É a hora de todas as decisões na Liga 3!

Depois de uma primeira fase disputada em duas séries, os quatro primeiros classificados da Série A e os quatro primeiros classificados da Série B 'juntam-se' agora num campeonato de 14 jornadas para discutirem o acesso à 2ª Liga.

Numa prática que já vem sendo comum, o zerozero entrevistou os treinadores/capitães dos clubes em questão, numa conversa na qual foi feito não só o rescaldo da fase regular da prova, mas também a antevisão da fase de subida.

Recentemente oficializado como treinador do Belenenses, isto depois de ter deixado o 1º de Dezembro, João Nuno falou das motivações que o levaram a aceitar o desafio no conjunto do Restelo.

Com a fase final da Liga 3 em antecâmara, o treinador, de 39 anos, abordou as aspirações do clube para as 14 jornadas do Apuramento de Campeão, sublinhando a responsabilidade de pensar na subida de divisão em virtude da dimensão do emblema.

Zerozero - Chegou há cerca de uma semana ao Belenenses, depois de um de um belo trajeto com o 1º de Dezembro. Que fatores o convenceram a esta mudança?

João Nuno - Um dos fatores principais foi o projeto do clube, um dos históricos de Portugal que já foi campeão nacional e já venceu Taças de Portugal... A ambição de voltar a pôr o Belenenses nos campeonatos profissionais e o projeto em si fizeram-me acreditar que seria um passo importante para a minha carreira. Estou muito grato a tudo o que foi o meu trabalho no 1º de Dezembro, mas há momentos na nossa vida em que precisamos que tomar decisões. O projeto que me apresentaram num clube com esta história convenceu-me a abraçá-lo e a lutar pelo objetivo de voltar a pôr o Belenenses na II Liga.

ZZ - É obrigatório pensar assim num clube como o Belenenses?

JN - O Belenenses, na Liga 3, tem de ser sempre considerado candidato. Sabemos que vamos ter outros sete clubes que também podem pensar da mesma forma. Vai ser um campeonato extremamente competitivo. É isso que esperamos, mas o que me convenceu mais foi mesmo a convicção de montar um grupo e uma equipa, sabendo que o tempo de trabalho vai ser mais curto em relação a alguns dos concorrentes. Mas acreditamos muito no que estamos a fazer. Temos condições para lutar por esse objetivo.

ZZ - Entre os oito clubes presentes nesta fase de subida, o Belenenses é o que tem maior historial. Esse aspeto aumenta a responsabilidade do grupo de trabalho nesta fase?

JN - É, sem dúvida alguma, o clube com mais história de todos estes que estão presentes, sem considerar o Sporting por ser equipa B. É o clube com mais história e mais responsabilidade e sentimos isso desde o primeiro dia. Quando cheguei ao Restelo, quando chegámos ao museu, quando conhecemos as instalações, sentimos essa responsabilidade. É uma responsabilidade boa. Gosto de ganhar, quero continuar a crescer na minha carreira e casámos os dois (clube e treinador) com a mesma ideia: ambos queremos subir, o que é perfeito. Foi isso que me fez aceitar..

ZZ - O Belenenses apresentou o segundo ataque menos concretizador das oito equipas que estão agora a disputar subida, sendo apenas ultrapassado pelo Amarante. É algo que o preocupa e que tem sido trabalhado antes desta primeira jornada?

JN - Preocupa-me essencialmente tudo. A forma como vamos defender, como vamos vamos atacar, mas, por aquilo que conheço e pela capacidade que os jogadores estão a mostrar no treino, acredito que vamos conseguir alterar isso. O campeonato vai começar todo do zero e a partir deste momento vai ser outra competição. Temos vários exemplos, até na época passada, de uma equipa que venceu a Liga 3 e que não terminou nos primeiros lugares [na fase regular]. Portanto, a partir de agora, queremos começar a criar outra ideia, nem melhor nem pior, mas diferente, totalmente diferente. Uma ideia que vai mais de acordo a um Belenenses com um processo, com outra outra coragem no campo, com outra personalidade e a jogar de outra forma e dentro do que são as minhas ideias.

ZZ - Sendo esta a segunda temporada a treinar na liga 3, que fator ou fatores interpreta como determinantes para que uma equipa se torne bem sucedida na prova?

JN - Vai ser claramente um novo campeonato. Não chega fazer um bom jogo ou dois bons jogos. Tivemos vários exemplos disso no passado. Temos de ser consistentes nas 14 finais que temos pela frente. É isso que vai marcar a diferença. Se equipa conseguir defender melhor, atacar melhor e ser mais consistente, vai estar mais perto da subida de divisão. Portanto, é preciso ter consistência porque o campeonato é muito competitivo, vão ser jogos muito divididos e muito semelhantes em tudo. A indefinição nos apurados mostra isso mesmo.

Encontrei um excelente clube de trabalho. Essa é o primeiro fator que me está a deixar satisfeito. Temos um excelente grupo de trabalho, muito unido. Nota-se claramente o mérito do meu colega [José Sousa] que esteve antes e acho que foi uma das forças do balneário.

Portanto, temos um grupo de trabalho muito motivado, muito preparado, já com vários jogadores que subiram de divisão, que já disputaram estas fases finais e sabem que a partir de agora vai ser um novo estímulo.