A preciosa vitória (1-0) frente ao Santa Clara aliviou a pressão que se fazia sentir face à realidade pontual da equipa e o foco do Arouca está agora na deslocação ao Casa Pia, no jogo que abre, esta sexta-feira, às 20h15, a 15.ª jornada da Liga.

Na penúltima posição, com 11 pontos, os lobos medem forças com um adversário que segue tranquilo a meio da tabela, graças aos 17 pontos já angariados. Na antevisão ao encontro, que terá lugar no Estádio Municipal de Rio Maior, o treinador Vasco Seabra reiterou a confiança na capacidade da equipa para voltar a somar pontos, reconhecendo, no entanto, as dificuldades que serão colocadas pelos gansos conduzidos por João Pereira, um grupo coeso e difícil de bater, sendo que, num total de 16 jogos,  são apenas cinco as derrotas dos casapianos no decorrer desta época.

Com a lição estudada, Vasco Seabra começou por traçar o perfil do adversário.

«Nos últimos quatro meses, o Casa Pia perdeu apenas por duas vezes, no Dragão e em Alvalade. A última derrota que teve em casa aconteceu em agosto, frente ao Santa Clara. Vamos ter um adversário que está confiante, tranquilo, tem bons jogadores e uma ideia de jogo muito vincada e muito coesa, que sofre poucos golos e que sai bem em transição», descreveu o treinador, que delineou já a estratégia com que os seus pupilos se apresentarão em campo.

«O nosso adversário é uma equipa difícil de defrontar e que nos faz estar sempre no limite, pelo que nos coloca uma forte exigência. Temos de olhar para nós com a certeza de que temos de ser altamente competentes e competitivos para darmos sequência a algo que queríamos conquistar há muito tempo, que foi a vitória sobre o Santa Clara. Melhor do que uma vitória são duas e vai ser esse o nosso objetivo.»

Perante uma semana que correu da melhor forma após a primeira vitória dos lobos sob o seu comando, Vasco Seabra não tem dúvidas quanto aos progressos da equipa.

«É mais motivador e agradável trabalhar sobre vitórias. Festejámos, mas as vitórias trazem-nos também a responsabilidade de fazermos melhor do que fizemos no jogo anterior. Fizemos um jogo muito competente contra o Santa Clara, fomos muito proativos, tivemos uma atitude vencedora muito grande e isso cria-nos a responsabilidade de que temos de fazer no mínimo igual, mas, se possível, melhor ainda, para que a evolução seja semana após semana. A mentalidade da equipa tem evoluído na agressividade e na intensidade com que disputa os jogos, do ponto de vista defensivo e ofensivo. Temos de continuar a evoluir nos contactos, nos duelos.»

O treinador esclareceu ainda a opção pelo lateral-esquerdo Weverson, em detrimento de Dante, no jogo frente aos açorianos, numa altura em que o plantel vai respondendo com adequada competitividade interna.

«Dante tem um potencial grande e acreditamos muito nele, mas Weverson tem tido uma evolução muito grande, capaz de competir com os outros dois laterais-esquerdos, o Dante e o Quaresma. [Frente ao Santa Clara] Foi uma opção que teve a ver com uma escolha de rendimento. O Weverson deu-me provas de que estava pronto para jogar. São ciclos, são fases e eu procuro ser sempre coerente com os jogadores», explicou, acrescentando ainda a sua perceção sobre o que tem sido o trabalho e as opções para a zona intermediária.

«Temos tido uma competitividade no meio-campo extraordinária. Ao olhar para a lista de jogadores do meio-campo, até me custa deixar alguns fora do jogo. Confio muito nos jogadores. Têm jogado o David Simão, o Loum, o Pedro Santos, o Fukui está a treinar-se muito bem, está cada vez melhor, tem crescido em agressividade. O Pedro Moreira tem feito um trabalho extraordinário. A vida da equipa é aquilo que ela vai fazendo perante cada semana que entra.»

Com apenas oito golos marcados, o Arouca tem um dos piores registo da Liga, um contexto atenuado recentemente pelos dois golos de Jason em lances de bola parada. Um défice que Vasco Seabra confia que vai ser superado.

«O Jason é um jogador tecnicamente muitíssimo forte e com grande habilidade para o livre. Esperemos que possa ter mais oportunidades, pois os golos que tem feito são mérito dele e não demérito dos guarda-redes.»

«Temos produzido oportunidades em lances de bola corrida, isso foi visível tanto no Estrela da Amadora como frente ao Santa Clara. As oportunidades estão a ser criadas, a equipa tem chegado à área com mais jogadores e com mais intensidade. Há maior intencionalidade nos processos, estes vão ficando cada vez mais presentes nas dinâmicas dos jogadores. É uma questão de tempo os golos começarem também a aparecer em lances de bola corrida.»

A um jogo de atingir marca das duas centenas de encontros pelos lobos de Arouca, o capitão David Simão, já recuperado de lesão e apto para voltar ao onze, foi ainda alvo dos sustentados elogios do treinador.

«O David tem uma importância muito grande no clube e na equipa. Os 200 jogos são uma marca extraordinária. Tecnicamente é um jogador de nível superior, tem uma dimensão tática extraordinária, coloca a bola onde quer e tem um critério muito grande no jogo. É um jogador muito inteligente, percebe muito bem o jogo e está sempre em alerta para o que está a acontecer. Provavelmente vai ser treinador no futuro, se não o for, vai pertencer a uma equipa técnica, a um clube, ao futebol, pois é um apaixonado pelo jogo. Do ponto de vista pessoal é muito rigoroso e exigente, procura sempre uma exigência interna dentro do clube e da equipa. É muito bom o clube tê-lo conseguido resgatar num momento frágil da carreira, o clube confiou nele e ele confiou no clube e, obviamente, é muito importante tê-lo connosco», frisou Vasco Seabra.