
Reinaldo Teixeira tomou posse esta quarta-feira como novo presidente da Liga Portugal na sede do organismo, no Porto. No seu discurso, o dirigente vincou três pontos fundamentais: a confiança depositada pela larga maioria dos clubes na sua lista, a importância da centralização dos direitos de transmissão televisiva (cujos valores reais de um futuro acordo podem vir a ser menores do que o esperado) e na necessidade de uma sintonia total entre a Liga Portugal e a FPF, agora liderada por Pedro Proença.
Os pontos-chave do discurso de Reinaldo Teixeira:
António Saraiva para a MAG
"É com orgulho que aqui estou para suceder à minha amiga Helena Pires e a Pedro Proença, a quem agradeço e reconheço o contributo para a casa do futebol profissional, bem como os antigos presidentes desta grande casa, Major Valentim loureiro e Hermínio Loureiro. Começo com uma palavra para o meu adversário nestas eleições, José Gomes Mendes. Sublinho o seu comportamento e a forma como acolheu a minha palavra um dia após as eleições. E guardarei o gesto que assumiu ao afastar-se da Mesa da Assembleia Geral. Esse facto vai provocar uma eleição para a MAG, para a qual indicarei comendador António Saraiva. É personalidade que dispensa apresentações e fico grato por ter aceite."
Palavra dada
"Esta eleição prestou um tributo ao valor da palavra. Palavra dada, palavra honrada. A votação para a assembleia da presidência da Liga foi um exemplo da inovação institucional. A expressão do voto confirmou praticamente todos os posicionamentos anunciados no apoio à minha candidatura. Foi dado um extraordinário exemplo de confiança e de compromisso por parte de praticamente todas as sociedades desportivas. Isso deve orgulhar-nos. Dá ainda mais significado aos 81% dos votos que tivemos, um dos maiores resultados da história da Liga. Agora eleito não posso deixar de devolver o compromisso redobrado, reiterando a minha missão: ser presidente de todas as sociedades desportivas, com imparcialidade, transparência e valores."
Sem ofertas nem chave de distribuição
"Estes primeiros dias de trabalho evidenciaram o ponto em que estamos. Tenho perante todos a obrigação de afirmar o seguinte: as narrativas não podem sobrepôr-se à realidade. É nossa obrigação liderar a Liga Portugal reconectando os discursos aos dados e intenções aos resultados. Temos enormes desafios pela frente. Centralização dos direitos audiovisuais, tema mais nuclear. Desde há dez anos que essa tem sido a principal bandeira desta casa. Infelizmente, nestes dez anos, não foi possível ainda concretizar. Falta um ano para entregar à Autoridade da Concorrência o projeto de comercialização. Hoje, a Liga não tem nenhuma proposta de aquisição dos direitos televisivos na mão. Hoje, a Liga não tem uma chave da repartição futura aprovada pelas sociedades desportivas. É este o nosso ponto de partida. O exemplo francês e a realidade do mercado dizem que as avaliações à Liga podem ficar aquém das melhores expectativas. Temos de sair rapidamente de estudos e falar com o mercado."
Ação no terreno
"Solicitámos reuniões formais a todos os operadores e plataformas de distribuição de conteúdos a operar no mercado português. O resultado será transmitido brevemente, sem filtros, a todas as sociedades desportivas. Não vamos desistir. A centralização será o momento que vai refundar o futebol português. Esta Liga Portugal, estas sociedades desportivas, enfrentam uma oportunidade histórica. Devemos agarrá-la. Sucesso da centralização será a maior e mais simbólica demonstração de entendimento entre o futebol profissional, um momento que será exemplo para os parceiros e para a sociedade."
Diálogo Liga Portugal e FPF
"Saberemos divergir positivamente, fazendo da discussão e do debate saudáveis instrumentos de mudança. Conte connosco, no já referido projecto de centralização, na discussão dos quadros competitivos e na revisão do protocolo Liga - FPF. Conte com os nossos contributos para a construção de uma justiça, de disciplina e arbitragem, de excelência. Saibamos ser parceiros nos dossiês cruciais, desse logo na distribuição proveniente das apostas. Em boa hora, um compromisso eleitoral da sua candidatura, estamos certos que será cumprido. Adotemos um plano de investimento em infraestruturas que catapulte o futebol para a modernidade. Saibamos construir um alinhamento estratégico no IVA sobre bilhetes. Crescendo em conjunto, afirmando-se a liga e as competições, teremos mais condições para crescer em qualidade, para reter talentos e retribuir com o que todos sabemos estar em falta, um contributo efetivo das ligas para seleções nacionais, assegurando a identidade e a profundidade de opções que nos colocarão mais perto dos títulos, incluindo título mundial que Portugal merece. O pacto do futebol profissional faz-se em equipa. Temos de ser mais e fazer mais."