António Raminhossofre, desde criança, com problemas de ansiedade e foi diagnosticado, em jovem, com Transtorno Obsessivo Compulsivo. Sendo uma voz bastante ativa no que diz respeito às questões de saúde mental, o humorista chegou a dizer que “já morreu” muitas vezes.

No podcast "Tás Comigo, Tás com Deus", de Luís Marvão, o marido de Catarina Raminhos falou sobre o assunto e recordou um episódio que aconteceu no trânsito com outro homem que ia sua frente, no meio das duas faixas. "Irritei-me, deixei-lhe uma buzinadela, ele vai para a outra faixa e reparo que era um velho. A minha cabeça diz assim 'e se o velho se assustou e vai ter um ataque cardíaco por tua causa?'", contou.

"É idiota, o pensamento em si, mas na minha cabeça é uma possibilidade porque eu dou atenção a este pensamento e isto causa-me ansiedade. É como se eu tivesse a enviar a mensagem ao meu cérebro a dizer 'isto é preocupante, isto é real'. Daqui pode surgir uma data de comportamentos", explicou, referindo que já chegou a ir atrás de uma pessoa "para perceber se chega bem a casa".


António Raminhos recorda episódio 'surreal': "Havia malta a acreditar naquilo que eu estava a dizer"


António Raminhos relembrou outro episódio que aconteceu "há muitos anos, quando se viam muitos mendigos romenos". "Uma senhora pediu-me uma moeda e eu [disse] 'não tenho' e segui. Isto foi no Natal. Eu tinha lido uma reportagem que aquelas pessoas tinham de chegar com x dinheiro a casa porque aquilo era uma máfia e muitas vezes quando não chegavam eram agredidas. Eu pensei 'se à mulher só faltava dois ou três euros e tu não deste e por causa disso ela vai levar porrada e a culpa é tua porque não lhe deste o dinheiro'. Eu pensei nisto a chegar a casa. Voltei para trás e andei à procura da senhora, uma hora talvez, dei-lhe uma nota de cinco euros e ela nem sequer agradeceu", contou.

Assim como Guilherme Geirinhas, o humorista tambémtem medo de fazer mal a alguém no trânsito, chegando a voltar para trás para ter a certeza de que não aconteceu nada. "Fiz um erro que não vou voltar a cometer. Ia a conduzir e a escrever no telemóvel. De repente, não percebi o caminho que tinha feito. Aquilo assustou-me de tal maneira que eu pensei 'e eu provoquei um acidente e não reparei?' Voltei para trás[para ver se tinha havido algum acidente]", recordou. "Isto são comportamentos que eu não posso ter. Tenho de aceitar a dúvida, aceitar o desconforto e seguir caminho. Porque é que tens este tipo de comportamentos? Para reduzir a ansiedade, só que a ansiedade reduz momentaneamente."