Santiago Giménez, o primeiro jogador mexicano na história do Milan, deixou um emocionado relato à Imprensa italiana depois de se estrear com uma assistência na vitória rossonera na Taça diante da Roma (3-1).
O ex-artilheiro do Feyenoord, clube que, ironicamente, vai defrontar no play-off da UEFA Champions League, transferiu-se nos últimos dias do mercado de Inverno para San Siro, a troco de 32 milhões de euros, mais bónus de desempenho.
«Desde criança que sigo o Milan. Quando surgiu a oportunidade, acreditei logo que não podia perdê-la!», começou por dizer o avançado de 23 anos, que já chegou a estar nos planos do Benfica.
«Kaká é o meu ídolo e ele guiou-me no caminho da fé»
«Tudo aconteceu exatamente como eu queria», revelou o novo número 7 do clube lombardo. «Via jogar, quando era pequeno, Kaká, Beckham, Ronaldinho, Ronaldo, Pirlo e Gattuso. Também conheci Kaká, que é um modelo para mim não só pelo futebol, mas porque também partilhamos a mesma fé.»
«Naquele momento, percebi que Milão era o destino certo para mim», reforçou Giménez, que também abordou a importância dos golos que marca: «É a única forma de retribuir aos adeptos a alegria que nos transmitem desde as bancadas.»
Sempre fui grande fã do futebol italiano desde a infância, adorava acompanhar. Cresci numa época em que a Serie A era o melhor campeonato. E jogar no Milan era o meu sonho! Tudo aconteceu exatamente como eu queria», afirmou Santiago Giménez
«Como por milagre, fiquei curado. Deus salvou a minha carreira»
Numa entrevista concedida à Sportmediaset, Giménez revelou a história de um momento crucial da sua vida, ocorrido ainda durante a adolescência: «Do nada, descobriram-me uma trombose no braço. Os médicos não me davam praticamente nenhuma hipótese de poder chegar a uma carreira profissional. Estava com o moral em baixo e desabafei com o meu pai, perguntando-lhe porque é que isto me estava a acontecer, por que razão logo a mim?»
Foi nesse momento que o mexicano se atirou de cabeça à fé: «Ajudou a curar-me. Como por milagre, fiquei bem e pude tornar-me no que sou agora!»
Lembro-me que quando me disseram que não poderia mais jogar. Fechei-me num quarto e perguntei ao meu pai porque é que isto me estava a acontecer. Ele respondeu-me que não sabia, que deveria perguntar a Deus. E, com este conselho, a minha vida mudou completamente. Comecei a minha jornada com Deus e com a fé.
O mexicano não deixou de incluir Deus na sua vida, inclusive no futebol: «A fé tem um significado que vai além do jogo. Talvez alguém possa dizer que exagero, mas agradecer a Deus de joelhos diante de todo o estádio e de milhões de telespectadores é a melhor forma de O glorificar.»
Nascido na Argentina, Giménez sente-se 100% mexicano
«Se permanecermos próximos de Deus podemos ser um exemplo de que tudo é possível. Para um avançado, o golo é tudo. Os avançados vivem para marcar e a minha missão é marcar o maior número de golos possível. E fazer com que os adeptos me aplaudam o máximo de vezes», acrescentou.
Santiago Gimenez também contou como passou a sentir-se mexicano, apesar de não ter nascido no país: «A Argentina é um país que amo, onde vive toda a minha família e onde passei os primeiros quatro anos da minha vida. Depois, o meu pai, que também era futebolista, teve de se mudar para o México e fui com ele, quando era ainda muito pequeno. Sem dúvida, se tivesse de escolher, obviamente que me sinto mais mexicano, porque vivi toda a minha vida no México, mas também levo a Argentina no meu coração.»
Giménez queria um Milan-Feyenoord no 'play-off'
Apesar de ter dado o passo em direção à Serie A, proveniente da equipa de Roterdão, Giménez vai defrontar agora a antiga equipa: «Queria que o sorteio ditasse Milan-Feyenoord, porque, se tivesse ficado na Holanda, teria como adversária a equipa pela qual sonhava jogar.»
O número 29 é aquele com o qual estreei e depois também usei no Feyenoord. O 29 é especial, mas também o 11, que uso na seleção. O 7 estava disponível no Milan, tentei encontrar um significado para ele e há um muito importante: é o número perfeito na Bíblia»
«Agora que estou aqui, será maravilhoso voltar a Roterdão. Sinto-me muito ligado ao Feyenoord e poderei assim despedir-me da equipa e dos adeptos com quem me senti tão bem. Será uma noite especial.»
«Era fisicamente mais forte que os meus colegas e chamaram-me assim!»
Giménez revelou também como recebeu a alcunha de Bebote: «O que resta da criança Santiago é a paixão e a alegria com que entro em campo. Quando somos pequenos, jogamos sem pressão, mas quando chegamos à equipa principal, começamos a pensar no que os adeptos vão dizer. E isso, às vezes, impede-nos de jogar livremente.»
«Tento continuar a jogar como uma criança, sem pressão, com muita paixão e divertindo-me. Nunca vou perder isso. É como a minha alcunha. Os meus pais e toda a minha família chamavam-me Bebote quando era pequeno, porque era grande para a minha idade.»
«Era mais corpulento do que os meus colegas. E um amigo do meu pai, Tito Villa, que trabalhava na televisão, descobriu que me chamavam assim e, uma vez, quando estava a comentar um jogo da minha equipa, disse que o Bebote tinha marcado. E, a partir desse momento, todos começaram a chamar-me sempre assim!», concluiu.