Os lucros do Banco Nacional de Investimento (BNI), detido pelo Estado moçambicano, caíram 75% em 2024, para cerca de 67,5 milhões de meticais (942 mil euros), segundo o relatório e contas a que a Lusa teve acesso.

No documento, o presidente da comissão executiva do BNI justifica a queda com a decisão de reforçar as imparidades e provisões, de 84,8 milhões de meticais (1,1 milhão de euros) em 2023, para 341,2 milhões de meticais (4,7 milhões de euros), de forma a “fortalecer a solidez financeira do banco, tornando-o mais resiliente a choques num ambiente do agravamento de riscos e incertezas”, apesar de provocar a queda dos resultados líquidos, que foram de 269,22 milhões meticais (3,7 milhões de euros) no ano anterior.

“Esta decisão estratégica, embora impactante no curto prazo, reforça a sustentabilidade do banco a longo prazo, demonstrando o nosso compromisso com a solidez financeira e a capacidade de enfrentar cenários adversos com responsabilidade”, refere Abdul Jivane.

A administração do banco reconhece que 2024 foi um ano “particularmente desafiador para o tecido empresarial em geral, e para o setor bancário em particular, marcado pelo agravamento do risco bancário”, influenciado pelo “contexto macroeconómico externo conturbado por tensões geopolíticas e comerciais”, mas também “por desafios internos de ordem política e social, além dos desastres naturais ocorridos ao longo do ano”.

“Apesar dessas adversidades, emergimos mais fortes como banco, tanto na evolução dos nossos indicadores financeiros quanto ao crescimento e diversificação da nossa rede de parceiros de negócios. A nível dos principais indicadores financeiros, registamos um desempenho robusto, impulsionados pela nossa capacidade de inovação, pela gestão prudente dos riscos e pela contínua confiança dos nossos ‘stakeholders’”, enfatizou ainda o presidente da comissão executiva.

Fatores que, sublinha, permitiram o crescimento dos ativos totais do BNI em 16%, para 14.264 milhões de meticais (199,2 milhões de euros), e dos passivos em 24%, chegando a 10.396 milhões de meticais (145,2 milhões de euros), o “que contribuiu para o crescimento do produto bancário em 24%”, para 1.235 milhões de meticais (17,2 milhões de euros), além do reforço da “solidez do banco”, com o rácio de solvabilidade a subir de 23,50% em 2023 para 33,6% no ano passado.

O rácio de crédito em incumprimento de gestão melhorou, de 28,83% do total para 11,74% em 2024 e “para 1,63% em março de 2025”, acrescenta. O BNI fechou 2024 com um volume bruto de crédito a clientes de 4.127 milhões de meticais (57,6 milhões de euros) e recursos (depósitos) que quase triplicaram num ano, para 3.424 milhões de meticais (47,8 milhões de euros).

O Banco Nacional de Investimento foi constituído em 14 de junho de 2010, como banco de desenvolvimento e de investimento moçambicano, “vocacionado para o financiamento de projetos que apostam na inovação e que contribuam para o processo de desenvolvimento sustentável” do país, e “para a dinamização do setor empresarial, através da assessoria na estruturação e mobilização de recursos no mercado nacional e internacional”.

O BNI é detido em 100% pelo Estado Moçambicano, através do Instituto de Gestão das Participações do Estado (Igepe), com um capital social de 2.240 milhões em 31 de dezembro de 2024.

Agência Lusa

Editado por Jornal PT50