
— O que significa a conquista do tricampeonato nacional por parte dos iniciados do Benfica, quer para o João como para o clube?
— Quero enquadrar primeiro que cada ano passa pelos encarregados desse escalão uma geração nova, neste caso a de 2010 é que foi campeã. Porque quem esteve envolvido não é tricampeão, o clube sim é, e é o que passa para fora, no entanto há que ter cuidado com isso, num âmbito muito mais interno, para contextualizar e fazer baixar à terra os rapazes e toda a gente que trabalha. E o campeonato é extensível aos 38 miúdos que jogaram e a um staff bem largo. Foi um trabalho muito longo, exaustivo primeiro de tudo para eles, porque a época é bastante longa, desde o primeiro até ao último treino foram 11 meses, e para jovens de 14 anos é muito, muito longo. Pelo meio com exames, eles estão no nono ano, estágio de torneio de seleção, alguns deles privados de ver a família de forma tão recorrente, porque metade deles são residentes e essa privação de estar com a família também afeta bastante, como devemos imaginar.
— Como se gere a utilização de 38 jogadores ao longo de uma época?
— Nos sub-15 disputamos o Campeonato Nacional de Sub-15 e o Campeonato Distrital Sub-16 da Associação de Futebol de Lisboa. Isto permite-nos que, treinando todos juntos ao longo da semana, a cada fim de semana nós selecionarmos qual é o estímulo adequado dos dois campeonatos a cada um dos miúdos. Ora com um plantel de 25, 26 jogadores, com apenas um jogo, alguns miúdos não tinham estímulo competitivo e agora conseguimos garantir que todos têm. Isto faz com que consigamos respeitar os períodos de aprendizagem dos vários rapazes, estipular períodos distintos ao longo da mesma época, para que no final de contas, associado ao processo de treino, todos consigam evoluir de forma significativa.
— Claro que os jogadores aprendem muito com o treinador, mas o que é que o treinador aprende com os seus jogadores?
— Com 38 miúdos de 14 anos… de diferentes zonas geográficas, culturas bem distintas, diferentes tipos de interesse e de relacionamentos, isto por si só já é uma base grande. Tive a sorte de o clube me ter proporcionado experiências enquanto adjunto sub-16, adjunto sub-17, adjunto sub-19, treinador principal de sub-16 durante um curto período pós-pandemia, treinador principal de sub-15 da segunda equipa e agora treinador principal. Isto, com uma mesma geração já me permitiria ter uma abrangência de relações muito, muito rica. Com diferentes gerações, então, ainda mais.
— Ao longos dos oito anos que já tem de Benfica, quais foram as maiores evoluções da Academia?
— A primeira e mais evidente foi em termos de infraestruturas. Eu tive, não sei se a sorte ou se o azar, mas é um facto, na época em que eu entrei foi a época em que começaram as obras de ampliação do Benfica Campus, com a criação de mais três campos relevados. Um segundo ponto foi o crescimento em termos de recursos humanos, tanto para o futebol em geral como para o futebol de formação, para a especialização de diversos departamentos que estão associados aos staffs de cada escalão.