
Barcelona, PSG, Inter Milão e Arsenal. Está encontrado o lote de semifinalistas desta edição da Champions League. Depois de Manchester City em 2023 e de Real Madrid em 2024, teremos um novo campeão europeu, depois de uns quartos de final absolutamente electrizantes e que deixaram momentos inesquecíveis.
Quando os quartos-de-final foram sorteados, muitos previam que se apurasse Real Madrid, Barcelona, Bayern Munique e PSG. E apesar de Barcelona e PSG terem confirmado o seu favoritismo, Bayern Munique e o atual campeão Real Madrid (muito aquém das expectativas), foram surpreendidos pela maior eficácia de um Inter Milão e excelência de jogo de um jovem Arsenal comandado pelo espanhol Arteta.
O Arsenal de Arteta partia claramente com desvantagem em relação aos espanhóis do Real Madrid, grande dominador da prova, que vinha de ganhar a Champions League no ano passado e que ia em busca do seu 16.º título (!) na competição, sendo que seis desses títulos foram conseguidos nos últimos 10 anos.
A hegemonia merengue e a mística da equipa do Real Madrid é um autêntico caso de estudo. Com a contratação da estrela francesa Kylian Mbappé (crónico candidato a ganhar a Bola de Ouro e um desejo antigo do presidente Florentino Pérez), muitos pensariam que o Real Madrid não iria dar qualquer hipótese a uma equipa talentosa, mas igualmente inexperiente, como a do Arsenal.
Mas esse favoritismo provou ser apenas teórico. No jogo da primeira-mão, a primeira parte foi de equilíbrio entre as duas equipas, com os guardiões Raya e Courtois a estarem em grande evidência com defesas de elevado grau de exigência.
Mbappé mostrava-se perdulário, Vinicius Júnior uma presa fácil para o adaptado holandês Jurrien Timber (defesa-central de origem). Ambas estrelas do Real Madrid mostraram-se muito abaixo do seu potencial, e não foi surpresa que o Arsenal se tivesse colocado em vantagem no marcador.
Foi um autêntico vendaval de futebol da equipa dos gunners na segunda parte, uma pressão asfixiante sobre o portador da bola, um jogo muito vertical e vertiginoso, para o qual o Real Madrid não conseguia encontrar o antídoto.
Dois livres diretos executados de maneira brilhante por Declan Rice (que nunca tinha marcado um único golo de livre direto em toda a sua carreira), cada um melhor do que o outro, a bater Thibault Courtois, provavelmente o melhor guarda-redes do mundo da atualidade.
São dois golos que devem ser vistos e revistos, e que devemos puxar sempre da hemeroteca, quando falarmos nas melhores cobranças de livre de todos os tempos. O efeito que a bola de Rice levou no primeiro golo, é algo indescritível e de uma beleza sublime.
O Real Madrid mostrou-se impotente e não esboçou qualquer reação, e foi o Arsenal a conseguir aumentar a vantagem com mais um golo de belo efeito, marcado pelo espanhol Mikel Merino (outra adaptação forçada de Arteta, pois Kai Havertz e Gabriel Jesus contraíram lesões gravíssimas e não jogam mais esta época), a concluir um grande lance ofensivo do ainda adolescente Myles Lewis-Skelly, que foi um autêntico quebra-cabeças para o uruguaio Valverde, adaptado a essa posição em virtude da lesão grave de Dani Carvajal, uma baixa de grande importância para equipa do Real Madrid.
Um 8 de origem, mas que tem tido um contributo bastante interessante, com sete golos já marcados desde que começou a jogar como falso 9.
E a incorporação de Merino no ataque, torna esta equipa do Arsenal ainda mais perigosa, pois Merino baixa muitas vezes no terreno e faz um quarteto de meio-campo que faz com que a equipa londrina esteja sempre em vantagem no meio-campo e dê ainda mais liberdade para os endiabrados Martinelli e Saka poderem fazer uso da sua velocidade e criatividade.
Na segunda mão e apesar do resultado avultado de 3-0 vindo da primeira-mão, o Arsenal sabia que se havia equipa que poderia reverter uma desvantagem desse tipo na Champions League, era o Real Madrid. Antes do jogo, foram vários os mind games que a equipa do Real Madrid fez para tentar desestabilizar a equipa do Arsenal.
Mas na segunda-mão foram ainda mais evidentes as lacunas deste Real Madrid (que com a chegada daqueles que muitos consideram o melhor do mundo), tornou-se uma equipa muito mais frágil e sem nenhuma identidade de jogo.
O Real Madrid é neste momento um monte de individualidades, sem nenhuma ordem em campo, com um jogo ofensivo paupérrimo e muito mal trabalhada por Carlo Ancelotti. O treinador italiano é um dos mais laureados da história, mas pensa mais no momento defensivo do que no momento ofensivo.
Um discípulo do catenaccio e que muito sucesso tem tido com essa tática, mas que quando as suas equipas têm que propor jogo, demonstram que esse momento do jogo não é minimamente trabalhado.
Uma equipa com Bellingham, Rodrygo, Vinicius Júnior e Mbappé, aparentemente deveria estar sempre mais próximo de vencer e de jogar muito melhor, mas o futebol é e será sempre um jogo colectivo, onde essas individualidades sobressaem devido à sua grande qualidade.
O meio-campo do Real Madrid tem uma posse de bola estéril, onde prevalece o músculo e um deserto de ideias na construção de jogo. No futebol atual, se não constróis jogo, podes ter os melhores executantes do mundo do meio-campo para a frente, que não irá resultar.
Desta vez, o futebol foi justo e ganhou a equipa que mais fez por ganhar e que mais coragem demonstrou.
O Real Madrid não se pode agarrar sempre à épica e ao espírito do Bernabéu. O ambiente no estádio foi absolutamente incrível, os adeptos do Real Madrid são muitíssimo fiéis à sua equipa e fazem questão de o manifestar com receções apoteóticas pré-jogo e uma pressão infernal que exercem sobre os adversários da sua equipa. Mas neste desporto maravilhoso, há algo mais importante do que a atitude e que irá prevalecer sempre: o futebol.
Se uma equipa não tem futebol, não há remontadas possíveis. A equipa do Arsenal entrou com grande personalidade no jogo da segunda-mão, defendeu muitíssimo bem e de forma compacta, não se diluindo depois de perder um penalty (uma espécie de panenka convertido de forma indolente por Saka) perdido logo aos 10 minutos de jogo.
Pouco tempo depois, outro penalty (que seria inexistente) foi marcado a castigar um suposto agarrão de Rice sobre Mbappé, no qual o VAR demorou uns inadmissíveis e intermináveis cinco (!) minutos a ajuizar e a decidir corretamente com a anulação da marcação de grande penalidade.
Saka redimiu-se na segunda parte, com uma execução fantástica no lance do primeiro golo, numa brilhante assistência de Mikel Merino (que eliminatória do médio espanhol), que ainda viria a assistir Martinelli para o lance do segundo golo já nos descontos da segunda parte, num momento em que o Real Madrid jogava mais com a cabeça do que com o coração.
Antes desse segundo golo de Martinelli, Vinicius Junior ainda conseguiu empatar depois de um erro monumental de Saliba (no lance seguinte ao golo de Saka), e mesmo assim a equipa não abanou, o Real Madrid continuou a ser inofensivo e a abusar de cruzamentos para a área, estratégia ilógica tendo em conta que a equipa não tem um 9 de referência, pois Mbappé e Endrick não têm essas características.
Rei morto, rei posto. Ancelotti deverá ter dirigido o último jogo na Champions ao serviço do Real Madrid, pois dificilmente irá resistir a esta eliminação e à forte contestação dos adeptos e inclusive dos seus jogadores, que sabem que têm capacidade para jogar um futebol mais corajoso e vistoso.
O resultado de 5-1 a favor do Arsenal no cômputo global da eliminatória, não deixa margem para dúvidas. A superioridade da equipa de Arteta foi gritante e garantiram justamente a presença nas meias-finais da Champions League.
PSG será o adversário do Arsenal nessas meias-finais, depois de derrotarem os ingleses do Aston Villa. Será um duelo entre treinadores espanhóis (Luis Enrique e Arteta), que têm feito um trabalho fantástico ao serviço das suas equipas.
Um confronto que irá opor duas das melhores linhas médias e complementares da atualidade. De um lado, Vitinha, João Neves e Fabián Ruiz, do outro Thomas Partey (que não poderá jogar o jogo da primeira-mão por estar suspenso), Odegaard e Declan Rice.
Não vejo um claro favorito para esta primeira meia-final, e estou em crer que será resolvido pela equipa cujas individualidades se apresentarem mais inspiradas.
Depois de uma primeira-mão de domínio total e absoluto dos homens comandados por Luis Enrique (em que o resultado de 3-1 pecou por escasso), o PSG cedo adiantou-se para 2-0 no marcador, com golos de Hakimi e do português Nuno Mendes.
Neste momento, o jovem internacional português é na minha modesta opinião o melhor lateral-esquerdo do mundo, e provou-o nesta eliminatória, no qual foi o jogador mais decisivo do PSG, tanto a atacar como a defender.
Com o resultado de 5-1 no conjunto das duas mãos, a equipa do PSG relaxou demasiado, adormeceu no encontro e por pouco não lhe saiu bem caro. O Aston Villa, excelentemente treinador por Unai Emery, pode não ter as mesmas individualidades da equipa francesa, mas tem uma intensidade e uma alma enormes.
A segunda parte do Aston Villa foi espetacular, e não fosse pelo guardião italiano Gianluigi Donnarumma e estaríamos a falar neste momento numa das recuperações mais sensacionais da história da competição.
Num ápice, o resultado passou de 0-2 para 3-2 a favor do Aston Villa e uma massa associativa do Villa Park absolutamente incendiada, catapultou os seus jogadores para um assédio imparável dos seus jogadores à baliza do PSG.
Foram várias as oportunidades do golo do quadro da equipa do Aston Villa, mas não conseguiram o golo que seria crucial para forçar o prolongamento, e quem sabe, que se esse golo não surgisse mais cedo (pois o terceiro golo foi obtido antes dos 60 minutos de jogo), não teríamos uma meias-finais entre equipas britânicas.
Mas não posso deixar de enaltecer o extraordinário trabalho de Luis Enrique. O PSG é a par do Barcelona, a equipa que joga melhor e que mais gosto dá de ver jogar. Sem Mbappé, a equipa é muito mais equipa, e seria bastante curioso que conseguissem sagrar-se campeões europeus, na época seguinte à saída do astro francês, que saiu para o Real Madrid porque não aguentava mais a frustração de não conseguir ganhar a Champions League.
Um grande jogo colectivo, uma equipa que funciona de forma muito harmoniosa, onde se destacam o já referido Nuno Mendes, os igualmente portugueses Vitinha e João Neves e o trio de ataque composto por Dembelé (adaptado a falso 9 e a fazer a melhor época da sua carreira), Doué (a nova coqueluche francesa) e o georgiano Kvaratskhelia, que pegou de estaca na equipa francesa desde que chegou ao quadro parisiano em Janeiro, e que ainda trouxe mais qualidade ao ataque da equipa do PSG.
A outra meia-final coloca frente a frente os espanhóis do Barcelona e os italianos do Inter Milão, num duelo que também se prevê que seja apaixonante e de resultado imprevisível.
Um contraste de estilos muito interessante, e em que qualquer uma dessas equipas tem armas suficientes para levar de vencida esta eliminatória e marcar presença na tão desejada final de 31 de Maio, na Allianz Arena de Munique.
Os espanhóis do Barcelona estão neste momento bem encaminhados para mais um histórico triplete. Com praticamente o mesmo plantel do que o do ano passado, o desempenho da equipa tem sido totalmente distinto, o que enfatiza o excelente trabalho do alemão Hansi Flick.
Desde que assumiu o comando da equipa, todos os jogadores parecem melhores do que quando eram treinados por Xavi. Sou um confesso admirador do futebol do Xavi, mas como treinador, ainda não conseguiu corresponder às expetativas.
Mergulhado numa grave crise financeira (com problemas para inscrever jogadores devido ao fair-play financeiro), Flick tem potenciado ainda mais o talento de jovens como Baldé, Pedri, Pau Cubarsí e do prodígio Lamine Yamal.
Conseguiu igualmente retirar o melhor de Raphinha (sério candidato a Bola de Ouro, com uns impressionantes 28 golos e 22 assistências durante esta época) e recuperar a melhor versão de Iñigo Martínez, de Koundé e de Lewandowski, que apresenta uns números fantásticos, com 40 golos (!) só esta época.
Inclusive e devido à lesão grave de ter Stegen, conseguiu recuperar para o futebol o já retirado guarda-redes polaco Szczesny, que tem tido um desempenho fantástico depois de um início pouco convicente.
Nos quartos de final defrontaram os alemães do Borussia Dortmund (que eram os atuais vice-campeões europeus), e a primeira-mão saudou-se nuns impressionantes e esclarecedores 4-0 a favor dos catalães, que inclusive poderiam ter sido mais, caso Flick não tivesse começado a rodar os seus jogadores e os mesmos não tivessem deixado de pisar no acelerador.
Raphinha, Lewandowski por duas vezes, e Lamine Yamal foram os marcadores dos golos da equipa blaugrana. Um trio de ataque responsável por 83 golos dos 147 (!) golos que a equipa do Barcelona já leva esta época.
Flick tornou este Barcelona num rolo compressor, e pensava-se que com um resultado de 4-0 (e mesmo fazendo uma gestão necessária do plantel), que a segunda mão seria apenas uma mera formalidade e um treino em competição.
O muro amarelo de Dortmund é sempre algo temido pelos adversários, mas os alemães tinham demonstrado pouca capacidade de resposta e alguma impotência em Barcelona. Nada fazia prever o que se viu em Dortmund.
O Barcelona (sem Pedri, Iñigo Martínez e o lesionado Baldé), foi uma sombra da equipa que tinha jogado uma semana antes, e esteve bem próximo de ser submetido a mais uma daquelas noites europeus trágicas e humilhantes, e que tem sido a nota dominante do quadro catalão nos últimos anos, sendo de destacar os inconcebíveis 8-2 (!) que receberam da equipa do Bayern Munique em Lisboa no ano de 2020, onde no banco da equipa bávara, estava curiosamente…Hansi Flick.
Alertados para os perigos da equipa do Borussia Dortmund e para a pressão que os seus adeptos colocam sobre os seus adversários, Flick desesperava no banco de suplentes como ainda não se tinha visto esta época.
Este plantel do Barcelona é bastante curto e tem tido algumas lesões de jogadores importantes, e as soluções alternativas não têm conseguido estar à altura das exigências de uma equipa como o Barcelona.
Gavi (caracterizado pela sua intensidade e garra), não mais foi o mesmo depois da sua lesão grave no joelho, Fermín é voluntarioso mas peca muito na finalização, Eric García não dá a saída de jogo de um Frenkie de Jong e de um Casadó, Ferran Torres cumpre e apresenta números bastante interessantes, mas não está no mesmo patamar de Lewandowski.
Mas o maior preocupante é a dependência da equipa do Barcelona em relação a Pedri. O médio espanhol (provavelmente o melhor do mundo na sua posição, a par do português Vitinha) tem feito a melhor época da sua carreira e a sua influência no jogo da equipa do Barcelona, é ainda maior do que a do próprio Lamine Yamal.
O jovem prodígio de apenas 17 anos é o elemento mais desequilibrador e o melhor jogador do Barcelona, mas Pedri é o farol da equipa, com um grande compromisso defensivo, aquele que controla os tempos de jogo, que dá sentido ao futebol do Barcelona e sem a sua presença, o Barcelona parece uma equipa desconfigurada.
Foi isso que aconteceu em Dortmund. O resultado de 3-1 (hat-trick de Guirassy, melhor marcador da prova) foi suficiente para que a equipa seguisse em frente para as suas primeiras meias-finais da Champions League, desde 2019.
Mas com 2-0 no marcador a favor do Dortmund, a equipa do Barcelona parecia perdida em campo e o auto-golo do Bensabaini, foi mesmo uma bênção dos céus e aquela dose de sorte de que todos os campeões necessitam para vencer estas competições, que são sempre decididas nos mínimos detalhes.
Mesmo já com Pedri em campo, o terceiro golo do Dortmund fez tremer a estrutura defensiva do Barcelona (que já privados de um desinspirado Yamal), beneficiou da pouca eficácia dos jogadores do Borussia e de um golo anulado por fora-de-jogo evidente de Brandt, que evitou o descalabro.
No fim do jogo, Flick preferiu destacar o rendimento dos seus jogadores ao longo de toda a época, dizendo que todas as equipas têm direito a ter um mau jogo, e “agarrando-se” a uma evidência: o tremendo desgaste físico dos seus jogadores, personificados nas péssimas tomadas de decisão de Raphinha, Koundé e da sua grande estrela Lamine Yamal.
Desde a paragem para os jogos das seleções, o Barcelona jogou 7 (!) jogos num espaço de 19 dias, e é normal que os jogadores da equipa blaugrana, estejam a ceder fisicamente. Os jogadores não são máquinas.
É certo que o Barcelona tem uma vantagem de apenas quatro pontos na Liga Espanhola para o Real Madrid (com umas últimas quatro jornadas muito difíceis frente a Real Madrid, o derby de Barcelona contra o Espanhol, o Villarreal e o Athletic), mas também devemos destacar que vai jogar a final da Taça do Rei contra o Real Madrid em menos de dez dias e está nas meias-finais da Champions League.
Se alguém dissesse que a equipa de Hansi Flick iria estar a disputar todas as competições até este momento da época, muitos pensariam que se tratava de uma piada, e outros tantos considerariam uma utopia. O que é certo é que o Barça chega a fins de Abril na disputa por todos os títulos, e podem mesmo conseguir o tão ambicionado triplete.
A gestão do plantel vai ser fundamental nos próximos jogos, e os atores secundários terão forçosamente que surgir no seu esplendor. Se assim for, continuo a acreditar que o Barcelona possa ganhar todos os títulos.
Mas este jogo pôs a nu as limitações da linha avançada da defesa do Barcelona e inclusive já fez com que o Barcelona não seja o favorito para as casas de apostas (o Inter Milão é agora o novo favorito), que terá que estar muitíssimo bem coordenada, para que não seja apanhada em contrapé por atacantes da qualidade do francês Marcus Thuram e do argentino Lautaro Martínez.
O Inter de Milão garantiu a sua presença nas meias-finais depois de uma eliminatória muito difícil contra o Bayern Munique. Os alemães queriam muito marcar presença na final que se vai realizar este ano no seu estádio.
Privados dos recém-lesionados Musiala, Upamecano e Davies, o Bayern Munique perdia três peças-chave do seu onze titular, mas ambição e determinação não lhe faltavam, e suportados no grande talento de Olise, Kane e Kimmich, consideravam ter os recursos necessários para derrotarem a sempre rochosa e incómoda equipa italiana.
O quadro italiano comandado por Simone Inzaghi marcou presença recentemente numa final da Champions League (sendo batidos pelo Manchester City em 2023), e também estavam conscientes de que podiam aproveitar as lacunas defensivas do quadro alemão, para poder marcar a diferença e conseguir eliminar a equipa bávara.
Foram dois jogos com mudanças constantes de marcador e de contextos. Na primeira-mão numa Allianz Arena completamente a abarrotar, o jogo foi decidido pequenos detalhes, com o Inter Milão a beneficiar da ineficácia do sempre letal Harry Kane e os grandes desajustes defensivos da equipa alemã.
Num dos famosos contra-ataques letais da equipa do Inter Milão, Lautaro Martínez inaugurou o marcador com uma finalização de trivela ao ângulo da baliza da equipa do Bayern Munique, depois de uma assistência primorosa de Thuram.
A equipa alemã lutou arduamente e dispôs de várias oportunidades, mas não foi feliz e o guardião suíço Yann Sommer também se exibiu a grande nível, negando os intentos da equipa comandada pelo belga Vincent Kompany.
E depois de chegar ao empate pelo inevitável e sempre presente Thomas Muller (que anunciou a sua saída do clube depois de uma brilhante e lendária carreira), todos pensavam que a equipa do Bayern Munique iria dar a volta ao marcador, mas o que é mais necessário nestas eliminatórias de 180 minutos, é saber ser cirúrgico em determinados momentos do jogo e não se expor demasiado.
A equipa do Inter Milão está muito bem trabalhada, e sabe esperar pelo seu momento para fazer a diferença. O Bayern Munique (embalado pela sua massa associativa) e com o golo do empate, atacou de forma desesperada como se estivesse a ser eliminado, e concedeu muito espaço nas costas da sua defesa e ficou vulnerável a mais um contra-ataque perfeito da equipa do Inter Milão, que conseguiu adiantar-se novamente no marcador (de forma injusta, mas não há justiça no futebol) por intermédio de Frattesi.
Um resultado fantástico de 2-1 fora de casa para os italianos do Inter Milão, mas que sabiam que iriam sofrer contra uma equipa tão ofensiva e veloz como a do Bayern Munique. E foi exactamente isso que se veio a verificar no jogo da segunda-mão em Milão.
O 3-5-2 do Inter é uma máquina muitíssimo bem oleada, Çalhanoglu e Barella controlam os tempos de jogo como poucos a nível mundial, o seu trio de centrais é muito sólido e Lautaro Martínez está provavelmente na melhor forma da sua vida.
Concede poucos espaços e defende de forma muito compacta, mas é igualmente uma equipa lenta, e o Bayern Munique aproveitou a maior velocidade de Sané e Olise para semear o pânico na defesa italiana. Foram várias as oportunidades de golo de ambas as partes, com os guarda-redes a superiorizarem-se na primeira parte, e a segunda parte foi realmente um autêntico hino ao futebol.
Harry Kane adiantou a equipa do Bayern Munique no marcador ao minuto 52, com um excelente remate já dentro da área depois de uma excelente jogada ofensiva do quadro alemão. Com esse resultado, o jogo seguiria para prolongamento. Mas esta equipa do Inter Milão tem vários recursos. Não fere os adversários apenas em transições ofensivas. Tem igualmente jogadores muito fortes em lances de bola parada.
Dois cantos muitíssimo mal defendidos pelo Bayern Munique. Dois golos sofridos aos 58 e 61 minutos. Um marcado por Lautaro Martínez e outro marcado por Pavard (antigo jogador do Bayern Munique) no espaço de três minutos, e subitamente, o Bayern Munique via como estava próximo de lhe escapar mais uma oportunidade de chegar às meias-finais da Champions League e como se esfumava a possibilidade de jogar a tão desejada final no seu estádio.
Mas esta equipa do Bayern Munique tem igualmente muita personalidade e muita alma, e depois de ter conseguido empatar por intermédio de Eric Dier, ainda teve chances de marcar um terceiro golo que a conduziria para um prolongamento.
Certamente teria sido o mais justo, mas os deuses do futebol assim não o quiseram. O Inter Milão não deixa de ter o seu mérito, porque joga muitíssimo bem com as suas armas e o seu pragmatismo é fundamental numa competição destas.
O poderio ofensivo do Barcelona assusta, mas este Inter Milão sabe que terá as suas oportunidades e que a maior experiência dos seus jogadores, poderá ser fundamental para conseguir ultrapassar a equipa blaugrana. Os dados estão lançados e qualquer um poderá ganhar. Vêm aí umas meias-finais bombásticas.