Atualizada às 12.12

O Banco francês BPCE anunciou a compra do Novo Banco por 6,4 mil milhões de euros. Num comunicado enviado antes da abertura do mercado, o Grupo Francês diz que já chegou a acordo com a Lone Star, maior acionista do banco português, que vai encaixar 4,8 mil milhões de euros.
Entretanto, o governo português, em comunicado, já aplaudiu a operação, referindo-se à mais-valia de manter a “atual estrutura do mercado bancário nacional, sem que ocorram problemas resultantes de um eventual processo de concentração, nomeadamente de uma reestruturação, e salvaguarda os níveis de concorrência no sistema bancário português”. Recorde-se que o governo português detêm uma participação de 11,5% através Direção Geral do Tesouro e que 13,5% que se encontram na posse do Fundo de Resolução. Ambas estas participações passarão para as mãos do BPCE por via de um acordo de drag-along já previsto entre as partes detentoras do capital do Novo Banco.
A conclusão do negócio, que depende de um conjunto de autorizações, deverá estar realizado no primeiro semestre de 2026.

Em conferência de imprensa o CEO do Grupo BPCE, Nicolas Nemias, justificou o negócio, o maior dos útimos 10 anos no setor financeiro europeu, com “a dinâmica da economia portuguesa”. “Com a aquisição do Novo Banco, abrimos um segundo mercado doméstico, depois da França onde somos o segundo maior grupo bancário com uma quota de 22% no financiamento da economia francesa”.
O CEO do Grupo BPCE acredita que a economia portuguesa “é a que apresenta um maior potencial de crescimento na zona Euro”. Nicolas Nemias avançou que “não vai haver despedimentos” e garantiu a manutenção da atual equipa de gestão do Novo Banco liderada por Mark Bourke.
Outra garantia dada por aquele responsável foi a manutenção da marca “Novo Banco”. “É uma marca que tem sido solidificada durante os últimos 10 anos, não estamos a pensar mudá-la”, referiu.
Em relação à posição do governo português, que se manifestou contra a venda do Novo Banco a uma entidade espanhola, Nicolas Nemias afirmou, “estamos a conversar com as autoridades portuguesas e estamos, absolutamente convencidos que a oferta apresentada do Grupo BPCE é a que melhor garante o desenvolvimento sustentado da economia portuguesa. Estamos a falar de um investimento de longo prazo”.
Durante a conferencia de imprensa Nicolas Nemias disse que este negócio vai reforçar a solidez do Novo Banco e vai permitir um maior crescimento da instituição portuguesa. “O crescimento do Novo Banco não será baseado em cortes nos postos de trabalho, mas no investimento que o Grupo BPCE vai fazer na instituição portuguesa. Vamos trazer mais conhecimento nas áreas de Leasing e Factoring e Asset Management para os clientes do Novo Banco. É claramente um projeto de crescimento”, referiu o CEO do Grupo BPCE.
Uma das vantagens deste negócio para a instituição francesa é, segundo Nicolas Nemias,” a possibilidade de juntar ao porfolio de crédito do BPCE um mercado como o português, onde a maior parte do crédito concedido é a taxa variável, ao contrário do que acontece no mercado francês, onde a maior parte do crédito concedido é realizado através de taxas fixas”.
O esforço de aquisição para a compra do Novo Banco (6,4 mil milhões de euros) vai sair dos recursos próprios da instituição francesa, mas o negócio não terá impacto nos rácios de solvabilidade e capital do Grupo BPCE, garantiu o seus CEO.
A concretização do negócio foi antecedida de conversas quer com o governo português, quer com o governo francês.