A 3 de abril, o congresso da UEFA, reunido em Belgrado, elegerá, entre 11 candidatos, os sete que passarão a ter assento no Comité Executivo da entidade máxima do futebol europeu. A disputa por um mandato de quatro anos tem em Pedro Proença, presidente da Federação Portuguesa de Futebol há pouco mais de um mês, um dos concorrentes.

Ora, pouco antes da reunião magna da UEFA, Proença decidiu anunciar, publicamente, o apoio do seu antecessor na liderança da FPF. "Estamos muito satisfeitos com o apoio do Dr. Fernando Gomes", disse o ex-árbitro à margem de uma cerimónia na Associação de Futebol do Porto. Anteriormente, numa carta enviada às 55 federações-membro da UEFA, Proença já sublinhara o apoio do homem que esteve à frente da federação de futebol entre 2011 e 2024: "Depois de ter apoiado a candidatura do Sr. Fernando Gomes ao Comité Olímpico de Portugal, é com o maior prazer que recebo o apoio total do Sr. Fernando Gomes à minha candidatura ao Comité Executivo da UEFA", escreveu o presidente da FPF.

No entanto, o homem que Proença diz que o apoia nega esse apoio. Em declarações realizadas ao "Maisfutebol", Fernando Gomes diz que viu "com surpresa" as afirmações do seu sucessor. "Não declarei nem tenciono intervir no processo eleitoral, como é do do conhecimento do presidente da FPF. O meu percurso no futebol terminou. A minha vida é o COP", garante o dirigente, eleito a 19 de março.

Além de presidir à FPF durante 13 anos, Fernando Gomes teve também um destacado percurso no futebol internacional. Foi membro do Comité Executivo da UEFA, vice-presidente da mesma organização e membro do Conselho da FIFA.

A ideia de um mal-estar entre os presidentes do COP e da FPF já vinha a ser noticiada nos últimos dias. Chamou a atenção que, na sexta-feira, na cerimónia em que foi oficialmente inaugurada uma rua com o nome de Fernando Gomes junto à Cidade do Futebol, Pedro Proença não tivesse marcado presença, apesar da homenagem decorrer a escassos metros do local onde trabalha.

A rotura fica, agora, mais clara. Numa carta redigida às federações-membro da UEFA, e que é publicada por órgãos como "ABola", "Record" ou "Maisfutebol", Fernando Gomes reitera a "surpresa" ao "tomar conhecimento" da carta enviada por Proença, assegurando que o seu nome é "mencionado sem consentimento prévio ou mesmo informação". "Hoje percebo que não partilhamos uma visão comum para o futebol e o desporto", realça o portuense.

"Pedro Proença escolheu o caminho da destruição do legado que eu e a minha equipa construímos ao longo de 13 anos, através de decisões e insinuações públicas que visam atacar o nosso bom nome e que, como se verá, são completamente infundadas", garante Fernando Gomes. Na sequência das buscas no âmbito da operação Mais-Valia, Pedro Proença decidiu alargar ao período entre 2016 e 2020, o segundo mandato de Fernando Gomes na FPF, uma auditoria que já decorria, relativa aos anos entre 2020 e 2024.

Ao começo da tarde de domingo, a FPF anunciou uma reunião de emergência para "análise e avaliação" do que, diz a FPF, são "gravíssimas insinuações". O clima de tensão entre ambos os protagonistas promete prosseguir em breve. Ambos estarão em Belgrado, a 3 de abril, para o 49.º congresso da UEFA.