Gabriel Silva, treinador de futebol de 32 anos. Trabalhou na formação do Sporting de Braga, foi adjunto de Jorge Simão no Boavista e no Al-Fayha e foi adjunto de Nuno Manta Santos no Desportivo das Aves, Torreense e Trofense. É cronista convidado do Bola na Rede.

A campanha do Sporting na Champions League, com Ruben Amorim, foi praticamente imaculada. Excelentes resultados como a vitória sobre o Manchester City, exibições de grande nível e uma química entre adeptos e equipa. Além disso, de destacar as excelentes prestações e valorização de jogadores como Gyokeres, Trincão e Quenda. Com a chegada de João Pereira, o Sporting teve o primeiro e significativo desaire frente ao Arsenal (derrota por 5-1 em casa) agravado por maus resultados no campeonato e consequente desconfiança dos adeptos na equipa e no treinador.

Apesar de ter melhorado em termos exibicionais contra o Club Brugge onde apresentou algumas nuances estratégicas no sistema para efetuar uma pressão mais alta – passagem para 1-4-4-2 nessa pressão alta, o Sporting teve dificuldades em manter a agressividade defensiva e acabou por claudicar perto do fim. Em todo o caso, RB Leipzig e Bologna são adversários teoricamente de nível inferior ao campeão nacional e por isso, com maior ou menor dificuldade espera-se uma passagem à próxima fase da competição.

Já o Benfica tem feito uma boa Champions League, ainda que com alguns percalços, tendo em consideração o nível dos adversários que defrontou. Até ao mais recente jogo, com exceção da derrota em casa frente ao Feyenord os encarnados mantiveram o bom nível nas vitórias sobre Estrela Vermelha, Atlético de Madrid (com goleada) e Mónaco. A contestada derrota em casa do Bayern pesou mais pela abordagem estratégica do treinador do Benfica. Nesse jogo, os encarnados optaram por privilegiar a organização defensiva num bloco baixo e compacto de forma a conceder poucas oportunidades, mas foram incapazes de ter a qualidade necessária nos momentos de organização ofensiva para ferir o gigante alemão nas transições ofensivas.

A abordagem não resultou e feriu aquilo que é a cultura de uma equipa grande que maioritariamente assume o jogo com bola e pressiona em zonas avançadas do campo. Já no último encontro, com o Bologna em casa, o Benfica teve dificuldades em impor o seu jogo perante uma equipa muito dotada fisicamente para o momento de transição ofensiva e bola parada e o empate acabou por se ajustar ao desempenho. Contudo, na minha opinião, a campanha tem sido francamente positiva, mas será difícil posicionar-se nos oito primeiros lugares devido ao grau de dificuldade dos dois últimos adversários, Barcelona e Juventus.