O médio João Graça, de 30 anos, assume o orgulho de ser o jogador mais antigo do plantel do Rio Ave, por força das cinco temporadas consecutivas ao serviço do emblema de Vila do Conde, e encara a profunda reestruturação que o grupo voltou a sofrer com naturalidade.

Perspetiva pragmática que o criativo considera ser transversal a toda a sociedade, embora tenha seja perentório a reconhecer que toda a disponibilidade de tanta juventude precisa de ser devidamente maturada.

"É mais uma revolução, mas também é uma coisa cada vez mais normal. No futebol e num mundo do trabalho cada vez mais global as nacionalidades cada vez contam menos. Estamos cá todos para o mesmo e o importante é que toda a gente chegue com o espírito certo para ajudar. Tem chegado qualidade e estou convicto que vamos construir um grupo forte e realizar uma boa época", comentou João Graça, sem contornar o seu peso no balneário: "Ser o jogador mais antigo do clube é um motivo de orgulho. O Rio Ave é um emblema que admiro e respeito muito e que vou representar da melhor forma enquanto cá estiver".

Já sobre o processo de entrosamento que a chegada de tantos jogadores novos acarreta, o médio reconheceu o preço da inexperiência a pagar, até pela forma como o Rio Ave permitiu os empates nos últimos minutos das três jornadas que disputou, mas salientou a dinâmica positiva como o principal pilar da nova época.

"O espírito é bom. Chegou malta muito nova, com muitos sonhos, mas também muita qualidade, pelo que ainda estamos num processo de integração, mas pelos jogos já disputados dá para constatar o nosso crescimento. Temos jogado bem, marcado golos, embora ainda seja necessário realizar algum trabalho em termos defensivos. Reconheço que a forma como aconteceram os empates frente ao Nacional, Arouca e Sp. Braga podem ser algo frustrantes na perspetiva dos adeptos, mas nós que já andamos aqui há muito tempo sabemos bem que o futebol é assim. Temos de aprender com os erros, corrigir e tentar que não se repita, até porque sabemos que também iremos ganhar pontos na reta final dos jogos", considerou João Graça, defendendo que "o Rio Ave tem tudo para fazer uma época à imagem da dimensão europeia que já apresentou".

"Kalimera" de Silaidopoulos

Para lá do técnico Sotiris Silaidopoulos e da sua respetiva equipa técnica, o plantel do Rio Ave ainda contempla espaço para meia dúzia de jogadores gregos. Nacionalidade com peso na dinâmica de grupo que João Graça assumiu ter impacto no quotidiano, embora garanta que "a linguagem do futebol é universal".

"Se falar com o Clayton ou com o André tenho de falar em português, mas se falar com os gregos, como não sei falar grego, tenho de falar inglês, mas a linguagem do futebol é clara e entendemo-nos bem. Quando estamos dentro do campo não há línguas e nós, que jogamos há muito tempo, estamos habituados", referiu João Graça, que confidenciou já saber alguns termos em grego, mas também apenas avançou com o termo de boas-vindas que o técnico Sotiris Silaidopoulos brinda o plantel todas as manhãs: "Já sei algumas palavras em grego, mas não as vou partilhar porque não sei quais são os palavrões ou não, até pelo contexto em voz alta em que são proferidas no balneário, mas posso dizer Kalimera porque sobre esse termo estou seguro o que quer dizer".

Relativamente aos métodos de trabalho e à personalidade de Sotiris Silaidopoulos, João Graça foi perentório a avançar que "a mensagem está a passar e o plantel está com o treinador": "Temos um treinador muito apaixonado pelo jogo, que sabe muito bem o que quer e que procura ter boa relação individual com todos os jogadores".