Foram longas e duras as semanas de trabalho na 'cozinha do inferno' do chef Ljubomir Stanisic. Mas, no final, só dois chegaram à finalíssima, com a vitória a recair num nome que, durante algum tempo, foi apontado como o grande favorito: Marco Costa.

O conhecido pasteleiro chegou à SIC com vontade de vencer e, durante todo o programa, foi mostrando como conseguia dar a volta às adversidades - que assume ter tido, várias - ainda que, por diversas vezes, soubesse que lhe apontavam um certo 'favoritismo'.

Em entrevista exclusiva ao site do Fama Show, Marco Costa fala agora do saber da vitória, aliado a um "dever cumprido", destaca os melhores momentos no programa (mas também os de maior tensão), e pede ainda que se tenha "compreensão" pela verdadeira dimensão da personalidade e do trabalho de Ljubo.

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"Dei tudo o que eu tinha? Sim. Então foi este sentimento de dever cumprido o que me acompanhou ao longo do programa"

Durante mais de 11 episódios, Marco foi superando as diferentes provas a que, em conjunto com os restante participantes, era submetido. No final, a vitória tem estado a ser saboreada mas, mais que tudo, o sentimento de "dever cumprido" alia-se aos vários desafios que conseguiu superar.

"É um sentimento de dever cumprido. Tento sempre dar o meu máximo e o meu melhor, para que no final do dia o ganhar seja a consequência. E nem sempre é consequência do que nós fazemos. Pode ser consequência dos nossos colegas serem melhores, ou não, de quem está a avaliar, que pode gostar mais de fulano A, B, ou C…, ou seja há muitos fatores que nós não controlamos", começou por anotar.

"Por isso, eu tento ao máximo fazer este exercício de reflexão: dei tudo o que eu tinha? Sim. Então foi o sentimento de dever cumprido o que me acompanhou ao longo do programa todo. Ganhar foi só uma consequência disso", continuou.


Ainda assim, o pasteleiro não esconde a alegria com o alcance do primeiro lugar, já que foi a primeira vez que conquistou a vitória num programa televisivo.

"Claro que estou muito feliz pela primeira vez ter ganho um programa, e por isso não ter dependido de votos para que acontecesse. Dependeu do meu trabalho, o meu empenho, aquilo que consigo controlar".

Mas reitera: "Quem chega à final nunca é derrotado, portanto também não considero que nos outros programas tenha perdido, simplesmente não ganhei".

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Vantagens nesta cozinha por ser pasteleiro? "As pessoas que fazem essa comparação são um pouco limitadas"

Também sobre a sua hipotética vantagem na cozinha, por ser pasteleiro, Marco Costa é direto: "Para mim é muito simples responder a isso, e até acho que as pessoas que fazem essa comparação são um pouco limitadas. E eu dou sempre este exemplo – se eu estiver à rasca dos olhos, ou então com algum problema no coração, eu não vou ao dentista. Mas o dentista também é da mesma área que os anteriores, também é médico".

"As pessoas têm de perceber que sim, sou da pastelaria, faço doces, mas em vez de pensarem que fui beneficiado, deviam perceber que fui prejudicado. Isto porque eu fui proibido de tocar nos doces durante todo o programa", apontou, direto.

Mas, em assumir uma certa 'regalia' em comparação com os restantes companheiros, o participante anota qual: o saber viver com a pressão.


"Acho que tive uma vantagem em relação aos outros, e aí sim, que é o eu não acusar a pressão. É mais difícil para os outros, até porque eu estou habituado a que as pessoas queiram tudo para ontem", afirmou.

"E é aqui que eu acho que está a única coisa mais parecida entre a cozinha e a pastelaria – que é mesmo à base da pressão do serviço, as coisas têm de ser feitas. E nisso, eu sou um líder por natureza, sempre fui! O mais difícil para mim é até nem ser líder. Mas também se vê que em todas as equipas onde estive, por acaso acabámos por vencer o serviço. E isso revela um bocado a minha personalidade", salientou também.


Mas terá sido isto o mais difícil da experiência?

"O mais difícil não era a pressão, era sim empratar. Era a delicadeza que era pedida…", assumiu de seguida, entre risos.

"Eu sou um homem de trabalho – é para fazer, é para fazer. Agora, todos aqueles momentos de subtileza… Tive de treinar muito, sobretudo nos dois últimos programas. Mas acho que tive uma grande evolução. Ainda assim, ter a delicadeza que esta alta cozinha exige foi, para mim, o mais difícil".

Já sobre o que mais gostou...: "Eu adorei o programa do Dia dos Avós, quando toca em família… Aliás, na pastelaria eu adoro isso. Quando dizem que a minha torta de laranja é igual à da minha avó, eu fico mesmo todo contente. E ter lembranças através da comida, é o melhor prémio que podemos ter".


Do grupo de WhatsApp com todos os colegas ao "pedido de compreensão" sobre Ljubomir

Terminada a grande experiência, Marco espera agora conseguir manter contacto e ligações com a maioria dos seus colegas, admitindo, ainda, que todos se mantêm 'ativos' num grupo de WhatsApp criado, depois do programa.

"Nós temos um grupo de WhatsApp, e ainda há pouco mandei uma mensagem para lá onde disse que o único prémio que este programa me deu, porque houve uma vitória, mas não há prémio, foram mesmo as pessoas incríveis que eu pude conhecer. E espero levar para a vida".

E nomeia: "Há pessoas com eu me dei realmente muito bem: Gosto bastante do Daniel, da Inês, da Marisa… São muitos. Acho que todos os que me foram escolhendo e nomeando dá para ver foi com quem eu me dei realmente melhor. No geral, dei-me bem com toda a gente e espero, de uma maneira ou de outra, tê-los de perto durante muito tempo".

Finalmente, em relação a Ljubomir Stanisic, o participante pede "mais respeito" pela vida do chef, dando conta de que, no fundo, a própria personalidade do própria é "incompreendida".

Tiago Caramujo


"Em relação ao chef, eu só posso agradecer. Revejo-me muito no chef, e tenho pena – e nós vivemos numa fase do mundo, mas mais no nosso país – em que tudo é preciso ser pensado, para as pessoas não ficarem ofendidas, mas eu também sou conhecido por dizer tudo ‘como os malucos’… Mas acho que o chef é um incompreendido. Eu não vi, nunca, alguma situação do chef em que ele estivesse a ser injusto com ninguém, ou bruto", destacou, desde logo.

"Eu adoro o chef Ljubomir, sou fã dele, amigo também, já o era antes de entrar, e por isso talvez ele tenha sido mais exigente comigo. As pessoas caíram muito em cima dele, sobretudo agora com esta vitória que era por ser meu amigo, mas não. O que eu tenho a dizer sobre ele é que só quem não sabe respeitar uma liderança e uma hierarquia é que acha que quando ele manda está a ser mau. Eu, que estou habituado a liderar, adorei estar sobre a chefia do Ljubomir. Adorei esse sentido de posição, de seguir uma linha. A brutidão que ele tem só é ultrapassada pelo tamanho do coração que ele também tem",

"Quem tiver a sorte de o poder conhecer de mais de perto, vai ver o ser humano incrível que ele é. Só peço também que, quem o critica, se lembre da história de vida dele, da criança que andou na guerra… e que sejam mais empáticas. Se querem compreensão pelo passado que têm, que olhem também para o passado dos outros. O chef é uma pessoa incrível", rematou.