SÃO FRANCISCO — Vinte e cinco anos depois, o All-Star Game está de volta à região da baía de São Francisco para a 74.ª edição da grande festa da Liga, que começou sexta-feira e decorre até amanhã no Chase Center. Por incrível que pareça, pela primeira vez o encontro e até o evento do fim de semana irá realmente ser disputado na cidade que das colinas que tem uma ponte semelhante, mas bem mais larga, à de 25 de abril, sobre o Tejo.

Ainda que não matematicamente, o Jogo das Estrelas como que assinala o fim da primeira metade da regular season, tendo como principal objetivo honrar aqueles que têm sido os 24 melhores basquetebolistas do campeonato na Conferência Este e Oeste e que os fãs, mas já sem o poder de decisão absoluta de outrora, querem ver em ação.

Se possível, numa partida, continua a ser o evento de maior importância dos três dias, minimamente a sério. O que, apesar do desejo da Liga, não tem acontecido. Mas isso é outra história.

Será a terceira ocasião que o território a norte da Califórnia recebe o All-Star. Mais recentemente, em 2000, tudo aconteceu na então The Arena in Oakland (atual Oracle Arena), onde os Warriors atuaram ao longo de 47(!) anos, conquistaram quatro de sete títulos e fica do outro lado da baía. Desta feita, as principais competições do fim de semana terão como palco o moderno Chase Center (18.064 espectadores) e a Oracle Arena fica destinada ao Jogo das Celebridades e ou treino das estrelas, hoje.

O Chase Center recinto no qual, em 2021/22, a formação californiana arrebatou o seu último Troféu Larry O’Brien e onde Stephen Curry é a estrela maior, será o palco da festa.

Se bem que este seja o terceiro All-Star na região de São Francisco, o primeiro aconteceu em Daly City em 1966/67, esta é a quarta ocasião em que os Warriors são anfitriões. A anterior aconteceu em 1959/60, quando o clube, o primeiro campeão da NBA (1946/47), ainda estava sediado em Filadélfia.

Nessa 10.ª edição os Warriors contavam com uma das maiores – também em tamanho e envergadura – superestrelas: o mítico Wilt Chamberlain. O homem que marcou 100(!) pontos num jogo, precisamente ao serviço do conjunto de Filadélfia, em março de 1962.

O gigante de 2,16m, com uma destreza física invulgar, à semelhança do francês Victor Wembanyama mas mais forte, que lhe permitiu fazer atletismo e jogar voleibol a nível universitário, gostava de deixar a sua marca onde quer que fosse.

Não, não me refiro ao facto de ter escrito numa autobiografia que dormiu com mais de 20 mil mulheres, mas dentro do court. Foi quem passou a utilizar o afundanço como uma arma para atacar o cesto e contribuiu para o surgimento da regra dos três segundos na área restritiva.

A atuar em casa, nesse All-Star não perdeu a oportunidade de brilhar com 23 pontos, 25 ressaltos e 2 assistências, levando o Este à vitória por 125-115.

O Big Dipper adorava o All-Star e em 15 épocas disputou-o 13 vezes. Talvez, também por isso, muitos anos depois de ter deixado a competição, mantinha a carrinha que recebeu como prémio por ter sido MVP do jogo em 1960, quando podia ter optado por um carro desportivo. Mas não. Isso já tinha, preferiu a carrinha familiar para levar os seus «cães grandes» a passear. Afinal, nunca teve filhos.

No remexer no baú das memórias, o All-Star Game de Oakland 2000 começou com uma certa nostalgia e tristeza. Wilt Chamberlain, que tanto gostava do evento, que, entretanto, passara a contar com o concurso de três pontos e o de afundanços ao sábado, e mais tarde o jogo dos rookies e a competição de destrezas, morrera quatro meses antes, aos 63 anos, devido a problemas cardíacos.

Esse All-Star Weekend viria a ficar na memória de uma geração. Não tanto por Shaquile O’Neal (Lakers) e Tim Duncan (Spurs) terem dividido o troféu MVP na vitória do Oeste por 137-126, mas por causa do concurso de afundanços. Ficou épica a exibição e os movimentos de Vince Carter (Raptors) junto ao aro. Depois de uma acérrima batalha na final contra o primo Tracy McGrady (Raptors) e Steve Francis (Rockets), Vince Carter, hoje com 48 anos, que havia sido o mais votado pelos fãs para o Jogo das Estrelas, vencia.

No Concurso de Três Pontos, Jeff Hornacek bateu Dirk Nowitzki (Mavericks), ainda sem direito de ir ao Jogo das Estrelas nessa edição, mas que veio a estabelecer-se no sexto melhor marcador de sempre, e Ray Allen (Bucks), que viria a ser tornar-se no melhor triplista da história, entretanto ultrapassado por Curry e James Harden (Clippers) que estão no Jogo pela 11.ª ocasião.