
A Comissão Europeia aprovou, nesta quinta-feira, a compra do BPM pelo rival maior UniCredit. A aprovação tem uma condição, com a qual o banco liderado por Andrea Orcel concordou, que se prende com a venda de 209 agências no norte de Itália para amenizar os impactos na concorrência. Apesar disto, Orcel reconheceu nesta sexta-feira, em entrevista ao jornal la Repubblica, que era provável que o banco retirasse a sua oferta.
De acordo com o comunicado da Comissão Europeia, esta referiu ter um “interesse particular em assegurar que a concorrência é preservada em setores como a banca e seguros, que são de importância crucial para o desenvolvimento económico da União de Mercados de Capitais e da União de Poupanças e Investimento”. Para o executivo europeu, o compromisso do banco elimina as preocupações identificadas pela comissão ao “remover a sobreposição horizontal entre as atividades das empresas nessas regiões e assegurar que a concorrência é salvaguardada”.
Esta declaração surge no seguimento do organismo europeu ter recusado um pedido da autoridade da concorrência italiana de ser esta a analisar a fusão ao abrigo da lei da concorrência do país. Mais ainda, a Comissão Europeia afirmou que está “bem posicionada para lidar com a transação dado que desenvolveu perícia significativa na análise de mercados bancários”.
Por sua vez, o governo italiano já havia imposto várias condições ao negócio em questão, que o UniCredit tem vindo a batalhar. O segundo maior banco de Itália conseguiu uma suspensão do período da Oferta Pública de Aquisição (OPA), que, entretanto, volta a correr a partir de segunda-feira.
Ao la Repubblica, Orcel reiterou simplesmente que “se não conseguirmos resolver [os problemas], como é provável, vamos retirar”. Já na semana passada o CEO revelou que a probabilidade da operação ser bem-sucedida era de 20%.
Está agendada para 9 de julho uma decisão do tribunal sobre a contestação que o UniCredit fez às condições do governo. O executivo não aparenta estar a flexibilizar a negociação, com o ministro das Finanças a chegar ao ponto de afirmar que se demite caso o governo recue nas condições impostas.
Orcel já avançou no passado que não faz negócios a qualquer custo. O CEO realça que o banco não vai entrar em negócios que tragam retornos abaixo de 15% e sublinhou que o “futuro [do banco] é muito bom com ou sem fusões e aquisições”.
A oferta do UniCredit sobre o BPM surgiu em novembro passado e foi das primeiras entre uma vaga de tentativas de consolidação a abanar o mercado bancário italiano desde então. O segundo maior banco de Itália propôs uma OPA sobre o rival doméstico por cerca de 14 mil milhões de euros, que o banco visado recusou desde início por considerar não refletir o valor verdadeiro da empresa.