Marc Márquez criou o caos na grelha do GP das Américas mas, segundo o piloto espanhol, foi tudo pensado e faz parte de uma estratégia clara que só não teve sucesso porque Márquez se despistou na curva 5, durante a volta número 9 quando já levava quase dois segundos de vantagem sobre a concorrência.

Momentos antes da partida, com todo o pelotão nos respetivos lugares da grelha, Marc Márquez saltou da Ducati e começou a correr que nem um louco. Ninguém percebeu, mas todos o imitaram. De repente, o circuito parecia uma pista de atletismo e gerou-se o caos com pilotos, mecânicos, engenheiros toda a gente a correr, provavelmente alguns sem saber para onde e, menos ainda a razão.

Mas havia alguém, no meio da multidão, que sabia exatamente o que estava a fazer.

«No pior cenário, saía em último. Pronto. Sabia e sei que é o que poderia acontecer. Qualquer piloto tem de saber o regulamento, tens de saber quais são as regras e segui-las. Foi o que fiz. Preferia sair do último lugar do que não mudar de moto. Perde-se menos tempo. Quis forçar a situação, é verdade, mas como me seguiram mais de 10 pilotos, tiveram de fazer o start delay», começou por justificar o espanhol.

«Quando faltavam 15 minutos para a corrida, estava a chover muito e a reta estava completamente molhada. Mas poucos minutos depois percebi que cometemos um erro com os pneus de chuva. Entretanto, vi que a maioria dos pilotos também estava com os pneus de chuva», justificou piloto de 32 anos.

«Quando faltavam sete minutos, perguntei à equipa: ‘dá tempo de mudar os pneus?’ Disseram-me que não e então disse-lhes: ‘Daqui a dois minutos vou sair da grelha, provavelmente vão todos os outros atrás de mim e vão atrasar a partida’. E assim foi. Sabia as regras. Disse-o a Rigamonti [chefe dos mecânicos], mas ainda não tinha decidido. ‘É melhor fazer. A moto está preparada? preparada?’ Ele disse que sim e disse-lhe: ‘se calhar vou fazê-lo».

E fê-lo.

Começou a correr, Bagnaia seguiu-o de imediato e depois Di Giannantonio, Alex Márquez, Mir, Acosta, Miller, Aldeguer, Morbidelli e Viñales. Todos para as boxes para ver o que fazia.

Mike Webb, diretor da corrida, disse que não sancionaram ninguém porque se gerou uma situação de falta de segurança porque havia uma multidão a correr pela pista e no pit lane, convidados incluídos, com motos em várias direções, outras abandonadas no meio da grelha.

«Foi tudo perfeito, até ter cometido aquele erro. Caí? Sim. Peço desculpas? Sim, mas nenhum piloto quer cair. Ontem era só elogios, agora são só criticas. O Qatar será outra corrida. Nem ontem era o super-homem nem hoje sou um desastre».

Bandeira vermelha e partida atrasada. Já com a pista seca e menos uma volta, começou, por fim, o GP das Américas que valeu a Pecco Bagnaia o 30.º triunfo na carreira.