Em entrevista à RTP, quando questionado sobre o que trouxe Rui Borges à equipa assim que assumiu o comando em dezembro do ano passado, Morten Hjulmand descreveu o efeito do técnico numa palavra: "Calma."

Já no aspeto tático, explica o que pode ter corrido mal numa primeira fase. "Chegou, outra vez um sistema novo, o 4x4x2... Talvez um pouco mais orientado para defender à zona, não tanto homem a homem. Não tivemos treinos... E ele também tentou implementar as suas ideias. O que trouxe? Acho que o que o Rui trouxe foi calma à equipa. É uma pessoa muito calma, dá para sentir isso. Apesar de estarmos sob pressão no Sporting. Estava tranquilo e transmitiu isso aos jogadores num período difícil, onde perdemos muitos jogos e estávamos no 2.º lugar. Foi uma grande ajuda para nós, até porque precisámos de jogar contra o Benfica e tínhamos de ganhar esse jogo. Continuou com essa calma nos jogos seguintes. Acho que não foi uma questão de mentalidade. Foi um período em que não estivemos bem e isso pode acontecer. Também aconteceu no Man. City, no mesmo período. Quatro campeonatos seguidos e agora só perdiam? Não sei qual é a explicação...".

Antes de Rui Borges, o Sporting teve a passagem de João Pereira pelo comando, que acabou por resultar num falhanço. Com espírito crítico apurado, o médio diz que os jogadores também devem assumir quota-parte da responsabilidade: "Tinha muito boas ideias, como Amorim. Um sistema muito parecido, com o qual joga agora na Turquia no seu novo clube. Tivemos um treinador que fez sempre as mesmas coisas diariamente durante cinco ou seis anos, tinha a sua própria ideia e havia uma rotina. O João chegou e tivemos de nos adaptar às suas ideias. O sistema era o mesmo mas houve mudanças de posições, o que é normal, era a sua ideia, mas ele e a equipa não tiveram sucesso. É difícil explicar, já vi acontecer noutros grandes clubes. Acho que os jogadores também têm de assumir responsabilidade. Temos de jogar como o treinador diz e também ter rendimento. O João também perdeu alguns jogadores chave quando chegou, como Nuno Santos, Pote ou Bragança. Isso também pode ser uma explicação. Ainda é difícil para mim explicar o que correu mal."

Por fim, Hjulmand admitiu que não esperava ficar com a braçadeira tão cedo. "Quando assinei não esperava ser capitão ao final de um ano, mas penso que a anterior equipa técnica viu algumas capacidades em mim. Que tipo de capacidades? Se calhar sou alguém muito concentrado no treino, mais do que outros jogadores (risos). Não tenho medo de falar no treino ou fora dele, no bom sentido. Tomaram essa decisão após o nosso grande capitão [Coates] sair", analisou o médio, lembrando que esta época houve várias condicionantes: "Falei sobre isso após o último jogo. Há circunstâncias fora do campo que por vezes podem acontecer e difíceis de gerir, especialmente quando se muda de treinador e diretor desportivo. Nesse sentido, foi mais difícil do que a anterior. Dito isto, quatro jogadores chave deixaram a equipa: Seba, Adán, Neto e Paulinho, com grande impacto no grupo."