O Marítimo está a viver um bom momento em termos exibicionais e pontuais, já não conhecendo o sabor da derrota há sete jornadas. Quanto ao sonho de chegar ao lugar do playoff, esse também não passa mesmo de um sonho quase impossível. O técnico Ivo Vieira está consciente de que a meta da subida à principal Liga está fora dos horizontes e quer terminar a temporada com dignidade pontual e obtendo a melhor classificação possível, subindo alguns lugares na tabela, uma vez que, atualmente, ocupa o 11º posto com 40 pontos.

"Todos nós sonhamos e ninguém está privado mesmo. Obviamente que nós somos conscientes e equilibrados e percebemos que é uma missão quase impossível. Teríamos de vencer os jogos todos e a equipa que está mais próxima, com 51 pontos, teria de perder todos os jogos e acho que isso não vai acontecer. Já não é um sonho que seja alimentado no dia a dia, mas sonhamos a cada dia a ser melhores e mais competitivos e a terminar a época com dignidade e respeitando a instituição. É sempre melhor acabar com uma fase boa nesta sequência para podermos dar alguma satisfação aos que lutam e puxam por nós e que apostaram nestes atletas e treinador e globalmente na estrutura, para acabar de uma forma digna, tentando chegar o mais acima possível na tabela classificativa e trazendo mais competitividade ao nosso jogo e valorizando também os atletas", começou por admitir o líder dos madeirenses. Quando questionado sobre se a sua chegada ao clube tivesse acontecido mais cedo, poderia ter outro resultado em termos classificativos: "Poderia ser uma possibilidade se eu tivesse chegado mais cedo ou até poderia ser pior. É uma questão que podemos deixar ficar no ar, mas até eu poderia ter sofrido as mesmas consequências que os outros treinadores passaram. Não gosto de viver do 'se', porque temos de viver com aquilo que é a realidade. Quando cheguei ao Marítimo também tinha - e admito - a expectativa em fazer melhor do que fiz até agora. Tentei, esforcei-me e lutei por isso, mas as coisas não aconteceram. Se somarmos a média que temos feito, provavelmente, poderia haver essa aspiração. Não há certezas, mas sim, a realidade do que aconteceu no passado, depois da minha chegada e daquilo que é o meu trabalho e não vivo a pensar que se tivesse vindo antes que as coisas teriam sido diferentes, pois tinha essa esperança quando cheguei ao clube e podia fazer melhor do que aquilo que fiz".

No quadro atual, o treinador maritimista foi claro quanto à meta para o termo da época. "O sonho hoje em dia é fazer melhor do que aquilo que é o atual estado pontual e na tabela classificativa, tentando chegar um pouco mais acima, tentando lutar para somar pontos nestes quatro jogos que faltam. O objetivo da subida não faz sentido, pois é igual a estarmos a olhar para as equipas que estão abaixo de nós na classificação e dizer que matematicamente ainda podemos cair num lugar que não desejamos. Será quase impossível nós termos quatro desaires e a equipa que está logo a seguir e em posição de playoff ganhar os seus quatro jogos, e ainda tem mais duas ou três equipas que também teriam de vencer os seus jogos. É uma realidade que já não vale a pena sonhar, pois neste momento, o que queremos é fazer melhor, dar dignidade ao nosso trabalho, sermos mais competitivos, dar dignidade e valorizar jogadores, respeitando aqueles que nos apoiam e apostaram em nós, fazendo algo mais pelo clube", disse o líder maritimista, de 49 anos, e que está na segunda passagem pelo emblema da Almirante Reis.

«Torreense tem jogadores de qualidade»

No sábado, os verde-rubros deslocam-se ao reduto do Torreense, que na primeira volta venceu (3-0), no Caldeirão dos Barreiros. Ivo Vieira está consciente das dificuldades que a sua equipa terá de enfrentar: "É um adversário extremamente difícil e julgo que, exceto as equipas B, é o plantel mais jovem da 2ª liga, tendo uma irreverência enorme, com jogadores de qualidade e provavelmente se no início seria uma equipa para fazer um campeonato estável, pela sua qualidade, está numa boa posição e a uma distância não tão grande dos lugares do mínimo de playoff. Vai ser um encontro complicado, pois jogam com três centrais, metem muita gente na frente a procurar profundidade. Vão criar-nos imensas dificuldades naquilo que é o jogo, mas vamos à luta, estamos motivados pela boa sequência que temos vindo a ter e também pelo o que acreditamos. Eu, como treinador, quero algo mais e crescer também naquilo que é o desafio e o meu compromisso, tenho de olhar para estes jogos, como que sejam desafiantes e que nos podem acrescentar, perante adversários que estão melhores posicionados em termos de pontos e tabela classificativa, o que nos coloca numa realidade motivante, sabendo que vai ser um jogo extremamente difícil".

«O meu foco é acabar a época o melhor possível no Marítimo»

Por outro lado, não abriu o jogo quanto à possibilidade de continuar à frente dos destinos da equipa na próxima temporada. "O meu foco é acabar a época o melhor possível no Marítimo. Já vos disse no passado e vocês por vezes tratam a informação como bem querem, como é mais aliciante. Eu respeito isso, mas estou bem consciente e quando falo convosco é de forma sincera e verdadeira. Quando digo que neste momento não estou a pensar em sair ou ficar, é uma verdade. Estamos a conversar, ver aquilo que são as condições e vamos conversar sobre o futuro. Quando estiverem reunidas as condições para poder tomar uma decisão, vou fazê-lo. Neste momento não posso adiantar mais nada e estou concentrado naquilo que são os últimos quatro jogos para podermos somar o máximo de pontos possíveis", revelou.

Depois, Ivo Vieira admitiu não conseguir encontrar explicação para o menor rendimento nos Barreiros. "O Marítimo no passado sempre foi fortíssimo em casa, no chamado Caldeirão e, de repente, inverteram-se os papéis e é difícil encontrar uma explicação para o mesmo. A nossa massa associativa está sempre presente em apoio à equipa. É óbvio que quando os resultados não aparecem, pode haver alguma insatisfação, o que é normal, pois se houvesse bons resultados, haveria também uma satisfação muito grande. Nós não conseguimos conviver com esse momento, apesar de ter tentado trabalhar essa situação. Não perdemos muitos jogos em casa, empatámos outros. Não foi muito mal, mas também não foi perfeito, nem foi perante aquilo que é a história do Marítimo. Provavelmente também tenho grande responsabilidade ao não conseguir inverter essa situação que já vinha do passado, tendo havido alguma continuidade em termos de resultados. É continuar a trabalhar, pois não há uma explicação para isso, pois se houvesse, dizia sem qualquer problema", afirmou.

Com a época a terminar, Ivo Vieira admite dar algumas oportunidades a jogadores menos utilizados, mas sem grande mexidas na equipa que por norma jogará. "Poderá haver alguma alteração, mas sem muitas mexidas, pois este ainda é um jogo para procurarmos ter alguma consistência contra um adversário difícil e tentar amealhar pontos. Dar oportunidades não é destoar naquilo que são os nossos objetivos. Muitas vezes o enquadramento ideal para que os atletas possam ter a sua oportunidade é nestas fases positivas da equipa, mas acho que ainda temos de manter o foco naquilo que é o objetivo de somar pontos. Provavelmente, a partir do próximo jogo, também seria injusto não dar algumas oportunidades a alguns atletas, que ainda não tive essa possibilidade, por minha responsabilidade e não deles, pois trabalham arduamente para ter essa oportunidade e vivenciar isso em jogo. Não posso já fazer isso, pois seria uma falta de respeito para com a instituição e o próprio grupo de trabalho, estar a alterar por alterar, por haver jogadores que não jogaram tanto. Vai haver pontualmente a mudança de dois ou três atletas, para que também possam ter a sua oportunidade e também para saber o que se pode contar em termos de equipa com esses jogadores", finalizou.