de forma confiável o risco de Alzheimer.
"Isto sugere que outras patologias ou condições podem estar a causar declínio cognitivo neste grupo", explicou Braskie, de acordo com o Science Daily.
Esta discrepância é um desenvolvimento crucial. Está a ajudar a comunidade científica a entender por que diferentes populações podem desenvolver Alzheimer de maneiras únicas - e por que é que a doença não pode ser tratada da mesma forma para todos os pacientes.
"Este tipo de exame de imagem é fundamental para entender quem está em risco e como é que a doença se desenvolve", disse o Arthur W. Toga, diretor do Instituto Stevens de Neuroimagem e Informática da USC. "Esperamos que este trabalho leve a um atendimento mais personalizado e a melhores resultados para todas as comunidades."