Fradique e António Mendes Ferreira, que formam a famosa dupla Calema, foram os entrevistados do programa Alta Definição, este sábado, 14 de dezembro. Tendo como cenário de fundo o Estádio da Luz, onde vão atuar no próximo ano, os dois irmãos deram a conhecer melhor o seu lado mais pessoal. Entre vários temas, Fradique Mendes Ferreira recordou o diagnóstico de autismo do filho mais velho, Tomás.
“Sendo autista, ele tem uma perceção diferente e ele consegue absorver as coisas de forma diferente. Então procuramos formas de estimular os sentimentos dele”, começou por referir.
“Quando saímos de um país como São Tomé e Príncipe, nós achamos que aquilo pode ser birra. Então, quando chegámos [a Portugal], lembro-me de mim e da minha esposa sempre a procurar entender o que se passava. Procurámos no seio da família se havia mais alguém que tivesse um atraso em relação à fala, não encontrávamos ninguém. Até ao dia em que veio alguém e sugeriu uma médica, que fez rapidamente o diagnóstico. Nós nem sabíamos o que era autismo. Tivemos de pesquisar e estudar”, contou, em seguida.
O cantor confessou que “ajudou” o facto da família se encontrar em Portugal. “Tivemos acesso a muita ajuda. Há muita gente que tem filhos autistas e que passou por isso. Ver a evolução dele todos os dias, a aceitação", explicou.
“Foi uma coisa tão delicada que nos fez crescer enquanto seres humanos (...) Quando tivemos o segundo filho, o receio foi muito grande”, reforçou ainda.
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Atualmente, Fradique assume ser um homem diferente. “O autismo do Tomás fez-nos crescer enquanto seres humanos e ver a vida de uma forma totalmente diferente (...) Eu lembro-me que tinha preconceito em relação a muita coisa e quando eu vejo, hoje, uma criança, com qualquer deficiência que tenha, tenho aquela vontade de a abraçar. Ele fez-me entender o quão especiais nós somos nas diferentes atitudes, nas diferentes etnias, cores, raças... Eu acho que o amor que colocámos em volta dele, fê-lo ser, hoje, uma das crianças mais inteligentes da escola”, completou.
Por fim e questionado por Daniel Oliveira sobre algo que o filho lhe tenha dito e que nunca esqueceu, o artista respondeu: “Ele uma vez disse-me: ‘Papá, não quero ficar sozinho’.” É algo que toca”, rematou, deixando também um agradecimento à mulher, Márcia Delgado.
Veja a conversa: