Em Espanha, o dia é de emoções contraditórias. Festeja-se Carlos Alcaraz e as cinco horas e meia de ténis em Roland-Garros, misturam-se conceitos propositadamente, porque quase confluíram as duas finais - o prodígio espanhol jogou-se para o chão de terra batida com os braços no ar um minuto e meio antes do início do jogo em Munique.

Talvez por isso o diário “Marca” compare o prolongamento e os penáltis ao super tie-break que Alcaraz venceu para conquistar pela segunda vez o título no Slam parisiense. “De Paris a Munique, da terra à relva, Espanha não rematou um dia histórico”, escreve-se na crónica de jogo, que sublinha que “Diogo Costa defendeu o penálti de Morata e deu com justiça o título a Portugal” na final da Liga das Nações.

Sobre a seleção nacional, o jornal desportivo mais vendido do outro lado da fronteira diz ser uma “equipa bem armada”, ainda que “o mito” Cristiano Ronaldo já não seja o jogador de outros tempos: “Há pouco da besta de há uns anos, mas ganhou o direito de retirar-se no momento que quiser. O seu radar de influência reduz-se a dez metros, mas marcou quando viu uma bola solta.”

Destaque, claro está, tanto cá como em Espanha, para a estratosférica exibição de Nuno Mendes, “que pode muito bem ser o melhor lateral esquerdo do mundo” e em quem Portugal se fiou para duas tarefas essenciais: “Reduzir o génio de Lamine Yamal e semear o pânico no ataque”. Não é nada pouco. Nuno Mendes que, como escreve a “Marca”, “parecia ir de moto” a cada ação pela banda esquerda de Portugal.

Mais palavroso em relação à sua seleção do que propriamente sobre a equipa portuguesa, o “As” sublinha que as “substituições” de Roberto Martínez “melhoraram Portugal”, mas que nem isso “deu para desbloquear um jogo condenado aos penáltis”. E, aí, “só um detalhe, um pequeno erro, sentenciou o duelo: Morata falhou e Ruben Neves marcou”. Para o diário “essa foi a pequena grande diferença.”

Ainda entre os desportivos, o “Mundo Deportivo” fala de uma final que “elevou a categoria de um torneio muitas vezes considerado menor”.

“Tanto Portugal como Espanha deram o melhor de si, num esforço titânico no final de uma longa temporada”, lê-se na análise do jornal catalão, que também sublinha a exibição de Nuno Mendes, que “brilhou com luz própria, impondo-se com autoridade”. O “Mundo Deportivo” frisa ainda que o “esperado duelo Cristiano-Lamine Yamal” passou “despercebido”, até porque o espanhol teve de se preocupar mais com Nuno Mendes, que “o travou muito bem”. Ronaldo, por seu turno, está em campo para “esperar cruzamentos e rematar”.

Entre os generalistas, o “El Pais” fala de um jogo onde Espanha foi superior “até ao prolongamento”, quando apareceu mais a seleção nacional, “que se converteu na primeira seleção a somar uma segunda Liga das Nações, depois de ganhar a primeira em 2019.” Já o “El Mundo” é mais crítico com a equipa da casa, apontando que “uma versão cinzenta de Espanha” até podia ter ganhado a Portugal, “deu para isso”, sublinha. Contudo, reconhece que Portugal foi uma “equipa com muito mais fome do que a espanhola” e por isso o jogo acabou nos penáltis.