O treinador José Mota não contornou o impacto da dimensão emocional que abraça o AVS SAD e o Vizela neste período crucial, mas também assumiu o peso de toda a experiência acumulada ao longo da sua carreira, na qualidade de treinador em Portugal com mais jogos disputados na Liga Betclic, para dar ênfase à condição anímica inerente ao playoff a disputar frente ao conjunto minhoto.

"Sabia os riscos que corria quando aceitei este desafio, mas este tipo de desafios fazem-nos bem e vim para a Vila das Aves com o objetivo de garantir a permanência. Estou aqui para tentar provocar um choque no grupo e se cá estou também significa que as pessoas confiam no meu trabalho e na minha forma de gerir", confidenciou José Mota, sem receio de levantar um pouco do véu sobre a mensagem que passou à equipa durante o estágio que está a realizar em Ofir: "Para grandes desafios, grandes homens. Passou-se um ano e as emoções são praticamente as mesmas. Há vários elementos desta equipa que participaram no playoff da época passada, pelo que sabem perfeitamente que nesta circunstância o conjunto que passa não é o que estiver melhor, mas aquele que errar menos e, acima de tudo, que apresente a motivação suficiente para que as coisas possam acontecer".

Consideração que José Mota diz ser a principal diferença entre os dois emblemas neste contexto, até porque reconheceu não ter um conhecimento profundo sobre a disponibilidade mental dos seus jogadores.

"Uma equipa passou uma época inteira a jogar para vencer, outra a tentar não perder. Esta balança é que tem impacto, até porque a história diz-nos que até hoje foi a equipa da 2ª Liga quem levou sempre a melhor, pelo que vamos procurar inverter o ciclo. Vamos tentar fazer o que ainda não foi feito", disse José Mota, salientando que "este é um duelo onde não há favorito e os jogadores do AVS SAD não só têm de perceber a concentração que estes dois jogos implicam, como mostrar vontade para que as coisas aconteçam": "Por um lado o AVS SAD tem demonstrado um bloqueio mental quando sofre, por isso é que chegamos aqui. Foi isso o que aconteceu na última jornada. Depois do golo algo se passou, faltou força anímica e não podemos pensar que o jogo acabou aos 25 minutos. É uma coisa que não pode acontecer. Por outro lado, o estado anímico do Vizela também podia ser outro porque certamente fizeram as suas contas e pensaram que não estariam neste playoff, mas não o conseguiram, de modo que há um sentimento semelhante. Quando a bola começar a rolar o que vai fazer a diferença é quem tiver mais capacidade de sacrifício e, também, aquela pontinha de sorte porque a bola que entra ou não entra tem mais impacto do que os pormenores onde experiência poderá ter algum peso", justificou José Mota.