Entre inscritos nacionais e estrangeiros, sejam "delegados, jornalistas e artistas, o número ronda perto de 400 pessoas, que é um número muito bom" explica à Lusa, Benito Lopes, diretor-geral do evento, que avança este ano para a 11.ª edição, entre 07 e 10 de abril.

"Ultrapassámos o número do ano passado" e, mesmo depois de encerradas as inscrições, "tivemos vários pedidos", referiu em entrevista à Lusa no Plateau, centro histórico da capital, palco tradicional da organização e onde hotéis, restaurantes e serviços já contam todos os anos com o movimento acrescido.

Quem se inscreve no AME entra num encontro de profissionais do mundo do espetáculo (sobretudo música), de várias partes do globo, com boa parte do programa aberto ao público e que decorre sempre nos dias que antecedem o Kriol Jazz Festival, um dos principais festivais de música na agenda internacional de Cabo Verde.

Entre conferências, expositores e oficinas, há espetáculos todos os dias, os chamados "showcases" de apresentação de artistas que todos os anos se candidatam para subir ao palco. A tarefa do júri para os selecionar "está cada vez mais difícil", diz Benito.

Entre conferências e "showcases" musicais, o AME 2025 vai contar com a participação de 12 países, Angola, Brasil, Canadá, Espanha, Guiné-Bissau, Haiti, Itália, Marrocos, Moçambique, Portugal, Reino Unido e Senegal, além do anfitrião, Cabo Verde.

Cerca de metade dos artistas que se apresentam são sempre cabo-verdianos e os selecionados deste ano foram Ari Kueka, Dieg, Fábio Ramos, Zuleica Barros, Queency Barbosa, Yacine Rosa, Leroy Pinto, CJ Patronato, Teresa Fernandes e Eliana Rosa.

O alinhamento internacional inclui Isabel Novella (Moçambique), Mariaa Siga (Senegal), Roberta Campos (Brasil), Rumba de Bodas (Itália), Sahad (Senegal), Tasuta N-Imal (Marrocos), Throes e The Shine (Angola/Portugal), Karyna Gomes (Guiné-Bissau), Raquel Kurpershoek (Espanha), Fattu Djakité (Guiné-Bissau), Vox Sambou (Québec/Haiti) e Danças Ocultas (Portugal).

A festa contará ainda com quatro DJs cabo-verdianos escolhidos: DJ Muleki, DJ Oleg e DJ Streladuh.

"O AME é um mercado, não é um festival: temos tido perguntas sobre novidades, cabeça de cartaz", mas o modelo é outro, explica Benito Lopes.

"Promovemos um mercado: temos estes espetáculos em que os artistas vendem um produto. Tendo o AME como plataforma, aproveitam para promover os trabalhos", sendo o Brasil um dos países que mais procura lugar no AME.

Além disso, é notória a participação "de vários países africanos" em busca dos encontros que podem abrir portas a novas oportunidades -- e onde a Europa é presença habitual, desde início, graças à colaboração do AME com o Womex, projeto internacional de apoio e desenvolvimento da música mundial.

"Os cabo-verdianos também já perceberam que podem tirar partido desta plataforma para se internacionalizar", acrescentou.

"O nosso sonho [de Cabo Verde] é ter uma próxima Cize", outro nome pelo qual era conhecida Cesária Évora, expoente internacional da música do arquipélago, falecida em 2011.

Se a nova Cize despontar do AME, "melhor ainda: temos excelentes talentos a ser descobertos aqui no AME, todos os anos, temos só que apostar mais na nossa musica mãe, na tradicionalidade de Cabo Verde", aponta Benito Lopes.

O diretor-geral do AME tem uma receita de sucesso: união entre promotores de eventos para a promoção de Cabo Verde ter mais força, apostar na tradicionalidade, associada ao um "excelente trabalho de renovação" que alguns artistas já fazem. A ideia é simples: "[chegar] a um patamar onde a Cesária nos deixou".

A ligação da música ao setor digital e novas tecnologias também vai servir de mote para conversas entre profissionais, a par da discussão sobre propriedade intelectual e direitos conexos, segundo o programa deste ano.

O AME é uma organização da Cabo Verde Cultural, associação sem fins lucrativos, e é apoiado pelo Governo e privados, numa junção que tem sido essencial para a dinamização do evento.

Leia Também: Bonga e Sona Jobarteh encabeçam Kriol Jazz Festival em Cabo Verde