
Em causa, a denúncia do "endoutrinamento" sionista de jovens judeus, em particular nos EUA.
"Nós, judeus norte-americanos, somos ensinados desde muito jovens a sentir orgulho em Israel -- é a mensagem que entrega cada instituição a que assistamos", disseram os diretores do filme, Erin Axelman e Sam Eilersten, ao jornalista Sebastián Silva, da Efe.
Através da vida da ativista Simone Zimmerman, uma ativista judia norte-americana que se opõe à ocupação israelita da Cisjordânia, o documentário revela um aspeto pouco divulgado da ideologia sionista: a formação que é dada à juventude e como esta é preparada para integrar as forças armadas do Estado ou serem agentes ativos da sua propaganda.
"É uma história que se apresenta de forma inspiradora, uma espécie de luz no fim do túnel, depois de séculos de perseguição na Europa, que se deve defender a qualquer preço. Mas tudo cai se se conhecer a história dos palestinianos e ver o sistema de 'apartheid' a que estão submetidos. Aí veem-se as mentiras e os factos que foram omitidos na educação dos judeus norte-americanos", realçou Eilersten.
"É impossível olhar para a Faixa de Gaza e não pensar na nossa própria história, sendo judeus, assassinados em 'pogroms' e durante o Holocausto", continuou o cineasta, em referência aos mais de 50 mil civis assassinados pelos militares israelitas até hoje, na Faixa de Gaza, principalmente mulheres e crianças, segundo dados das Nações Unidas.
O que "Israelismo" faz é apontar a "génese ideológica" destas ações, descrevendo o sionismo como uma visão que "anula os palestinianos enquanto seres humanos, negando a sua história e a sua existência, permitida apenas sob o conceito de 'terrorismo'", detalhou, por sua parte, Axelman.
"A forma como Israel trata os palestinianos é parte de uma tradição colonial, que pudemos ver nos EUA e América Latina, com a brutal colonização dos europeus. Devemos ser brutalmente honestos quanto ao facto de os sionistas serem em primeiro lugar colonos e impulsionarem as suas atividades no caro de um projeto colonial", enfatizou.
Para Axelman e Eilersten, a eleição de Donald Trump em 2016 foi um "catalisador" para parte da comunidade judaica nos EUA começar a questionar Israel, por políticas "abertamente antissemitas, racistas e fascistas".
Como apontou Axelman: "Se nos continuarmos a aliar com neonazis, supremacistas brancos e fascistas, isso não vai acabar bem para os judeus nem criar um lugar seguro para a nossa comunidade".
Os diretores do documentário apontam que, tanto nos EUA, como a América Latina e Europa, existem políticos e intelectuais que se dizem identificados tanto com o progressismo como com o sionismo, o que consideram ser "uma contradição inerente e irreconciliável".
Para justificar, argumentam: "É pela história de opressão do nosso povo que muitos sionistas procuram definir a sua ideologia como uma de justiça em favor dos oprimidos, o que nos leva mesmo à origem do sionismo como resposta aos nacionalismos europeus e ao antissemitismo".
A este respeito, Eliersten disse que "apoiar um etno-nacionalismo que privilegia um grupo seleto não é uma ideia de esquerda. Mas, mais uma vez, os sionistas dirão que é uma ideologia progressista, mas não reconhecem que pressupõe na base uma limpeza étnica do povo palestiniano".
E reforçou que "todos os líderes sionistas do século XIX falavam de criar um Estado judaico, o que implicava limpar a zona dos palestinos, que eram centenas de milhares. Isto é que diziam de forma aberta quando o colonialismo era visto como algo positivo".
"Israelismo", assinalaram, tem sofrido numerosas tentativas de censura, mas têm conseguido levá-lo a uma audiência cada vez maior, estando disponível de forma gratuita no YouTube.