O Banco BPM anunciou nesta terça-feira os seus resultados para 2024, que atingiram um lucro de 1,7 mil milhões de euros. A instituição italiana revela que este valor representa um crescimento de 18% face a 2023 e está acima do objetivo de 2024 por 24% e do de 2026 por 13%. Dada a performance do banco, este adianta que teve de atualizar o seu plano estratégico, passando a incluir a contribuição da possível aquisição da Anima Holding.
O BPM vai fazer um pagamento de dividendos na ordem dos 80% do lucro, totalizando cerca de 1,5 mil milhões de euros – um aumento de 650 milhões face a 2023 – com o dividendo por ação a atingir 1 euro, avança a instituição em comunicado. Assim, o total de dividendos distribuídos entre 2023 e 2024 ascende a 2,35 mil milhões, superando a meta definida para o período entre 2023 e 2026 por mais de 500 milhões de euros.
Houve um aumento de 6,8% nas receitas do banco, atingindo 5,7 mil milhões de euros, o que, por sua vez, fica 5,6% acima da meta prevista para 2026. A margem financeira do banco atingiu 3,4 mil milhões de euros, uma subida de 4,6%. O rácio de eficiência do BPM fixou-se em 47%, “graças a uma disciplina de custos rigorosa”, explica.
A qualidade dos ativos continua a melhorar, aponta o banco, sublinhando o rácio NPE de 2,8% e o custo de risco de 46 pontos base, uma diminuição de 9 pontos em termos homólogos. A capitalização do Banco BPM está também acima das expectativas do próprio, tendo alcançado um rácio CET1 de 15%, mais 0,8 pontos percentuais do que em 2023 e acima dos 14% almejados no plano estratégico. Já a liquidez do banco teve uma quebra desde o ano passado, com o rácio de cobertura por liquidez a baixar 55 pontos percentuais para 132%.
Novo plano quer dar 7 mil milhões aos acionistas até 2027
Fruto dos resultados acima do esperado, o Banco BPM sentiu necessidade de atualizar o seu plano estratégico. Neste sentido, a instituição aproveitou para incluir a integração da Anima Holding nas suas previsões.
O banco quer agora atingir um lucro de 2,15 mil milhões em 2027, do qual 200 milhões espera obter da integração da Anima Holding. Para 2025, o BPM quer um lucro superior ao lucro líquido ajustado de 2024. O total de lucro esperado para o intervalo entre 2024 e 2027 é superior a 7,7 mil milhões de euros, “não obstante a forte descida das taxas de juros”, realça a entidade. Em termos de distribuições aos acionistas, o BPM conta com mais de 7 mil milhões a pagar aos acionistas no período referido antes. O banco nota, no entanto, que, “independentemente do tratamento regulatório que a aquisição da Anima Holding tiver”, contam distribuir mais de 6 mil milhões.
No que toca à capitalização do banco, o esperado para o rácio CET1 é que e mantenha acima de 14%, com um mínimo de 13% “independentemente do tratamento regulatório que a aquisição da Anima Holding tiver”. Já o RoTE deve estar acima de 24% no final do plano.
As receitas devem ascender a perto de 6,4 mil milhões em 2027, com o rácio de eficiência a baixar para 44%. A empresa espera um rácio NPE de 3% e o custo de risco a fixar-se em 40 pontos base.
Contestação à oferta do UniCredit continua
Recorde-se que o Banco BPM foi alvo de uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) por parte do UniCredit, o segundo maior banco italiano, no ano passado. À data da oferta, o UniCredit ofereceu aos acionistas do BPM 0,175 ações do UniCredit por cada ação que detivessem do rival mais pequeno. Isto implicava uma avaliação de 6,657 euros por ação, o que representa um prémio de 0,5%.
A oferta foi recusada pelo banco visado que, agora, no seu relatório de contas deixa uma nota sobre esta operação, reforçando que a oferta do UniCredit não vai ao encontro daquilo que o Conselho de Administração considera ser o valor do banco e a sua capacidade de gerar crescimento e rentabilidade, argumenta.
Esta OPA veio também criar um obstáculo à oferta que o próprio BPM tinha feito dias antes para comprar a Anima Holding, da qual já detém mais de 22%. O banco vai agora pedir aos acionistas que aprovem uma subida do preço a pagar pela Anima de 6,2 para 7 euros por ação, em linha com a avaliação do mercado, como explica a Agência Reuters.
O CEO do UniCredit, Andrea Orcel, já admitiu estar disposto a aumentar a oferta sobre o BPM, mas que não vai prescindir das metas de retribuição do banco para chegar a acordos, relembra a Reuters.
A oferta do UniCredit foi a primeira de uma onda de consolidação que está a varrer o panorama da banca italiana. A esta já se seguiu o Banco Ifis a querer comprar o Illimity, o Monte dei Paschi di Siena a lançar uma oferta sobre o Mediobanca e, mais recentemente, o BPER fez mira ao Banca Popolare di Sondrio.