![O agravamento da doença e a derrota nas eleições: o último ano de Pinto da Costa](https://homepagept.web.sapo.io/assets/img/blank.png)
Ao longo de 15 mandatos sem oposição à altura, Pinto da Costa só conheceu três adversários nas urnas. Martins Soares, médico e empresário, que foi a votos em 1988 e 1991.
Nas eleições de 2020, enfrentou pela primeira vez dois candidatos: José Fernando Rio, ex-comentador do Porto Canal, e Nuno Lobo, empresário da restauração.
Todas as batalhas foram facilmente vencidas pelo presidente que estava há mais de 40 anos à frente dos destinos do FC Porto.
"Sou candidato à presidência do Futebol Clube do Porto"
No dia 4 de fevereiro de 2024 Pinto da Costa repetia esta frase pela 16.ª vez. Mais de 40 anos depois de ter assumido a presidência do FC Porto, o desafio era diferente. Anunciou a recandidatura depois de saber que desta vez ia ter um adversário à altura.
E nesse ano os ventos mudaram. Nas eleições de 27 de abril, as mais participativas do FC Porto, entre a continuidade e a mudança, os sócios optaram por uma revolução dentro do clube.
Com 80,28% dos votos, Villas-Boas regressou à sua cadeira de sonho, numa vitória esmagadora que quebrou um reinado de 42 anos de Pinto da Costa à frente do FC Porto.
O início do fim do reinado
Os dias negros começaram em novembro de 2023, aos fracos resultados desportivos e financeiros juntaram-se as agressões entre sócios que interromperam a Assembleia-Geral do FC Porto.
Um abalo no histórico presidente, que meses mais tarde viu o amigo Fernando Madureira ser preso e tornar ainda mais pública a contestação interna que a violência tentou ocultar. Pinto da Costa sobreviveu aos tumultos sem deixar cair os amigos.
Apesar da confiança habitual que transparecia para o exterior, Pinto da Costa teve algumas atitudes que foram entendidas por muitos como atos desesperados para continuar no poder.
Em vésperas de ir eleições, renovou com Sérgio Conceição por mais quatro temporadas e fechou um contrato com um investidor estrangeiro para explorar as receitas do Estádio do Dragão. A retórica não chegou para impedir a mudança que os sócios ambicionavam.
A passagem de testemunho
15.344 dias de sucessos e polémicas depois, Jorge Nuno Pinto da Costa deixou a liderança dos 'azuis e brancos' e transferiu o poder para André Villas-Boas, que chegou à sua 'cadeira de sonho'.
Passou o testemunho na bancada do Dragão e continuou por lá ou pelo Dragão Arena, enquanto a saúde permitiu naquela que sempre foi e sempre será a casa de Jorge Nuno Pinto da Costa.
Após o adeus à presidência do FC Porto, Pinto da Costa tentou aproveitar da melhor maneira o tempo que lhe restava. Ao fim de mais de 40 anos, conseguiu tirar uma semana de férias sem trabalhar.
No último verão esteve de férias no Algarve e frequentou por diversas vezes uma casa de fados, uma das suas paixões, sempre ao lado da mulher, Cláudia Campos.
Pinto da Costa deixou escritos os detalhes do seu funeral
A última manifestação pública do ex-presidente foi a apresentação do livro “Azul até ao fim”, que revelou os desejos de Pinto da Costa para as suas cerimónia fúnebres.
Pediu para que seja simples, na Igreja de Santo António das Antas, com a presença da família, dos amigos de vida e dos adeptos anónimos. Fez ainda um apelo para que as pessoas se apresentem vestidas de azul.
Pinto da Costa deixou uma lista de pessoas a excluir das cerimónias. Entre as quais, André Villas-Boas e respetiva direção assim como os antigos jogadores que apoiaram a candidatura do atual presidente.
Pediu ainda para que a família recuse receber qualquer condecoração a título póstumo.
“Azul até ao Fim” foi lançado em outubro de 2024, já depois da saída do FC Porto, seis meses depois dos sócios lhe negarem um 16.º mandato. Nele assumiu pela primeira vez o diagnóstico de cancro na próstata, notícia que lhe foi dada em setembro de 2021.