Treinador que se tornou o mais jovem da 1.ª Liga aos 32 anos desvenda referências e marcos na carreira e na vida, como a grave infeção cardíaca sofrida na pandemia

João Pereira, treinador que assumiu o comando do Casa Pia no início da época, aos 32 anos, e se tornou o mais jovem técnico na 1.ª Liga, abriu o livro e desvendou sonhos e aspirações, referências e momentos marcantes na carreira e na vida, colocando as coisas em perspetiva, em extensa entrevista à publicação "Coaches voice" [A voz do treinador].
"Para mim, é um orgulho ter chegado à 1.ª Divisão de Portugal aos 32 anos. Mas sinto que ainda estou no início da minha história como treinador, ainda é tudo muito novo. Não quero ter muitas expectativas ou criar muitas ilusões sobre se terei êxito ou não como trainador. Tenho consciência de que tudo pode mudar de um momento para o outro", começou por assumir.
"Esta perspetiva mais abrangente, digamos assim, intensificou-se em mim durante a pandemia. Estava com a seleção de Moçambique, como adjunto de Luís Gonçalves, quando contraí a Covid e sofri uma grave infeção cardíaca", recorda, antes de concretizar: "De repente, já não podia trabalhar. Aqueles meses, sem saber o que se ia passar, mudaram a minha visão do mundo. Apercebi-me de que o trabalho era o mais importante das coisas menos importantes da vida. Mas não me interpretem mal, sou apaixonado por aquilo que faço. Desde muito jovem que descobri em mim o desejo de ser treinador. E quando amas aquilo que fazes, a dedicação extrema é algo natural. Mas primeiro do que o trabalho, está a saúde. Antes do treinador, está a pessoa."
João Pereira recua, então, até à origem da sua paixão pela carreira de treinador. "Aos 17 anos, a minha grande referência como treinador era José Mourinho. Combinava a capacidade de liderança com um enorme talento para a parte estratégica do futebol. De resto, Mourinho é uma referência para todos os portugueses. A seguir ao êxito de Mourinho, o mercado de transferências para os treinadores portugueses tornou-se muito mais generoso."
O técnico do Casa Pia, agora com 33 anos, passou em revista a carreira, destacando algumas etapas. "Sinto-me privilegiado por ter tido a oportunidade de provar de várias fontes de conhecimento. Essa diversidade pode resumir-se na minha etapa no FC Porto. Foram seis anos no clube, desempenhando várias funções e aprendendo em cada uma delas: scout, analista de rendimento, treinador adjunto, de formação e analista da equipa B. Sem dúvida, o FC Porto foi uma escola na minha vida de treinador."
João Pereira deu ainda conta que um treinador também aprende com os jogadores. "Na altura, tive a oportunidade de treinar jogadores como Vitinha, Fábio Vieira, Fábio Silva e João Mário. Quando treinas jogadores desta qualidade, aprendes com eles. O mesmo se passou quando trabalhei com Reinildo, jogador do Atlético Madrid, na seleção de Moçambique. Ver treinar e jogar um dos melhores laterais esquerdos do mundo dá outra perspetiva sobre qual deve ser o comportamento de um lateral com e sem bola."
Depois da pandemia, travou conhecimento com o presidente do Amora, onde trabalhou antes de nova etapa marcante. "O que vivemos no Alverca foi realmente muito especial. Não só conseguimos a subida à 2.ª Divisão, como fomos campeões da Liga 3. Tornei-me o treinador mais jovem do futebol português a ganhar um campeonato nacional", recorda, salvaguardando: "Mas eu era apenas uma peça daquele projeto vitorioso. Tivemos uma direção que nos apoiou sempre, mesmo nos momentos difíceis. Foi um processo em que remodelámos também o plantel. Tivemos resultados negativos durante a época, mas mantivemo-nos todos unidos. Agora, tenho a sorte de viver uma situação idêntica no Casa Pia. Quando todos remam para o mesmo lado, o trabalho flui com naturalidade e enfrenta-se com maior sobriedade nos momentos de turbulência."
"Para que isto aconteça", ressalva, "é preciso que o clube conheça perfeitamente o treinador que contrata". "Eu e a minha equipa técnica fomos entrevistados pelo Casa Pia e apresentámos um dossiê completo sobre a nossa metodologia de trabalho. Não sei se é melhor ou pior que a dos outros treinadores, mas posso assegurar que é diferente. Implica uma grande análise de dados, treinos e jogos, análise individual de jogadores, detalhado à exaustão, para que percebam o que pretendemos."
"O Casa Pia está a fazer uma época acima das expectativas, mas o objetivo é o mesmo: evitar a descida. E os bons resultados desportivos também têm proporcionado ao clube oportunidades vantajosas para vender jogadores. E isso faz parte do futebol, o treinador tem que se adaptar e reinventar a equipa", defende, assumindo: "Tenho muitos sonhos para o futuro. Gostava de treinar na Premier League e ouvir o hino da Champions no relvado. Mas também não teria nenhum problema em voltar à Liga 3. Fui ali muito feliz."
"Para mim, é um orgulho ter chegado à 1.ª Divisão de Portugal aos 32 anos. Mas sinto que ainda estou no início da minha história como treinador, ainda é tudo muito novo. Não quero ter muitas expectativas ou criar muitas ilusões sobre se terei êxito ou não como trainador. Tenho consciência de que tudo pode mudar de um momento para o outro", começou por assumir.
"Esta perspetiva mais abrangente, digamos assim, intensificou-se em mim durante a pandemia. Estava com a seleção de Moçambique, como adjunto de Luís Gonçalves, quando contraí a Covid e sofri uma grave infeção cardíaca", recorda, antes de concretizar: "De repente, já não podia trabalhar. Aqueles meses, sem saber o que se ia passar, mudaram a minha visão do mundo. Apercebi-me de que o trabalho era o mais importante das coisas menos importantes da vida. Mas não me interpretem mal, sou apaixonado por aquilo que faço. Desde muito jovem que descobri em mim o desejo de ser treinador. E quando amas aquilo que fazes, a dedicação extrema é algo natural. Mas primeiro do que o trabalho, está a saúde. Antes do treinador, está a pessoa."
João Pereira recua, então, até à origem da sua paixão pela carreira de treinador. "Aos 17 anos, a minha grande referência como treinador era José Mourinho. Combinava a capacidade de liderança com um enorme talento para a parte estratégica do futebol. De resto, Mourinho é uma referência para todos os portugueses. A seguir ao êxito de Mourinho, o mercado de transferências para os treinadores portugueses tornou-se muito mais generoso."
O técnico do Casa Pia, agora com 33 anos, passou em revista a carreira, destacando algumas etapas. "Sinto-me privilegiado por ter tido a oportunidade de provar de várias fontes de conhecimento. Essa diversidade pode resumir-se na minha etapa no FC Porto. Foram seis anos no clube, desempenhando várias funções e aprendendo em cada uma delas: scout, analista de rendimento, treinador adjunto, de formação e analista da equipa B. Sem dúvida, o FC Porto foi uma escola na minha vida de treinador."
João Pereira deu ainda conta que um treinador também aprende com os jogadores. "Na altura, tive a oportunidade de treinar jogadores como Vitinha, Fábio Vieira, Fábio Silva e João Mário. Quando treinas jogadores desta qualidade, aprendes com eles. O mesmo se passou quando trabalhei com Reinildo, jogador do Atlético Madrid, na seleção de Moçambique. Ver treinar e jogar um dos melhores laterais esquerdos do mundo dá outra perspetiva sobre qual deve ser o comportamento de um lateral com e sem bola."
Depois da pandemia, travou conhecimento com o presidente do Amora, onde trabalhou antes de nova etapa marcante. "O que vivemos no Alverca foi realmente muito especial. Não só conseguimos a subida à 2.ª Divisão, como fomos campeões da Liga 3. Tornei-me o treinador mais jovem do futebol português a ganhar um campeonato nacional", recorda, salvaguardando: "Mas eu era apenas uma peça daquele projeto vitorioso. Tivemos uma direção que nos apoiou sempre, mesmo nos momentos difíceis. Foi um processo em que remodelámos também o plantel. Tivemos resultados negativos durante a época, mas mantivemo-nos todos unidos. Agora, tenho a sorte de viver uma situação idêntica no Casa Pia. Quando todos remam para o mesmo lado, o trabalho flui com naturalidade e enfrenta-se com maior sobriedade nos momentos de turbulência."
"Para que isto aconteça", ressalva, "é preciso que o clube conheça perfeitamente o treinador que contrata". "Eu e a minha equipa técnica fomos entrevistados pelo Casa Pia e apresentámos um dossiê completo sobre a nossa metodologia de trabalho. Não sei se é melhor ou pior que a dos outros treinadores, mas posso assegurar que é diferente. Implica uma grande análise de dados, treinos e jogos, análise individual de jogadores, detalhado à exaustão, para que percebam o que pretendemos."
"O Casa Pia está a fazer uma época acima das expectativas, mas o objetivo é o mesmo: evitar a descida. E os bons resultados desportivos também têm proporcionado ao clube oportunidades vantajosas para vender jogadores. E isso faz parte do futebol, o treinador tem que se adaptar e reinventar a equipa", defende, assumindo: "Tenho muitos sonhos para o futuro. Gostava de treinar na Premier League e ouvir o hino da Champions no relvado. Mas também não teria nenhum problema em voltar à Liga 3. Fui ali muito feliz."