O Banco Central Europeu (BCE) aprovou a compra do Mediobanca pelo rival mais pequeno Monte dei Paschi (MPS). A aprovação foi feita pelo Conselho de Supervisão do regulador europeu. Fonte oficial do BCE recusou comentar sobre a aprovação, revela a agência Reuters

Espera-se, após a comunicação ao proponente, que o MPS lance a sua oferta em julho e que esta dure várias semanas.

O banco resgatado pelo governo italiano em 2017 está desde 2023 a ser devolvido à esfera privada, tendo em novembro o Estado vendido 15% da sua participação, algo que está agora a ser investigado, segundo fonte citada pela Reuters.

Os compradores de ações da operação de novembro foram as famílias Del Vecchio e Caltagirone, ambas também acionistas com peso no Mediobanca. O Ministério Público italiano está a investigar a transação, bem como a própria Comissão Europeia, de acordo com duas fontes próximas do assunto citadas pela Reuters, que confirmam a notícia avançada primeiramente pelo Financial Times. A Comissão Europeia recusou comentar este caso.

O Banca Akros, que tratou desta venda, já reiterou que cumpriu com todas as regras e boas práticas associadas a operações deste género.

Numa tentativa de combater a compra, o Mediobanca lançou a sua própria oferta. O banco pretende adquirir o Banca Generali através da entrega das suas ações na Generali, a maior seguradora do país e a empresa-mãe do banco com o mesmo nome. O Mediobanca é o maior acionista da seguradora, com cerca de 13%. A proposta é de cerca de 6,3 mil milhões de euros.

A assembleia geral de acionistas para aprovar esta operação foi adiada para setembro, pois o Mediobanca tem acionistas em comum com o Banca Generali e que alegaram necessitar de mais tempo para avaliar ambas as operações.

A oferta lançada pelo MPS sobre o Mediobanca está avaliada em 14,6 mil milhões, abaixo dos atuais preços de mercado, que colocam o banco de investimento perto dos 16 mil milhões. O MPS está avaliado, atualmente, em 8,7 mil milhões.

Itália tem em curso várias ofertas dentro do setor bancário. A que se tem destacado mais é do UniCredit sobre o BPM, que colocou o segundo maior banco do país num braço de ferro com o governo pelo uso dos ‘golden powers’. Paralelamente, o banco Ifis lançou uma oferta sobre o Illimity e o BPER revelou que pretende adquirir o Banca Popolare di Sondrio.

Fora de Itália, o BBVA quer comprar o Banco Sabadell, uma operação que o governo espanhol autorizou, mas com condições. O UniCredit quer expandir fora do país de origem e já deixou claro o seu interesse no alemão Commerzbank, com o CEO, Andrea Orcel, a admitir que o banco já encontrou negócios de interesse nos 13 países em que opera.