O percurso, esta época do andebol do Sporting tem internacionalmente sido, a todos os títulos, notável. O apuramento direto do Sporting para os quartos de final da mais importante competição de andebol da Europa, onde só estão os gigantes da modalidade, é por si só um feito relevante para a equipa leonina.

É verdade que já uma equipa portuguesa tinha chegado, nos idos anos 90, a uma final da Liga dos Campeões. O ABC de Braga, um dos históricos do andebol em Portugal, disputou uma a final contra o Teka Santander de Espanha, em que perdeu numa final em duas mãos, mas neste formato de competição nunca ninguém chegou tão longe até agora como os leões.

Mas o caminho para este feito inédito nem sempre foi fácil. Na segunda década do século XXI o grande dominador do andebol em Portugal era o F.C.Porto que conquistou o heptacampeonato (sete vezes seguidas entre 2009 e 2014) e mais tarde o penta campeonato (cinco vezes seguidas entre 2019 e 2023).

Para acabar com essa hegemonia portista a direção do Sporting apostou forte e foi buscar provavelmente o grande pilar atual do andebol dos leões, o ex-jogador internacional e agora treinador Ricardo Costa que já tinha treinado no passado o FC Porto e encontrava-se no Águas Santas.

Não menos importante que isso foi o facto de Ricardo Costa ter trazido os seus dois filhos para jogarem em Alvalade. Kiko e Martim Costa, que são dois esteios, já com grande importância na seleção nacional. Tem também dois laterais de grande qualidade juntando a outro lateral de grande envergadura física e técnica, Salvador Salvador compõem a espinha dorsal da equipa verde e branca.

O plantel está bem complementado com dois guardiões internacionais de excelência, o egípcio Aly Abdelmotamed Aly e “só” o suplente da fortíssima seleção da Noruega que defrontou Portugal no último Mundial Andrè Kristensen, que vieram dar uma grande segurança aos postes leoninos.

Quero destacar também o central espanhol Jan Gurri, de 22 anos, que integrou a seleção espanhola de sub-20. Merecem também referência os pontas, incluindo Diogo Branquinho, contratado ao FC Porto, e os pivôs Edy Silva, do Brasil, e Christian Moga, do Congo, um jogador com grande envergadura física que cria muitas dificuldades às defesas adversárias.

Foi com este plantel mais alguns elementos importantes que o Sporting conseguiu o triplete na época passada no andebol português, vencendo Campeonato, Taça de Portugal e Supertaça.

Este sucesso nas provas internas fizeram Ricardo Costa e a sua equipa sonhar com mais altos voos, nomeadamente a nível internacional na EHF Champions League, onde iriam defrontar os tubarões do andebol internacional e baterem-se de igual para igual com eles.

O Sporting ficou integrado num grupo de mais sete equipas onde constavam nomes de nível mundial com os franceses do PSG, os húngaros do Veszprém, os alemães do Fuchse Berlin e ainda os polacos do Wisla Plock, entre outras grandes equipas do atual panorama do andebol europeu.

Só se apuravam diretamente os dois primeiros de cada grupo, o que seria um feito complicadíssimo, o que é certo é que leões conseguiram mesmo esse segundo lugar embora empatados com os seus adversários, mas com vantagem na diferença de golos.

Até o próprio apuramento foi épico tendo sido obtido no último jogo com o golo do empate na Polónia nos últimos segundos frente ao Wisla Plock que garantiu o ponto que faltava para a obtenção do apuramento direto para os quartos de final.

Entretanto, o sorteio para essa fase já se realizou e o Sporting já ficou a conhecer o seu adversário que será o Nantes, jogos que vão decorrer nos dias 23 e 30 de Abril, primeiro em território francês e depois no Pavilhão João Rocha.

O sonho continua para os comandados de Ricardo Costa que, tal como a seleção nacional, tem todas as condições apesar do confronto ser complicado de estar na final-four da EHF Champions League de andebol.