
A Comissão Europeia adotou nesta quarta-feira a sua estratégia para a União da Poupança e do Investimento (SIU, na sigla em inglês), para melhorar a forma como o sistema financeiro da União Europeia (UE) canaliza a poupança para investimentos produtivos.
A estratégia visa oferecer aos cidadãos um acesso mais alargado aos mercados de capitais e melhores opções de financiamento para as empresas, tirando partido, entre outros, das poupanças das famílias, que rondam os 10 biliões de euros em depósitos bancários.
“Os europeus são dos melhores aforradores do mundo, mas muitas das suas poupanças estão depositadas em contas de depósito de baixo rendimento. Ao mesmo tempo, a Europa debate-se com dificuldades para satisfazer as suas necessidades de investimento. Com a SIU, podemos criar um ciclo virtuoso em benefício dos cidadãos e das empresas, ajudando os europeus a obter um melhor rendimento das suas poupanças, ao mesmo tempo que trazemos investimentos substanciais para a economia”, refere Maria Luís Albuquerque, comissária responsável pelos Serviços Financeiros e pela União da Poupança e dos Investimentos.
Em comunicado, a CE refere que a SIU é um “facilitador horizontal” que criará um ecossistema de financiamento para beneficiar os investimentos nos objetivos estratégicos da UE. Tal como sublinhado nas Orientações para a Competitividade, a capacidade da Europa para enfrentar os atuais desafios – como as alterações climáticas, as rápidas mudanças tecnológicas e as novas dinâmicas geopolíticas – exige investimentos significativos, que o relatório Draghi estima em 750-800 mil milhões de euros adicionais por ano até 2030, e que são ainda mais afetados pelo aumento das necessidades de defesa.
Grande parte destas necessidades de investimento adicionais diz respeito às pequenas e médias empresas (PME) e às empresas inovadoras, que não podem depender exclusivamente do financiamento bancário.
“Com a proposta de hoje relativa a uma União da Poupança e do Investimento, estamos a conseguir uma dupla vitória. Os agregados familiares terão mais oportunidades e mais seguras de investir nos mercados de capitais e aumentar o seu património. Ao mesmo tempo, as empresas terão um acesso mais fácil ao capital para inovar, crescer e criar bons empregos na Europa”, refere Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia.
A CE destaca que a UE dispõe de “mão de obra talentosa, empresas inovadoras e de uma grande reserva de poupanças das famílias”, que ronda os 10 biliões de euros em depósitos bancários. “Os depósitos bancários são seguros e de fácil acesso, mas normalmente rendem menos do que os investimentos nos mercados de capitais. A SIU pode apoiar o bem-estar dos nossos cidadãos, oferecendo-lhes a escolha e as oportunidades de obterem melhores rendimentos, aplicando as suas poupanças nos mercados de capitais”, pode ler-se no comunicado divulgado.
Ao mesmo tempo, mais investimentos nos mercados de capitais apoiam a economia real, refere a CE, permitindo que as empresas de toda a Europa cresçam e prosperem. Isto pode criar melhores empregos com salários mais competitivos para os trabalhadores europeus e impulsionar o investimento e o crescimento em todos os setores económicos – especialmente em áreas que a UE identificou como estrategicamente importantes, como a inovação tecnológica, a descarbonização e a segurança, defende a Comissão Europeia.
A SIU visa também reforçar a integração e a competitividade do setor bancário da UE, nomeadamente através do aprofundamento da União Bancária. A Comissão avaliará igualmente a situação global do sistema bancário no mercado único, incluindo a sua competitividade, refere.
Próximas etapas
As ações propostas na presente estratégia serão desenvolvidas nos próximos tempos, em diálogo permanente com as partes interessadas. A aplicação da SIU vai basear-se em medidas legislativas e não legislativas, bem como em medidas a desenvolver pelos próprios Estados-membros.
“O sucesso futuro exigirá esforços de colaboração de todas as partes interessadas, incluindo os Estados-membros, o Parlamento Europeu, o setor privado e a sociedade civil”, destaca a CE.
No segundo trimestre de 2027, a Comissão publicará uma avaliação intercalar dos progressos globais registados na realização da União da Poupança e do Investimento.