
No Relatório sobre a Estabilidade Financeira Mundial, a instituição alertou para a "forte reavaliação dos ativos de risco" que se seguiu a "uma série de anúncios de tarifas por parte dos Estados Unidos desde fevereiro e acelerou após a divulgação, em 02 de abril, de planos para tarifas mais elevadas do que o previsto".
Segundo o Fundo, "a volatilidade dos mercados financeiros nos mercados de ações, divisas e obrigações aumentou acentuadamente", sendo que a "reação de outros países aumentou ainda mais as incertezas".
Assim, e "face à elevada volatilidade dos preços dos ativos, o presente Relatório sobre a Estabilidade Financeira Mundial avalia que os riscos para a estabilidade financeira mundial aumentaram significativamente, principalmente devido a uma maior restritividade das condições financeiras mundiais".
O FMI justifica esta avaliação com a identificação de "três vulnerabilidades" futuras que considera "chave".
Primeiro, alertou, "apesar da recente turbulência nos mercados, as valorizações permanecem elevadas em alguns segmentos chave dos mercados de ações e obrigações de empresas, o que significa que os reajustamentos das valorizações poderão ir mais longe se as perspetivas se deteriorarem".
O Fundo acrescentou que "as oscilações negativas dos preços dos ativos podem ter um impacto significativo nos mercados emergentes".
A segunda vulnerabilidade passa pela possibilidade de algumas instituições financeiras poderem ficar "sob pressão em mercados voláteis, especialmente as altamente alavancadas".
Por fim, avisou o FMI, poderá haver ainda mais turbulência "sobre os mercados de obrigações soberanas, especialmente em jurisdições onde os níveis de dívida pública são elevados", acrescentando que "de um modo geral, as preocupações dos investidores com a sustentabilidade da dívida pública e outras fragilidades do setor financeiro podem agravar-se".
O Fundo disse ainda que "o aumento da incerteza política pode também afetar as empresas e as famílias".
O FMI recomendou ainda políticas para gerir este contexto, apontando um "conjunto de instrumentos para atenuar os riscos para a estabilidade financeira" que "inclui políticas para as infraestruturas de mercado e as bolsas que asseguram o funcionamento do mercado, a supervisão prudencial e a regulamentação das instituições financeiras, bem como a liquidez de emergência e os instrumentos de resolução de crises".
Para a organização, a "atenuação das vulnerabilidades financeiras e a preparação para a gestão de crises são fundamentais para conter o potencial impacto negativo da evolução do setor financeiro nos resultados macroeconómicos", lembrando que "a história tem demonstrado repetidamente que as crises financeiras acarretam custos macroeconómicos negativos significativos e persistentes".
ALN // JNM
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