
Poucos minutos após a realização das duas Assembleia-gerais levadas a cabo na Cidade do Futebiol, uma primeira ordinária, na qual o plano de atividades e do orçamento da instituição para a temporada 2025/26 foi aprovado por unanimidade e aclamação, seguida de uma extraordinária, que passou pela revisão estatutária na Federação Portuguesa de Futebol e a ratificação da proposta de alterações ao regulamento disciplinar das competições organizadas pela Liga, seguiu-se a conferência de imprensa para prestação de esclarecimentos.
Perante os jornalistas presentes apresentaram-se Luís Campos Ferreira, presidente da Mesa da Assembleia-Geral da FPF, e Vasco Pinho, diretor financeiro da instituição, que salientaram a «obrigação» de garantir uma revisão estatutária com a qual… ninguém concordou. E o presidente da Mesa da AG da FPF fez questão de o sublinhar.
«As alterações estatutárias exigidas - estas exigidas, deixo ao vosso gosto se entre aspas ou não - pelo IPDJ foram aprovadas também por unanimidade, mas não por aclamação. Senti, enquanto Presidente da Mesa da Assembleia geral, o sentido de responsabilidade sobre um tema delicado que todos, sem exceção, delegados que representam as diversas instituições que têm assento na Assembleia Geral, estiveram a discutir este tema», saudou.
«Mas senti outra coisa - uma fortíssima indignação. Na realidade, esta alteração estatutária não está, não vai, não responde ao que são as ansiedades e à visão que os delegados desta Assembleia têm sobre como devem ser distribuídos os poderes e as competências na Federação Portuguesa de Futebol. Não estão de acordo, estão contra, mas tiveram o sentido de responsabilidade de permitir que esta alteração fosse feita porque se assim não fosse, a FPF poderia perder o seu estatuto de utilidade pública», recordou ainda Luís Campos Ferreira, vincando que tal cenário «seria gravíssimo».
Desta forma, o presidente da Mesa da AG da FPF salientou que «a responsabilidade se sobrepôs à indignação» e voltou a não poupar nas críticas à postura do IPDJ neste processo. «Há um grande sentimento de revolta perante o que é não só a forma como foi feita a intromissão, mas também o conteúdo dessa indignação e, por isso, acima desta indignação só encontrei uma coisa - a esperança, que todos os delegados têm de que, na primeira oportunidade em conversa, em reuniões com o poder político, tudo isto volte ao normal», assim desejou.
«Se encontro alguma justificação, do ponto de vista do que é a forma, também tenho dúvidas se há ou não legitimidades, mas deixo isso para quem tiver mais estudos sobre essa matéria que eu. Relativamente ao conteúdo, não. Quem faz isto não sabe o que é trabalhar em equipa, o que é a partilha da responsabilidade, que não é a demissão da responsabilidade. Fica tudo na mesma porque as pessoas têm mais bom senso que algumas instituições», rematou o dirigente, com um discurso forte e de «incómodo» perante as exigências do IPDJ.
Ao seu lado, Vasco Pinho transmitiu uma garantia deixada na AG pelo presidente da FPF, Pedro Proença. «Ficou claro, da parte da direção, a expressão do presidente Pedro Proença, que continuará a dar exatamente a mesma voz aos órgãos até hoje, independentemente do que ficar plasmado nos estatutos e o que ficou, já hoje, plasmado. Irão continuar a ter o mesmo comportamento que tinham até hoje, independentemente do que venha a ser imposto pelo IPDJ», informou, manifestando o seu desacordo pelas alterações estatutárias a que a FPF é obrigada.