Pouco mais de uma hora antes do jogo entre o Vitória SC e o Nacional, surgiu uma notícia que agitou os adeptos em Guimarães: o rumor de Rui Borges poder sair do clube minhoto para o Sporting.

Após um excelente trabalho no Moreirense, na época anterior, onde conseguiu um sexto lugar na Primeira Liga, Rui Borges conseguiu para já colocar os branquinhos na mesma posição na liga. Alcançou um feito histórico ao conseguir um segundo lugar na Liga Conferência, ficando atrás apenas do Chelsea e garantindo o acesso aos oitavos de final, estando ainda de pé na Taça de Portugal.

No meio de boas prestações ao longo da presente época, aquilo que tem sido visto regularmente dos conquistadores, é uma equipa que joga em 4-1-2-3 e com ideias claras de jogo: procuram ter bola, pressionando fortemente a defesa adversária. Acrescentam a isso, a profundidade nas alas, através de extremos como Kaio César, e de laterais como Alberto Baio, que tem sido utilizado com maior frequência ultimamente.

Com um calendário preenchido, têm conseguido gerir bem o plantel e evoluir jogadores provenientes do banco. Um bom exemplo disso é o meio-campo, onde Tomás Handel, Tiago Silva e Samu formam o trio com mais minutos, porém sempre que Manu Silva ou João Mendes entram, o nível competitivo da equipa mantém-se. Para além disso, temos visto alguns jogadores a ganharem lugar no onze inicial e até a destacarem-se, como o caso de Óscar Rivas e Alberto Baio.

Nesta partida, a estratégia manteve-se, mas do outro lado, veio uma equipa que também queria pontuar. Com um esquema tático semelhante, a equipa de Tiago Margarido não procurava dominar a posse de bola, mas assim que ganhavam o esférico, criavam perigo em situações de contra-ataque, aproveitando alguns erros e espaços deixados pelo adversário. Nessas mesmas transições, criavam movimentos verticais e ataques na profundidade, onde a velocidade dos seus avançados eram peças-chave nesses momentos.

Falamos de Dudu, extremo-esquerdo, que conseguiu logo ao terceiro minuto de jogo, aproveitar a desatenção de Villanueva e servir Isaac Tomich para o golo inaugural da partida. Outro jogador importante nestas transições era Gustavo Garcia, lateral-direito emprestado pelo Palmeiras, que oferecia muita largura ao ataque.

Acontece que o sucesso madeirense não durou muito e a equipa da casa ficou por cima do jogo relativamente cedo, onde se fez sentir a sua pressão.

O Vitória começou a ocupar o meio-campo adversário com bastante frequência e a atacar particularmente pela direita, onde Alberto Baio esteve exuberante. Forte na profundidade e na velocidade, foi ele que ganhou a primeira grande penalidade para os minhotos. Os vitorianos estavam claramente por cima, mas a ineficácia mantinha-se.

Ao intervalo, os insulares colocaram Dyego Sousa e mexeram no meio-campo, posicionando Luís Esteves em lugares mais avançados do relvado, próximo do avançado de referência e baixando Bruno Costa para zonas mais interiores.

Viu-se uma melhoria na equipa após o intervalo, sofreram o golo, mas eram eles que tomavam a iniciativa de jogo. O conjunto de Guimarães ia baixando o bloco, apostando cada vez mais no contra-ataque, permitindo assim “refrescar” os seus jogadores, até porque a exigência do jogo assim o pedia, e não fosse graças a Ulisses Wilson, defesa do Nacional, poderiam ter aumentado a vantagem.

Mas assim como no início da partida, uma desatenção na defensiva vimaranense permitiu aos alvinegros empatarem o jogo, mesmo sem criarem muitas oportunidades.

Um resultado, e quem sabe despedida, amargos para aquilo que apresentaram, e assim o Vitória poderá nos próximos dias perder o seu homem do leme e peça essencial para a época que estão a fazer.

Numa eventual saída para Lisboa, Rui Borges vai ter um grande desafio: orientar uma equipa construída para outro esquema tático, herdar o legado de Rúben Amorim e lidar com uma luta pelo título, que começa já no próximo domingo frente ao SL Benfica. Embora o técnico tenha feito um trabalho sólido na cidade berço, esta mudança para o clube da capital pode ser um teste bastante exigente, num contexto onde a margem para erro é mínima e talvez não o momento certo para dar esse passo.



BnR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA



BnR: O mister no intervalo fez algumas alterações na equipa: adiantou o Luís Esteves para zonas mais avançadas do campo, próximas do avançado e recuou o Bruno Costa. Para além disso, substitui o Isaac Tomisch pelo Dyego Sousa. Pergunto o que procurava com essas alterações.

Tiago Margarido: As alterações deveram-se ao facto de nós detetarmos que os extremos do Vitória não estavam a baixar. Começámos a providenciar encaixe do Bruno sobre o nosso centro esquerdo e a projetar mais o José Gomes no momento ofensivo. Trocámos de lado os médios interiores, o Luís Esteves mais entre linhas e o Bruno Costa mais abaixo. Penso que criámos dificuldades ao Vitória dessa forma, desajustando o seu momento de pressão e conseguindo empurrá-los para trás. Colocámos o Dyego devido à sua capacidade de segurar bola e de apoio frontal. O Isaac é um avançado de profundidade, enquanto o Dyego é um avançado de apoio e o objetivo era termos uma referência para conseguirmos construir bolas mais longas. Penso que conseguimos surtir esse efeito na segunda parte.

BnR: O Nacional parecia pisar várias vezes a área defensiva do Vitória no início da partida, pergunto-lhe se tem a mesma opinião e se sentiu alguma passividade do bloco defensivo nesse momento.

Rui Borges:
Passividade não. Fomos bastante competentes e no lance do primeiro golo tivemos uma má abordagem. O lance parece estar controlado pelo nosso central (Villanueva), mas é o Nacional que acaba por ser feliz nesse momento. Eles não criaram nada, os dois lances que têm na nossa baliza são os dois golos. Na segunda parte, baixámos em alguns momentos, porque não conseguimos andar “mil à hora” dez jogos seguidos. Tivemos calma, príncipios e chegamos várias vezes à zona de finalização e embora o adversário tenha sido agressivo e competente, no fundo, foram felizes em dois lances que deram golo.