Portugal vai fazer-se representar por cinco nadadores nos Europeus de natação artística no Funchal, de segunda a quinta-feira, com "muita expectativa" e um novo ciclo, entre alguns dos melhores do mundo em várias provas do programa olímpico.

"Esta participação portuguesa que aqui vem ao Funchal assume um início, um novo começo. O Funchal marca este novo início, numa modalidade que é espetacular, muito difícil, que requer preparação enorme, e alia dança à natação. Sendo olímpica, é a primeira vez que a federação organiza um campeonato absoluto ao mais alto nível", diz à Lusa o presidente da Federação Portuguesa de Natação (FPN), Miguel Arrobas.

O dirigente federativo resume o sentimento em torno de um campeonato que vai atrair alguns dos melhores e que, por Portugal, contará com Filipa Faria e Daniel Ascenso, quintos na prova livre nos últimos Europeus, em 2024, pouco antes de Paris2024, Jogos Olímpicos a que Maria Beatriz Gonçalves e Cheila Vieira não foram por "muito, muito pouco".

Com Vieira "para já" afastada da competição, Maria Beatriz Gonçalves foi operada a uma lesão grave e estava convocada, mas como suplente no dueto misto, tendo a situação evoluído favoravelmente para que a jovem do GesLoures, metade de uma dupla histórica para a modalidade, possa competir na prova de técnico, com Ascenso.

"Está recuperada da lesão, do processo pós-cirúrgico, e apresenta-se aqui, o que nos dá uma alegria imensa. Atrevo-me a dizer que a Beatriz faz parte de um dueto que atingiu um patamar que nenhum outro atingiu antes", considera Arrobas.

No dueto absoluto, as jovens do Fluvial Portuense Inês Dubini e Anna Luiza Carvalho, esta última convocada também este ano para o Europeu de juniores, vão representar Portugal, uma estreia a nível sénior que a diretora técnica nacional, Susana Matoso, defende como sendo natural dada a evolução das nadadoras.

"Ainda têm muito para evoluir, mas têm feito bom trabalho de base no clube, e estão preparadas para enfrentar o escalão em que vão competir. Sendo este um ano de recomeço, temos boas perspetivas. Temos nadadoras com qualidade para podermos apostar nelas para este ciclo olímpico", nota a dirigente.

Matoso defende, de resto, que o objetivo no caso do dueto misto seria "manter ou melhorar" o quinto lugar no livre, um resultado histórico logrado por Ascenso e Faria em 2024, e "qualquer marca será uma superação" dada a estreia no técnico.

"Portugal ainda tem um longo percurso pela frente, nunca conseguimos o apuramento olímpico. Termos noção de que há muito para crescer, mas temos mostrado que há pessoas com qualidade, atletas e treinadoras, e queremos dar uma boa imagem", acrescenta.

No primeiro dia, na segunda-feira, Portugal entra em ação nas competições de técnico, com dueto misto e dueto absoluto, seguindo-se, dois dias depois, o livre.

O objetivo, segundo Matoso e Miguel Arrobas, é vincar o "novo ciclo" na natação artística portuguesa, com este leque de nadadores que vão competir no Europeu para solidificar o nível de participações internacionais a caminho desse inédito apuramento olímpico.

No Complexo Olímpico de Piscinas do Funchal, a palavra de ordem é "prometedor", adjetivo que o presidente da FPN usa para descrever o arranque do "sonho" de Los Angeles2028, também passível de se aplicar à organização de um campeonato desta envergadura.

"Temos aqui já atletas destacadíssimos, com história na natação europeia e mundial, que nos habituaram ao mais alto nível. Tentaremos responder com a melhor organização possível, a melhor piscina possível", descreve.

Aludindo ao apoio de várias entidades, do Governo Regional da Madeira à Câmara do Funchal e outras entidades, públicas e privadas, o dirigente espera uma estrutura federativa preparada, uma "aposta" que será posta à prova.

"Em termos de retorno para a região autónoma e o Funchal, é muito grande. Temos mais de 200 atletas envolvidos nas duas competições [contando com a Taça COMEN, para o escalão juvenil], entre as quais a seleção nacional, o que traz um retorno muito significativo", nota.

Em prova estará a Itália, maior seleção em termos de convocados, e nomes como Íris Tiocasas, destaque da poderosa seleção espanhola, a mais forte nas últimas três edições, as trigémeas Anna-Maria, Eirini e Vasiliki Alexandri, da Áustria, várias vezes campeãs da Europa, a jovem estrela masculina britânica Ranjuo Tomblin, de 19 anos, e o pioneiro da artística masculina espanhola Dennis González.

As Piscinas da Penteada recebem, assim, mais de 130 nadadores, de 21 países diferentes, a que se junta mais cerca de uma centena na Taça COMEN, uma competição destinada sobretudo a países do Mediterrâneo, para o escalão juvenil, elevando para 26 as nações a competir no Funchal, e para mais de 200 os nadadores.

Esta edição, de resto, é histórica no contexto da natação europeia, uma vez que os Europeus se separaram de outras disciplinas do mundo aquático, agora como campeonatos e não como a antecessora Taça da Europa, sendo também a primeira vez que se sobrepõe o campeonato à Taça COMEN.