
Oscar Vilda, CEO de DAZN para Portugal e Espanha, contou numa entrevista ao jornal 'Marca' que a plataforma de streaming espera ter "entre 250 e 300 milhões" de pessoas, em simultâneo, a ver jogos do Mundial de Clubes, que arranca já dia 14 deste mês, nos Estados Unidos. E explicou por que, depois de um investimento de 1.000 milhões de dólares para garantir os direitos da prova, a plataforma decidiu transmitir os jogos gratuitamente.
"A decisão que tomámos em Espanha, em Portugal e em outros países é que os jogos serão transmitidos na plataforma DAZN e as pessoas terão a hipótese de os ver exatamente como nós os transmitimos, com todo o conteúdo adicional. A complexidade técnica é enorme porque estamos a oferecer isto a todo o mundo... Já testámos isto na nossa plataforma, normalmente nunca temos mais de 200 milhões de pessoas ligadas e a nossa expectativa é que possa haver entre 250 e 300 milhões em simultâneo, porque haverá muito mais pessoas a ver o Mundial. Quando testámos, a plataforma suportou o tráfego de mais de 250 milhões de pessoas conectadas", explicou aquele responsável ao jornal espanhol.
E depois detalhou algumas das complexidades da empreitada. "Escolhemos 14 idiomas para transmitir os jogos. Isto significa personalizações completamente diferentes. Mesmo em inglês, fazemo-lo em inglês americano e em inglês para o resto do mundo. Também com o espanhol, para a América Latina. São 14 línguas com muitos comentadores ao vivo. Vamos oferecer todos os jogos em direto e todos terão duas versões: a versão premium e a versão normal. A versão premium oferece vantagens técnicas e, se tiver uma TV 4K, o aspeto é melhor. Mas estamos a adicionar comentadores de diferentes nacionalidades a tudo isto. Em suma, estima-se que 250 milhões de pessoas assistirão a 63 jogos em 14 línguas diferentes para acompanhar as 32 equipas com cobertura personalizada. É uma loucura fazer isto sem que o sinal caia, sem ofender ninguém e para que uma cobertura de qualidade chegue a todos."
Parece estranho oferece tudo gratuitamente, depois de um investimento tão alto, mas Oscar Vilda explica que a DAZN está a pensar no futuro, ou seja, nas pessoas que depois do Mundial se tornarão assinantes da plataforma. Isto além dos sublicenciamentos... "Se me perguntarem 'até 14 de julho, quando terminar o Mundial de Clubes, a DAZN terá lucrado com o Mundial?' A resposta é não, mas estamos a pensar mais à frente. Para rentabilizar este investimento há uma primeira via, que é o licenciamento. Ou seja, nem todos os canais de TV do mundo tiveram acesso a este conteúdo e estão a tentar sublicenciá-lo. Dependendo do país, licenciamos de uma forma ou de outra. Eu administro dois países, e num, foi seguido um modelo, enquanto noutro, seguimos outro. Em Espanha temos uma única sublicença, a da Mediaset, que nos paga. Esta é uma forma de rentabilizar o conteúdo. Podíamos ter revendido tudo em cada país, porque os nossos direitos são exclusivos."
E prossegue: "Em Portugal não licenciámos nada, pois queremos tê-lo como conteúdo exclusivo para promover a plataforma. Isso rendeu-nos alguma receita. A juntar a esta vem a receita pura de publicidade dentro da plataforma. O total é a soma de todas as sublicenças, publicidade e o valor total de qualquer pessoa que diga 'vou assinar um pacote de futebol da DAZN no futuro, mesmo que o Mundial de Clubes seja gratuito'. Lançámos uma oferta louca [n.d.r apenas em Espanha] ligada ao Mundial de Clubes que pode manter durante toda a época de futebol: por 9,99 euros, pode ver todo o conteúdo de futebol da DAZN ao longo do ano, não apenas ao Mundial de Clubes: a Bundesliga, a Premier League, a Serie A, todos os seis jogos da LaLiga, além de outros conteúdos de futebol que teremos e que não posso revelar agora porque ainda não foram assinados. E tudo isto por 9,99 euros, quando, se olhar para outras ofertas, custam 19,99 euros. E se for às operadoras de telecomunicações (...) fica mais de 100 euros."