"O sistema elétrico ucraniano continua a recuperar, após 13 ataques russos maciços desde o início deste ano, e ainda há um défice significativo de capacidade", informou hoje o operador da rede elétrica do país, Ukrenergo.

Para equilibrar o consumo e o fornecimento de eletricidade, vigoram cortes programados de energia em grande parte da Ucrânia enquanto trabalhadores do setor "estão a fazer tudo o que é possível" para restaurar ou substituir o equipamento danificado pelos últimos ataques russos.

Apesar da maioria dos cerca de 80 mísseis e 106 'drones' terem sido abatidos, algumas instalações sofreram danos significativos, especialmente porque a Rússia atacou algumas regiões menos protegidas pelas defesas aéreas.

As centrais térmicas produtoras de eletricidade e calor foram os principais alvos do ataque russo de Natal, que deixou, só em Kharkiv, 520 mil casas sem aquecimento central, assim como centenas de edifícios residenciais em Ivano-Frankivsk, Zelenodolsk e Dnipro. Neste último caso, de acordo com as autoridades locais, mais de 100 pacientes do hospital local tiveram de ser retirados.

Devido aos constantes bombardeamentos, os residentes de Kherson estão também a ter problemas de acesso ao aquecimento, denunciou hoje o vice-primeiro-ministro ucraniano, Oleksy Kuleba.

Pelo menos 400 mil apartamentos recuperaram o acesso ao aquecimento em Kharkiv, tal como metade das casas afetadas em Dnipro, informou posteriormente Kuleba.

"Neste momento, estamos a reconstruir as nossas infraestruturas energéticas mais rapidamente do que os russos conseguem destruí-las",garantiu o diretor do Centro de Investigação da Indústria Energética, Oleksandr Jarchenko, à televisão ucraniana.

Porém, os cortes de eletricidade podem prolongar-se por mais de seis dias, dependendo das condições meteorológicas das próximas semanas, alertou o especialista. Até à data, o inverno tem sido relativamente ameno na Ucrânia, com temperaturas que raramente descem abaixo de zero em grande parte do país.

Os peritos alertaram já para o facto de novos ataques russos poderem agravar a situação.

O principal perigo vem dos ataques russos às infraestruturas que distribuem a eletricidade produzida pelas centrais nucleares, segundo Volodimir Omelchenko, do Centro Razumkov, em Kiev, citado pela agência noticiosa EFE.

Os ataques deliberados da Rússia a subestações chave correm o risco de danificar os reatores nucleares, exigindo procedimentos de emergência.

Assim, milhões de ucranianos podem ficar sem eletricidade em pleno inverno e em perigo de um acidente radioativo, alertou ainda o especialista, apelando a uma maior pressão internacional contra a Rússia e a sua indústria nuclear.

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Lusa/fim