
O FC Porto publicou, na tarde desta segunda-feira, no seu site, um documentário sobre Vasco Sousa com o título 'O caminho de volta', onde é contado o processo de recuperação da fratura do perónio da perna direita que manteve o médio, de 22 anos, fora dos relvados durante três meses e meio.
O jovem português recordou tudo desde o momento em que se lesionou, frente ao Farense, a 16 de fevereiro deste ano, para o campeonato, até ao seu regresso, há pouco mais de uma semana, diante do Wydad Casablanca, em Marrocos, em jogo de preparação para o Mundial.
E foi precisamente com a mira colocada na competição da FIFA, que começa no próximo sábado, nos Estados Unidos, que Vasco Sousa trabalhou em contrarrelógio durante estes meses.
"Desde cedo disse à minha família e ao departamento médico do FC Porto que iria estar pronto para o Mundial e que a recuperação não seria de três meses, seria menos. Sempre disse desde o início, trabalhei, fiz sacrifícios, estou muito grato pela ajuda que tive e assim consegui. Posso dizer que consegui", destacou o médio, numa das suas intervenções no documentário elaborado pelo FC Porto.
"Acabou o medo, acabou o receio, sei perfeitamente que estou numa batalha, as coisas podem acontecer e estou preparado para isso, qualquer desafio que tenha pela frente vou estar preparado e sei perfeitamente que ainda não estou no meu melhor nível, porque é diferente de treinar sozinho. Tenho muito pouco tempo com a equipa, mas isso ganha-se naturalmente, na parte dos duelos podem esperar de mim estar sempre com a garra toda, sem medo algum, porque estou preparado para qualquer desafio. Disse logo ao doutor que se me autorizassem a ir para o campo, iria com tudo, sem receio, sem medo. Sei perfeitamente que as dores seriam normais, mas fui com tudo, como faço sempre, e se voltar a jogar ao mais alto nível vou estar predisposto a ir a todos os lances como sempre", vincou Vasco Sousa, sabendo que no FC Porto não pode ser de outra forma.
"Tenho a sorte de ter muito carinho dos adeptos, sinto que as pessoas identificam-se muito com a minha forma de ser e de jogar, sou um felizardo por isso. Tenho um lema que é 'posso errar, posso não jogar bem, mas a entrega e a vontade têm que estar sempre presentes', porque é a mística do FC Porto, a raça e o querer, desde muito novo fui ensinado pelos mais antigos que tinha que ser assim", acrescentou Vasco Sousa, não esquecendo o apoio da família e de toda a gente no FC Porto no processo de recuperação, especialmente dos companheiros de equipa.
"Os meus colegas todos os dias me davam força, todos os dias gritavam comigo, abraçavam-me, e eu chegava a casa e dizia que era uma maravilha ir para o Olival, porque pensava que iria sofrer, porque iria vê-los e não me sentiria confortável. A festa que eles me faziam todos os dias e a força que me davam transmitiam cada vez mais motivação para fazer o que mais gostava", recordou, lembrando os momentos difíceis que atravessou, principalmente nos dias que se seguiram à lesão.
"Tinha entrado nos minutos finais e como sempre tento dar tudo em campo, nem que seja um segundo. Sei perfeitamente, depois de ver o lance, que podia ter evitado o choque, porque faltavam 30 segundos e era evitável, mas como tenho isto comigo, tenho que dar tudo como faço sempre na vida. De realçar a atitude dos meus colegas, que logo me tranquilizaram e deram força, porque sabiam perfeitamente que o lance tinha sido grave e destaco muito isso, foi um aspeto muito positivo para ganhar cada vez mais força na recuperação", assumiu o jovem médio, admitindo que a lesão surgiu na sequência de um lance em que deu tudo para ficar com a bola: "Pensei em ganhar o lance, era esse o meu objetivo. Sei perfeitamente que o Zé Carlos não foi com a intenção de magoar, porque até somos grandes amigos fora do campo, mas quem vai à guerra está sujeito..."
Regresso sem risco
Joana Guise, namorada de Vasco Sousa, e António Sousa, médico do FC Porto, falaram sobre o processo de recuperação e a forma como o jogador ultrapassou as adversidades. A forma positiva como o médio encarou a situação e respondeu às indicações que lhe foram sendo transmitidas revelaram-se determinantes para que tivesse recuperado em tempo recorde. Isto porque o tempo de paragem estimado apontava para um período entre quatro a seis meses.
"O Vasco voltou quatro semanas antes do que estava à espera, porque evoluiu muito positivamente, sempre. Foi um regresso natural e sem riscos, porque tinha todos os critérios cumpridos, com todas as condições para jogar. Com enorme ansiedade, porque ele pressionava para ser libertado para o treino e para jogo", recordou António Sousa
Dessa forma, Vasco Sousa recuperou totalmente da lesão e está à disposição do técnico Martín Anselmi para o Mundial de Clubes.