
Outrora uma promessa da NBA, Jabari Parker, agora com 30 anos, é jogador do Barcelona, depois de uma carreira marcada por lesões e uma infância complicada num bairro problemático de Chicago.
Em entrevista aos meios do clube catalão, o norte-americano lembrou o calvário que passou até chegar à Catalunha.
«Rasguei o ligamento cruzanto anterior duas vezes, com duas reparações do menisco. Nem sequer devia andar normalmente, mas estou a jogar a um nível elevado», disse o extremo, que foi um dos melhores jogadores do liceu da sua geração e foi a segunda escolha no draft de 2014, pelos Bucks.
No entanto, na primeira temporada em Milwaukee, ele jogou apenas 25 jogos antes de romper o ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo. Na terceira época, quando estava no seu melhor, com uma média de 20,1 pontos, voltou a sofrer a mesma lesão.
Antes de assinar com o clube catalão, o seu último jogo na NBA tinha sido a 2 de janeiro de 2022 e, enquanto treinava sozinho no Havaí, pensou que não iria voltar ao basquetebol profissional. «Partia do princípio de que não jogaria por nenhuma equipa. Não atendia as chamadas do meu agente e ele veio ver-me. Disse-me: 'Conheço-te desde miúdo e tens de continuar a jogar. Depois o meu agente na Europa ligou-me e perguntou-me se eu podia estar em Barcelona no dia seguinte», e assim foi. Viajou 14 horas de avião, fez testes com a equipa blaugrana e assinou contrato.
Abençoado
Apesar do percurso repleto de obstáculos, o facto de ainda jogar ao mais alto nível é uma razão suficientemente grande para Parker se sentir abençoado. «Quantas pessoas estão a jogar basquetebol ao mais alto nível depois das lesões que tive? Não me foi garantido que pudesse andar normalmente e, por vezes, esqueço-me disso porque posso fazer as mesmas coisas que fazia sem lesões. Sinto-me com sorte», disse.
O jogador também se sente grato por ter conseguido deixar o ambiente conturbado em que cresceu em Chicago: «Tudo podia acontecer: lutas, pessoas a vender qualquer coisa, tiroteios.... As pessoas morriam à frente da minha casa.»
«As pessoas dizem que sou uma história trágica. O que é que eu tenho de trágico? Ganhei milhões de dólares, alimentei a minha família e tirei-a do gueto», afirmou.
«A única camisola que vou guardar é a do Barça»
Antes de as lesões se intrometerem, Parker ambicionava ser uma referência na NBA, mas não pensa no que poderia ter sido e não foi.
«Realizei o meu sonho. Isso é tudo o que importa para mim. Teria sido bom ser uma das maiores estrelas da história da NBA, mas nada é garantido. Podia ter deixado o basquetebol aos 14 anos e agora, aos 30, continuo a praticar o desporto que adoro, a jogar na Euroliga, numa cidade e num clube espectaculares», conclui o avançado, que confessa que nunca guardou troféus em casa, mas «a única camisola que vou guardar sempre é a do Barça».