
Embora não seja das neoplasias malignas mais comuns, estima-se que o cancro do rim seja responsável por mais de 179 mil mortes por ano a nível mundial. Nos países ocidentais, como no resto do mundo, a incidência tem vindo a aumentar cerca de 2% por ano. Atribui-se este aumento a factores ambientais e relacionados com o estilo de vida, nomeadamente o tabagismo.
Muito associado ao cancro do pulmão, a verdade é que o tabaco pode provocar o risco de outros - e sabemos que metade dos doentes com cancro renal são fumadores ativos. Também o conhecido síndrome metabólico - que engloba obesidade, diabetes, a chamada dislipidémia e a hipertensão arterial - são fatores de risco para doença oncológica renal.
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Sintomas
À semelhança de outros cancros, o renal geralmente só origina sintomas quando se encontra em estados mais avançados, nomeadamente o sangue na urina, a dor lombar, a perda de peso e a anorexia. Por esta razão, a maioria dos tumores malignos renais são designados de 'incidentalomas', ou seja, são diagnosticados incidentalmente em exames de imagem realizados em contexto de rotina ou na procura de outros diagnósticos.
João Almeida Dores, urologista no Hospital CUF Descobertas© CUF
Atualmente não existem orientações específicas para rastreio populacional do cancro renal. No entanto, defendo que exames simples e não invasivos como a ecografia renal, devem ser feitos com alguma periodicidade, para que não existam casos inoperáveis no momento do diagnóstico.
Tratamento
Na última década, houve uma importante evolução no tratamento dos tumores renais, particularmente a nível cirúrgico, com o aparecimento da cirurgia robótica. Consciente dos benefícios que trás para os doentes, a CUF acaba de expandir o parque cirúrgico robótico com a aquisição do robot 'Hugo RAS' para o Hospital CUF Descobertas. Que benefícios são esses? Para além de trazer os já conhecidos da laparoscopia, nomeadamente, menor tempo de internamento, com menor risco de hemorragia e menos dor no pós-operatório, permite uma grande precisão do gesto cirúrgico, bem como uma melhor visualização das estruturas anatómicas, sendo cada vez mais frequente a preservação do rim, mesmo em tumores de maiores dimensões.
Preservação do rim
Porque é tão importante a preservação do rim? No tratamento de um tumor renal, para além da remoção do tumor, a preservação da função renal é o segundo maior objetivo do urologista. Ao evitarmos a remoção total do rim estamos a evitar consequências graves para a saúde. Por exemplo, manter parte do rim funcional ajuda o organismo a regular melhor os líquidos e os sais minerais, reduzindo o risco de problemas como a pressão arterial elevada.
Embora seja do conhecimento geral que é possível vivermos apenas com um rim, não podemos ignorar que a maioria das pessoas com diagnóstico de cancro renal já têm muitas outras comorbilidades, ou seja, doenças que não só se podem agravar, como contribuir para a deterioração do outro rim saudável, podendo culminar em insuficiência renal crónica terminal e necessidade de hemodiálise.
É fundamental reforçar a importância da prevenção, do diagnóstico precoce e manter a esperança e a confiança nos novos tratamentos do cancro renal.