Luís Freire foi o escolhido por Pedro Proença para iniciar um novo ciclo na Seleção sub-21. Em comunicado, a Federação Portuguesa de Futebol salientou que o perfil do técnico de 39 «enquadra-se no projeto», pelo conhecimento acumulado do futebol português e experiência com jovens jogadores que regista.

Estes são dois dos pilares da filosofia de trabalho de Luís Freire desde que abandonou a equipa técnica de Filipe Moreira e iniciou a carreira a solo em 2012 na segunda divisão disitrital de Lisboa, ao serviço do Ericeirense.

 Na época de estreia, o jovem técnico conduziu a equipa da Ericeira até ao terceiro lugar e garantiu a subida à primeira divisão distrital. Após garantir a permanência em 2013/14, Luís Freire não evitou a descida e fez uma curta viagem até Pêro Pinheiro

Do sonho nacional em Sintra à realidade profissional na Madeira

Ao serviço do clube de Sintra, o técnico começou a cimentar o estatuto de mestre das subidas. Em dois anos, o Pêro Pinheiro subiu a pique desde a segunda divisão distrital de Lisboa até aos campeonatos nacionais. A solidez defensiva, eficácia atacante e resultados notáveis a nível distrital atraíram o interesse do Mafra que apostou forte num ‘míudo’ de 31 anos em 2017. À sombra do convento, Luís Freire fez história e conduziu o clube pela primeira vez à Liga 2, perdendo apenas três partidas pelo caminho. 

Apesar de ter atingido o estrelato de forma tão precoce, a saída a meio da época seguinte no Estoril serviu de aviso e preparou Luís Freire para o maior sucesso da carreira. Em 2019/20, na primeira aventura fora do distrito de Lisboa, o técnico de 34 anos beneficiou do fim precoce da época ao fim de apenas 24 jornadas devido à pandemia covid-19 para liderar o Nacional de regresso à Liga. 

Num processo de constante aprendizagem, a época de estreia no topo do futebol português antes dos 35 anos até começou com apenas uma derrota nas primeiras sete jornadas, mas foi interrompida na 24.ª, já com os madeirenses bastante aflitos na tabela.  

Rio Ave: história de amor em três atos

Face ao primeiro grande desaire na carreira Luís Freire deu um passo atrás, para dar dois em frente em Vila do Conde. 2021/22 precipitou a segunda subida à Liga do jovem técnico ao serviço do Rio Ave, à boleia da experiência de Zé Manuel, Ukra ou Vitor Gomes e da juventude de Costinha e Guga.

Dez anos depois de dar os primeiros passos na Ericeira, Luís Freire completou a primeira época na Liga, abrilhantada por uma vitória diante do FC Porto por 3-1, logo em agosto. As lágrimas nas derradeiras jornadas da época seguinte refletiram a volatilidade que sempre o perseguiu, mas que se traduziu no alívio de salvar os vilacondenses, mesmo proibidos de inscrever jogadores.

O pragmatismo exigido pelas lutas pela sobrevivência precipitaram a quebra do recorde de empates numa temporada em 22/23 (19), mas não apagaram a filosofia de jogo forjada desde o Oeste.

O despedimento dos rioavistas no final de 2024 colocou um ponto final numa das relações mais duradouras da história recente do futebol português, deteriorada pelo desgaste e metamorfose constante do plantel.

O destino vitoriano

Em janeiro, o Vitória bateu à porta e o técnico, já estabelecido como um dos grandes valores do presente, conduziu os vimaranenses até aos lugares europeus. Tal como já tinha acontecido a espaços em Vila do Conde, os detalhes trairam toda uma caminhada. Depois de ter superado o registo pontual de Rui Borges em menos jogos disputados e ter colocado os vimaranenses em posição europeia, um golo do Farense aos 90+2’ na 33.ª jornada deitou tudo a perder. 

Após terminar a três pontos da primeira aventura intercontinental da carreira, Luís Freire foi dispensado dos vimaranenses. Dois meses depois, o destino voltou a recompensar o técnico de 39 anos, que nunca se esqueceu de onde começou: João Ferreira, Carlos Braz e Tiago Louzeiro seguem na equipa técnica, onze anos depois de terem descido à segunda divisão distrital de Lisboa.