«Estou muito contente, acima de tudo. Acho que foi um desafio ultrapassado. Não só pelo adversário que tinha à frente, mas também por ter sido na relva de Wimbledon, um torneio onde ainda não tinha conseguido ser feliz e que tem um grande significado», começou por contar Nuno Borges (37.º do ranking ATP) após no dia de arranque do Grand Slam britânico ter derrotado o argentino Francisco Cerundolo (18.º) por 3-1, com os parciais de 4-6, 6-3, 7-6 (7/5) e 6/0.

Êxito que permitiu que o melhor tenista nacional, e primeiro dos três presentes nesta 138.ª edição a entrar em ação no All England Lawn Tennis and Croquet Club, registasse a sua primeira vitória no torneio, à quarta participação. Era o único dos quatro grand slams onde nunca havia passado da ronda inaugural depois de já ter atingido os oitavos de final no Open da Austrália e dos Estados Unidos e chegado à terceira ronda em Roland Garros.

Momento que lhe trouxe à memória o passado, como contou à comunicação da federação. «Aliás, no final do jogo até foi bastante emocionante para mim porque, há dois anos, tinha jogado com o Francisco Cerundolo e lesionei-me dois ou tês courts ao lado daquele, daí ter um significado especial ultrapassar aquele desafio na catedral do ténis e num dia extremamente quente», foi lembrando antes de falar do encontro em si, onde começou por ter a desvantagem de 4/6.

«Foi uma batalha desde o início. Não consegui entrar da melhor maneira, mas consegui crescer com o jogo e depois senti o adversário mais desmoralizado, o que ainda me deu mais energia e fechar como dever ser», foi contando.

«O 3.º set foi complicado pois podia ter caído para qualquer lado», reconhece. «Estive por cima, tive oportunidades, mas cometi um ou outro erro que me estava a custar pesado. No entanto, fiquei contente por ter acabado por dar a volta e, acima de tudo, orgulhoso pelo trabalho e maneira como lidei com as coisas. Agora é preparar para a próxima ronda».   

Confronto onde encontrará o britânico Billy Harris (151.º), que se sobreviveu à qualificação e, também esta segunda-feira, derrotou o sérvio Dusan Lajovic (118.º). Tenista que ficara eliminado no qualifying mas acabou por entrar no quadro principal como lucky loser, depois da desistência do polaco Hubert Hurkacz (39.º).

Já sobre este regresso aos tapetes verdes de Wimbledon, onde por três vezes escorregara, Nuno confessou que se tem sentido «cada vez melhor e melhor na relva». «Infelizmente é um piso que não nos dá muitas referências, porque jogamos muito pouco tempo. Este ano quis apostar desde a primeira semana para tentar contrariar os sentimentos com que ficara das épocas anteriores, onde não consegui encontrar tão bem o meu jogo, e a movimentação é sempre mais desafiante por ser uma superfície tão especial e termos poucas horas para termos mais conforto. Mas este ano tenho-me sentido melhor. Bem, a verdade é que também não tem chovido tanto e, para mim, é bastante melhor jogar num dia de calor do que à chuva, principalmente na relva, o que, sem dúvida, me ajudou a ter estado cada vez melhor no jogo. Tudo isso revela que estou cada vez mais adaptado a esta superfície.»

Especificamente sobre o jogo face a Billy Harris, quarta-feira, Borges considera que «os britânicos já têm vindo a provar que são muito perigosos aqui. Não só na relva em geral mas em Wimbledon, por ser uma superfície tão especial e eles disporem de mais tempo para puderem crescer nela. É uma vantagem grande», considera.

«Mas o Billy é um tenista que estava à porta do top 100 mesmo sem os torneios de relva, por isso vai ser muito complicado. Mesmo que não fosse em relva já esperaria um desafio grande. Principalmente em pisos rápidos sei que tem bons resultados e que consegue impor um ténis bastante agressivo para estas superfícies. Terei de estar mais ainda preparado para uma grande batalha face a um jogador motivado, muito bem adaptado. Vou estar extremamente em fazer o melhor que posso e a aplicar as minhas jogadas, pois tenho consciência que é assim que jogo melhor. Mas, acima de tudo pretendo disfrutar, estou em Wimbledon e tenho de tentar aproveitar o ambiente, que vai estar espetacular, mesmo que seja contra mim, para chegar à terceira ronda», acabou por concluir, rindo-se.

Quanto aos outros portugueses, Jaime Faria (117.º), que passou pelo qualifying para assegurar a primeira presença no quadro principal, tem encontro marcado com o italiano Lorenzo Sonego (48.º) esta terça-feira.

O terceiro representante nacional presente no terceiro torneio do Grand Slam da época é Francisco Cabral (40.º ATP de pares), de regresso ao All England Club pelo quarto ano consecutivo para disputar o quadro de pares ao lado do austríaco Lucas Miedler (46.º ATP de pares), num duelo agendado com o britânico Jamie Murray e o norte-americano Rajeev Ram.

Nuno Borges também vai competir em pares, com o norte-americano Marcos Giron, 46.º mundial, e vai encontrar a dupla neerlandesa constituída por Robin Haase e Jean-Julien Rojer, este último ex-n.º 3 e campeão londrino em 2015, entre os três troféus da vitória em major (Roland Garros-2022 e US Open-2017).